Futsal mostra que o Hexa é possível se Seleção tiver o básico
Brasil venceu a Copa do Mundo de Futsal após 12 anos
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Até as quadras do distante Uzbequistão já sabem: conquistar o Hexa não é tarefa tão difícil para uma Seleção Brasileira. Ainda somos capazes de encantar o mundo com a bola no pé. Basta para isso que a equipe nacional seja tratada com a grandeza que merece por quem tem dever de cuidar dela.
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Talvez você não saiba, mas a Seleção Brasileira de Futsal que, neste domingo (6), conquistou o Hexa da Copa do Mundo, por muito pouco não dobrou a esquina do ostracismo por culpa de meia dúzia de cartolas.
Até pouco mais de três anos atrás, as seleções de futsal ficavam sob o guarda-chuva da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), uma entidade cujo sucesso por décadas foi sustentado apenas pela capacidade dos jogadores em quadra, e não pelo apreço de seus gestores por boas práticas de governança.
E aconteceu que, nos anos que se seguiram ao Penta de 2012, a Seleção Brasileira de Futsal se viu, veja só, sem lugar para treinar ou equipes para enfrentar. Isso porque a CBFS teve suas contas reprovadas, contratos de patrocínios rescindidos e seu CT depenado. Não havia dinheiro nem mesmo para viagens.
Houve motim de jogadores — os melhores que este país é capaz de produzir, diga-se de passagem —, que se negaram a jogar. E não, não foi por birra; foi justamente para mostrar à torcida que a Seleção Brasileira precisava de ajuda.
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Futsal brasileiro renasceu
A ajuda chegou quando as equipes nacionais, da base à principal, foram enfim entregues à CBF. Isso aconteceu em meio à pandemia e a poucos meses da Copa do Mundo de Futsal de 2021. O Brasil daquele Mundial foi um time correto e valente, como historicamente são as seleções do nosso salonismo, mas ninguém em sã consciência poderia crer que o Hexa viria naquela Copa. Porque não se vence uma Copa do Mundo em quatro meses.
Nos últimos quatro anos, porém, a Seleção Brasileira de Futsal teve acesso a jogos com equipes de primeira grandeza nas datas Fifa, teve quadras de bom nível à disposição e teve acesso ao CT das seleções na Granja Comary, em Teresópolis, com tudo o que há de mais moderno para treinos físicos e cuidados médicos. Muita coisa? Não: apenas o básico para que o seu treinador, o competente e reservado Marquinhos Xavier, trabalhasse com foco apenas na quadra.
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Aí, pode-se parar e dizer: "ué, mas isso a nossa seleção de campo sempre teve e, mesmo assim, busca o Hexa há 22 anos". Pura verdade. Mas o que o time de campo não tem, e que sobra para esse pessoal da quadra, é identificação com a torcida, senso de comunidade e amor à camisa.
Quase todos os hexacampeões deste domingo jogam na Europa, mas você consegue encontrar boa parte deles nas pequenas cidades do interior do Brasil em suas férias. Fizeram sucesso em Carlos Barbosa (RS), em Erechim (RS), em Joinville (SC) ou Sorocaba (SP)? Em algum momento, eles voltam para lá para rever os amigos. O clube torce o nariz para liberar o jogador para treinar com a Seleção? O jogador tira dinheiro do próprio bolso para pagar a multa e ir jogar na Seleção.
Porque no futsal, representar o país é um orgulho de verdade, não uma questão protocolar em meio a uma Champions ou a uma Premier League.
Que bom que o Hexa veio primeiro para quem sempre pensou nele de verdade. Que sirva de lição para quem troca os tênis pelas chuteiras.
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