Eu estava lá: a solução doméstica de um dos pesadelos gregos das Olimpíadas de 2004
Famílias atenienses viajaram de férias, às custas do Governo
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Há 95 dias dos Jogos de Paris, o Comitê Organizador começa a pensar em plano B para contornar possíveis problemas de segurança. Bem mais complicado do que isso foram as ameaças que colocaram em dúvida a realização das Olimpíadas de 2004, em Atenas. Há 20 anos, o Movimento Olímpico decidiu levar os Jogos de volta ao local em que foram restaurados, em 1896. Voltar às origens, no entanto, se transformou num pesadelo, provocado pelo caos econômico e político da Grécia, no início do século XXI.
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Várias vezes os Jogos de Atenas foram questionados, devido a ameaças terroristas e, principalmente, pelo atraso nas obras dos locais de competição. Além disso, o trânsito de Atenas sofria com os engarrafamentos, e a rede hoteleira se revelou insuficiente para acomodar todos os milhares de jornalistas credenciados.
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EU ESTAVA LÁ, pela Tv Globo, e 'morei' num apartamento residencial. Uma solução emergencial, que o Comitê Organizador ofereceu às empresas de comunicação. Sim, moradores de Atenas foram incentivados a alugar suas habitações, por um mês. O negócio foi muito vantajoso para eles, financeiramente. Centenas de famílias empacotaram seus pertences pessoais e foram passear pelas ilhas gregas, às custas do governo, ao mesmo tempo em que recebiam rendimentos dos aluguéis.
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O Governo da Grécia pagou para que famílias saíssem de Atenas (Foto: arquivo pessoal)
A Tv Globo decidiu alocar parte de sua equipe em apartamentos que ficavam próximos do International Broadcasting Center, onde trabalhávamos. Assim, a dor de cabeça inicial acabou se tornando um privilégio para nós, que podíamos ir e voltar a pé do trabalho, passando na frente do Estádio Olímpico.
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Ao fundo, o Estádio Olímpico; à direita, o IBC, local de trabalho (Foto: arquivo pessoal)
Da habitação ampla e muito confortável, que eu dividi com os colegas Fabio Caetano e Miguel Athayde, era possível ver parte do Estádio Olímpico. E, claro, ouvir a vibração dos torcedores e ouvir o som das músicas que embalaram as Cerimônias de Abertura e Encerramento.
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Em apartamentos mobiliados, vivendo como os atenienses (Foto: arquivo pessoal)
Eu estive lá dentro apenas uma vez, no dia da prova nobre do atletismo: a final do 100 metros, vencida pelo americano Justin Gatlin. Surpresa geral, pois ele não era apontado como favorito. De qualquer forma, Gatlin foi aplaudido como o mais novo semideus das pistas, que iria ser dominada pelo jamaicano Usain Bolt, nas três Olimpíadas seguintes.
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À espera da prova nobre do atletismo, os 100 metros (Foto: arquivo pessoal)
E também torci pelo brasileiro Jadel Gregório, que tinha alguma chance no Salto Triplo. Não deu, ficou em quinto lugar. O ouro foi conquistado por Christian Olsson, da Suécia. Vi outro sueco se tornar campeão olímpico, Stefan Holm, que voou no Salto em Altura. E também o triunfo do japonês Koji Murofushi, no Arremeso do Martelo. Deles, pouco ouvi falar depois, mas a sensação de acompanhar a transformação mágica de atletas mortais em semideus do olimpo, isso não se esquece nunca.
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