O tempo fora das competições fez bem a Gabriel Medina. O brasileiro, campeão do Circuito Mundial em 2014, 2018 e 2021, decidiu se afastar da rotina de atleta do início de 2022 para cuidar da saúde mental, mas se recuperou e está animado com a possibilidade de voltar às águas na segunda metade da temporada, a partir de maio.
O astro postou no início da semana diversos vídeos de treinos com seu preparador físico Allan Menache, bem como uma sequência de tubos e aéreos de arrepiar em Maresias (SP). Mas é certo que ele não antecipará o retorno para a etapa de Margaret River, na Austrália, que acontece entre os dias 24 de abril e 4 de maio. O período servirá para readquirir as melhores condições de competir em alto nível. O intuito é voltar com força total.
O mais provável é que a primeira aparição de Medina em 2022 aconteça no G-Land, sexto evento do calendário, em Banyuwangi, na Indonésia, entre 28 de maio e 6 de junho. Para isso, ele depende de um dos wildcards dados pela World Surf League (WSL), um por evento e outro para todo o restante do tour. Isso não será problema, uma vez que interessa à organização a presença do maior nome do surfe na atualidade.
Mesmo fora do campeonato até agora, o brasileiro ainda pode lutar pelos pontos perdidos e até mesmo tentar o tetracampeonato em 2022, embora a missão seja muito difícil. Um fator que pesa a favor do surfista é a sequência do calendário que ele encontra pela frente.
O palco preferido é Teahupoo, no Taiti, onde Gabriel saiu vitorioso em 2016 e 2018, e que agrada pelas condições das ondas. Lá, ele também foi vice-campeão em 2019. Este será o décimo e último evento do ano antes das Finais, que reunirão os cinco melhores do ranking da WSL, em Trestles (EUA), entre 8 e 16 de setembro.
Antes, acontece a etapa de Jeffreys Bay, na África do Sul, onde o paulista levou a melhor em 2019 e é sempre encarada como desafiadora, uma vez que ele é um goofy (quem surfa com o pé direito na frente da prancha, o que teoricamente é uma desvantagem nas ondas do local, que quebram para a direita). Voltar a vencer no local seria realizar um desafio pessoal e uma prova de superação.
Outro destaque é o Oi Rio Pro, no Rio de Janeiro, oitava etapa do ano. Medina nunca saiu vitorioso em Saquarema, mas terá a chance de reencontrar a torcida brasileira. O evento, que acontece entre 23 e 30 de junho, está de volta após ter sido cancelado nos últimos dois anos devido à pandemia.
Filipe em alta e corrida contra o tempo
Campeão da etapa de Bells Beach, na Austrália, e especialista nas direitas, Filipe Toledo disparou no ranking da WSL e se apresenta atualmente como o brasileiro com maiores chances de conquistar o título mundial. Mas ninguém no meio do surfe duvida da capacidade de Medina.
Mesmo sem competir este ano, Gabriel soma 1,060 pontos no ranking, uma vez que os surfistas lesionados ou desistentes da elite levam 265 pontos a cada etapa perdida. Ele ocupa a 41ª colocação, assim como o compatriota Yago Dora, que sofreu uma lesão no pé esquerdo.
Filipe lidera a lista, com 24,440 pontos, seguido pelo japonês Kanoa Igarashi, em segundo (18,620), e do havaiano John John Florence, em terceiro (16,905). Italo Ferreira está em sétimo, com 15,480. Cada vitória em etapas vale 10 mil pontos, enquanto o segundo lugar rende 7.800, o terceiro garante 6.085 e o quinto, 4.745.
Se mantiver uma regularidade nas cinco etapas que restarão após Margaret River (Indonésia, El Salvador, Saquarema, Jeffreys Bay e Teahupoo), de preferência com três vitórias, Medina se colocaria em condições de brigar para ir às Finais. Tudo depende de como ele voltará após meses parado. Esta é a primeira vez na carreira que o astro se retira de etapas para descansar.
A decisão de parar foi tomada após um ano conturbado, que teve problemas familiares envolvendo a ex-mulher do surfista, Yasmin Brunet, e uma briga com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e até polêmicas por não ter se vacinado contra Covid-19 para competir na etapa do Taiti, que acabou cancelada.
Luta por vaga em 2023
Pelo ranking, o brasileiro já não tem mais chances de classificação para o Circuito Mundial em 2023, uma vez que somente os 22 melhores da lista até a metade da temporada de 2022 avançam, de acordo com o novo formato da competição. O corte acontece logo após a etapa de Margaret River.
Outra forma de qualificação para quem não se garantiu no ranking é terminar o ano no top 10 do Challenger Series, a divisão de acesso à elite do surfe. Ele também pode receber convite direto para a disputa do ano que vem.