O governo do Reino Unido acusou o Departamento Central de Inteligência da Rússia (GRU), o equivalente à Abin no Brasil, de ser o responsável por uma série de ataques cibernéticos, incluindo a Agência Mundal Antidoping (Wada, em inglês). Em comunicado oficial, o Centro de Cibersegurança Britânico (NCSC) afirmou que o grupo Fancy Bears é composto por militares russos. Em 2016, eles hackearam o site da Wada e vazaram uma série de documentos confidenciais, incluindo informações médicas de atletas. A Rússia nega qualquer envolvimento.
"Estes ataques foram realizados em flagrante violação do direito internacional, afetaram os cidadãos de um grande número de países, incluindo a Rússia, e custaram às economias nacionais milhões de libras, os ataques orquestrados pelo GRU tentaram prejudicar a instituição esportiva internacional Wada”, diz um trecho da nota.
A motivação da Russia para os ataques seria uma tentativa de desviar a atenção das investigações sobre o escândalo que abalou o país, após a revelação de um esquema sistemático e oficial de doping para atletas. Em razão das práticas ilegais, a Rússia continua banida das competições internacionais pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC).
Os hackers divulgaram relatórios médicos de atletas autorizados a fazer uso de determinadas substâncias proibidas como uso terapêutico. O objetivo dos invasores seria apontar uma suposta hipocrisia dos atletas ocidentais, que têm permissão de recorrer a estas exceções para tratar uma condição médica preexistente.
Diversos atletas de ponta e medalhistas foram acusados pelo Fancy Bears de se valer do uso terapêutico como uma forma de legitimar o doping. Entre os citados estão britânicos Mo Farah (atletismo), Chris Froome e Bradley Wiggins (ciclismo), e os americanos Michael Phelps (natação) e Simone Biles (ginástica). No Brasil, o ginasta Diego Hypolito teve seus dados médicos vazados.
A Rússia negou todas as acusações, que foram classificadas pela Porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Maria Zakharova, como "um diabólico coquetel de mentiras".
Em nota, a Wada confirmou o ataque e negou que outra invasão no sistema tenha sido constatada, desde 2016.
"A atividade criminal descrita nestas denúncias e no que diz respeito à Wada buscou violar direitos dos atletas, expondo dados pessoais e privados - freqüentemente modificando-os - e prejudicou o trabalho da Wada e seus parceiros na proteção do esporte limpo. Não há evidências de que qualquer violação dos sistemas tenha ocorrido, desde 2016”.