Impasse sobre local de reunião piora clima entre CBB e clubes do feminino

Dirigente diz que a entidade não se interessa pelo naipe e reforça coro a boicote. Encontro está marcado para semana que vem, no Rio, mas equipes pedem mudança para São Paulo

imagem cameraEm busca do tri, Corinthians/Americana lidera movimento por mudança na gestão do basquete (Foto: Divulgação)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 27/11/2015
16:12
Atualizado em 28/11/2015
12:28
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* Publicado em 27/11/2015 às 16h12

Enquanto a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) busca dar explicações sobre as despesas pessoais do presidente Carlos Nunes e de sua esposa, com recursos de uma ex-patrocinadora, a modalidade feminina se vê afundada em uma crise a oito meses dos Jogos Olímpicos do Rio. E está difícil sentar para conversar...

Na avaliação dos seis clubes que disputam a Liga de Basquete Feminino (LBF), há falta de diálogo por parte da entidade no que diz respeito à gestão da Seleção Brasileira.

Eles já até ameaçaram, em nota divulgada na última quinta-feira, não liberar atletas para a equipe nacional, que disputa o evento-teste da Rio-2016 entre os dias 15 e 27 de janeiro do ano que vem, caso a CBB não aceite passar atribuições como convocações, planejamento e calendário para as mãos de um colegiado formado pelas equipes.

O LANCE! apurou que a confederação não pretende acatar o pedido e já tomou providências para acalmar os ânimos dos "rebeldes". Uma reunião foi agendada para o dia 3 de dezembro, às 13h (de Brasília), em uma universidade no Rio de Janeiro, para esclarecer o planejamento do time comandado por Luiz Augusto Zanon e promover o diálogo. Mas o local é motivo de polêmica, já que nenhum time da LBF é da cidade.

Três equipes são de São Paulo (Corinthians/Americana, Presidente Venceslau e Santo André) e os demais estão no Nordeste: América de Recife (PE), Sampaio Basquete (MA), Maranhão Basquete (MA). A justificativa da CBB é de que o encontro foi agendado na capital fluminense por se tratar do local onde fica a sede da entidade.

– Enviei um e-mail ao Sr. Carlos Nunes pedindo para mudar, mas não tive resposta. Se a CBB atender ao nosso pedido de alterar o local para São Paulo, nós participaremos sem nenhum problema. E esperamos que o próprio presidente nos receba. Não queremos "oba-oba", mas botar a mão na massa e trabalhar  – disse ao L! Ricardo Molina, diretor do Corinthians/Americana, que lidera as reivindicações.

– Hoje, vamos ao mercado buscar parcerias e os empresários não querem nem ouvir falar em basquete feminino. Eu tenho certeza de que nós somos um dos poucos países onde a jogadora sai do clube e vai para uma Seleção sem estrutura, organização, onde falta acompanhamento. Não existe interesse da CBB de que a equipe feminina cresça – afirmou.

Os mais recentes resultados da Seleção feminina foram as quartas colocações na Copa América de Edmonton (CAN) e no Pan de Toronto (CAN). No Mundial de 2014, em Ancara (TUR), a equipe caiu nas oitavas de final ao perder para a França. 

– Nós achamos que o basquete feminino só terá organização se tiver pessoas do feminino na liderança. É muito difícil haver um só gestor para os dois naipes – argumentou o presidente do Maranhão Basquete Herberth Batista, o Beto.

Em nota enviada ao L!,  CBB afirmou que agiu rapidamente ao tomar conhecimento da críticas dos clubes e que não aceitou alterar o local da reunião porque já havia distribuído a informação.

Confira a nota da entidade

Assim que a CBB soube das manifestações dos clubes pela imprensa a entidade marcou a reunião para o dia 3 de dezembro, às 13 horas, no Rio de Janeiro.

Com a rápida reação da CBB, a LBF pediu para remarcar data e local.
A CBB respondeu que era impossível, em face de já haver distribuído a informação e que o tema é fundamental para a modalidade e que é uma prioridade a Seleção Brasileira.

A CBB é a casa do basquete e sempre esteve de portas abertas para toda a comunidade do basquete.


Hortência não acredita em rompimento

Quem acompanha o imbróglio nos bastidores é a ex-jogadora da Seleção Brasileira Hortência, prata nos Jogos de Atlanta (EUA), em 1996. Ela defende as reivindicações dos clubes por melhorias na modalidade, mas não acredita que a saída seja uma gestão do time nacional feita de forma exclusiva por eles.

– Acho que não cabe falar quem tem mais competência. A união torna a coisa mais forte. Os clubes querem ser ouvidos, consultados, trocar ideias. Acho super positivo. Não acredito que a CBB vá se opor a isso – disse.

Atualmente, Hortência integra o time de comentaristas da TV Globo. Para se manter por dentro dos assuntos referentes ao basquete feminino, ela está presente até mesmo em listas de e-mails dos times. 

– É algo que deveria ter sido feito lá atrás. É um pouco tarde. Tem de pensar não apenas visando à Olimpíada, mas os próximos passos – disse a ex-atleta.

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