A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) deseja mudar as próprias regras para limitar as formas com que as gestões possam ser responsabilizadas por má governança. Segundo reportagem da emissora inglesa BBC, um conjunto de revisões nos estatutos que regem os comitês de auditoria e ética foi distribuído a outras associações para serem aprovados em uma assembleia-geral, agendada para o próximo dia 13.
A mudança garantiria, por exemplo, que qualquer reclamação ou acusação sobre assuntos éticos seja supervisionada pelo presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, e pelo presidente do senado, Carmelo Sanz de Barros, em vez dos membros do senado em si, além de remover o poder do comitê de auditoria de investigar assuntos financeiros.
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Recentemente, uma onda de demissões aconteceu na Federação. Natalye Robin, antiga CEO, deixou a FIA após questionar o profissionalismo da gestão de Sulayem, incluindo questões financeiras no gabinete do presidente. Bertrand Badre e Tom Purves, ambos do comitê de auditoria, foram demitidos após investigarem o “fundo do presidente”, um suposto valor movimentado de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 9 milhões pela cotação atual) para pagar clubes membros que votam diretamente na eleição da FIA.
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Outra investigação recente em cima de Ben Sulayem foi sobre uma possível interferência na direção de prova durante o GP da Arábia Saudita de 2023. Ele teria tentado reverter uma punição de cinco segundos dada ao espanhol Fernando Alonso, da Aston Martin. O piloto foi punido por alinhar o carro fora do colchete na largada. Ao pagar a punição durante um pit-stop, recebeu uma nova sanção, agora de 10 segundos, pelo entendimento de que a equipe tocou no carro para reparos antes do tempo total da punição anterior ser cumprido. No fim, o presidente foi inocentado das duas acusações.
Recentemente, Paolo Basarri, diretor de compliance do órgão, também foi demitido. Ele foi o responsável por compilar o relatório com as acusações em cima de Sulayem no comitê de ética. O presidente “perdeu confiança” no italiano, que acabou dispensado.
Caso sejam aprovadas as mudanças, elas significariam que Sulayem controlará a nomeação do chefe do comitê de ética e removeria o papel do senado e do diretor de compliance em suas operações, basicamente neutralizando a capacidade dos denunciantes de expor comportamentos questionáveis para os comitês de ética e auditoria, que tem o papel de fiscalizar irregularidades internas.
Mohammed Ben Sulayem vive uma guerra fria tanto internamente, com a Federação, quanto com os pilotos da Fórmula 1. Recentemente, ele foi alvo de questionamentos por parte dos pilotos da categoria através de uma nota oficial da Associação de Pilotos de Grandes Prêmios (GPDA) que pediu maior transparência sobre o destino do dinheiro das multas cobradas pela FIA. Além disso, foi exigido no comunicado que os atletas passassem a ser tratados como adultos.
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No entanto, o presidente da FIA não recebeu bem os pedidos e teceu duras críticas aos pilotos e à imprensa, afirmando que foi escolhido para o cargo para consertar questões da Federação e que não deve nada a ninguém. A pressão também cresceu com a recente demissão de Niels Wittich do cargo de diretor de provas da F1.
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— Não é da conta deles, desculpa — afirmou em entrevista à revista inglesa Autosport.
— Com todo respeito, sou um piloto, respeito os pilotos. Deixo que se concentrem no que fazem de melhor, que é correr. Mas, certo, querem saber o quanto pagamos para o começo da pirâmide? Eu digo: € 10,3 milhões no ano passado. Acho que é muito dinheiro. Em 2024, já passou de € 10 milhões. Lá na base da pirâmide mesmo. Em kart — afirmou.
A Fórmula 1 retorna já neste fim de semana, entre os dias 6 e 8 de dezembro, com o GP de Abu Dhabi. Será a 24ª e última etapa da temporada 2024.