O governo federal faz as contas para "modernizar" o Bolsa Atleta após um corte pela metade promovido pelo ex-presidente Michel Temer, no último dia útil do ano passado. Secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, órgão máximo do setor desde o fim do Ministério do Esporte, o general Marco Aurélio Vieira afirma que o número de beneficiados será ampliado para mais de 7 mil, com ganhos na base, por meio de cortes na fatia que hoje fica com a elite.
– O Bolsa Atleta contempla hoje 3.058 atletas. Até o dia 10 de abril, o ministro (Osmar Terra) deve anunciar uma das metas estabelecidas para os 100 primeiros dias de governo, de que apoiaremos mais de 7 mil atletas, inclusive os de base, que haviam sido deixados de fora por conta do corte de orçamento do final do ano passado – afirmou o general na quarta-feira, durante o Fórum do Desporto Universitário, em Brasília, que teve a presença do LANCE!.
Até o ano passado, a partir da assinatura do termo de adesão, os contemplados recebiam o equivalente a 12 parcelas do valor definido para cada uma das seis categorias seguintes: pódio (R$ 5 mil a R$ 15 mil mensais), atleta olímpico/paralímpico (R$ 3.100,00 mensais), atleta internacional (R$ 1.850,00 mensais), atleta nacional (R$ 925,00 mensais), atleta estudantil (R$ 370,00 mensais) e atleta de base (R$ 370,00 mensais). Temer, em sua última cartada, eliminou os dois últimos. O problema é que essas são as faixas que mais necessitam da política pública para se manterem no esporte.
Durante o governo do ex-presidente, o programa já havia sofrido outros cortes, mas sem prejuízos aos atletas consagrados, com participação nos grandes eventos internacionais e com maiores possibilidades de premiações.
Desta vez, após estudos e debates realizados pela secretaria, a decisão é que os melhores deverão ceder para que a base da pirâmide não fique desamparada. O último corte, por exemplo, reduziu o número de beneficiários em 47,5%, todos da parte de baixo da cadeia, de acordo com uma ordem hierárquica.
Atualmente, os 20 primeiros colocados no ranking mundial de suas modalidades individuais ganham R$ 15 mil com a Bolsa Pódio. A partir da mudança, somente os 10 primeiros levarão esse montante. Com esse tipo de compensação, ele acredita que será possível chegar ao aumento desejado.
– Estamos reestruturando os níveis do programa, de seis para cinco. Com isso, alimentaremos muito melhor a cadeia de todo o Bolsa Atleta. Antes, havia o estudantil e o atleta de base. Nós vamos reduzir a apenas um, de atletas de base, e a ideia é aumentar o aporte de recursos, que antes era de R$ 370, para até R$ 700. Então, a base vai ganhar mais. Em compensação, nós estruturamos todo o escalonamento e mexemos no topo – completou Marco Aurélio.
Em 2018, 5.830 esportistas receberam o Bolsa Atleta. O valor do programa naquele ano foi de R$ 79,3 milhões no orçamento da União. Para 2019, a previsão era de R$ 53,6 milhões, o que representa uma redução de 32,41%. A Secretaria ainda espera aumentar o volume de recursos, mas para isso depende do aval do Ministro da Economia, Paulo Guedes, que pouco tem dado sinalizações para o segmento esportivo desde o início do novo governo.
No ano da Rio-2016, foram 7.223 contemplados pelo programa, com um investimento de cerca de R$ 140 milhões. É a este patamar que o governo pretende chegar, mas desta vez com bem menos recursos disponíveis.
* O repórter viajou a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU)
* Atualização às 11h40
Diferentemente do que publicamos inicialmente, não haverá redução no valor do Bolsa Pódio para quem ganha R$ 15 mil. O que muda é que somente os 10 primeiros do ranking mundial nas modalidades individuais, e não mais os 20, terão direito ao benefício.