O nadador Andrey Garbe, de 26 anos, se prepara para buscar o bicampeonato dos 100m costas (classe S9) nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, que começam no dia 17 de dezembro. Ouro em Lima (Peru), sede da edição anterior do evento, o paratleta divide a carreira no esporte com a de influenciador. Devido a uma meningite bacteriana, ele teve a perna direita amputada com apenas um ano e meio de vida. Nas redes sociais, Andrey trata o assunto com leveza e bom-humor, e seus vídeos engraçados levam milhares de usuários aos seus perfis.
No Instagram, o nadador conta com cerca de 570 mil seguidores. No TikTok, são 750 mil. Nos vídeos, Andrey brinca com a própria limitação, mas também toma cuidado para que o conteúdo não tenha um viés capacitista, como explicou em entrevista ao Lance!.
– Sempre fui bem-humorado. Por ter perdido a perna quando criança, isso nunca foi um tabu para mim. Assim que eu decidi começar a gravar, tudo fluiu normalmente. Tento trazer o humor de forma leve para que a deficiência se torne algo natural e comum na sociedade, para que o deficiente seja incluído e até mesmo possa se encontrar em meio às brincadeiras como qualquer outra pessoa. Sei que existe uma linha muito tênue entre esse tipo de humor e o capacitismo, tento ao máximo expressar que rir comigo não é rir de mim ou de outro deficiente – explicou.
O paratleta se esforça para conciliar os treinos com a produção de conteúdos para a internet, uma vez que considera as duas coisas fundamentais. No Parapan de Santiago, não será diferente. O brasileiro compete em apenas uma prova e pretende continuar postando durante a sua estadia no Chile.
– Os treinos são bem puxados, porém eu tento conciliar ao máximo, porque eu me apaixonei pelo humor e é uma forma que eu tenho de espairecer fazendo os vídeos – disse.
A carreira como influenciador se tornou importante para Andrey por vários aspectos, inclusive financeiros. Atualmente, o trabalho na internet é mais lucrativo do que os resultados no esporte. No entanto, o nadador trata o assunto com cautela, pois não sabe se a internet continuará sendo uma fonte de renda importante nos próximos anos.
A fama nas redes sociais faz com que mais pessoas queiram acompanhar os feitos de Andrey. Na visão do paratleta, o interesse da população brasileira pelo esporte paralímpico cresceu bastante desde 2016, quando o Rio de Janeiro sediou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, mas ainda pode aumentar.
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Na internet, outras pessoas com deficiência se conectam ao nadador para acompanhar os seus vídeos. Apesar de também receber críticas, Andrey acredita que, no geral, o seu conteúdo é recebido de forma positiva pela comunidade.
– Pelos feedbacks que eu recebo, sim. Muitos deficientes amam meu conteúdo, mas nunca temos como agradar a todos. Também já recebi mensagens de pessoas que não gostam, e eu respeito a opinião delas – concluiu.
Com o apoio dos seguidores e admiradores, Andrey Garbe compete no Parapan a partir do dia 17 de novembro. O brasileiro busca a segunda medalha de ouro consecutiva e se preparar para chegar forte também aos Jogos Paralímpicos de 2024.