A ginástica artística brasileira feminina viveu neste sábado um dos seus maiores golpes em toda a história, ao ficar fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 na disputa por equipes. Prejudicado por lesões, o país perdeu Jade Barbosa logo no primeiro aparelho, o salto, e terminou o Campeonato Mundial, em Stuttgart, na Alemanha, na 14ª colocação, com 157,596 pontos. Os homens buscarão a vaga neste domingo.
O bom desempenho de Flávia Saraiva, que disputará as finais do solo, da trave e do individual geral, e garantiu ao país uma vaga olímpica neste último, não foi suficiente para levar as brasileiras a figurar entre as 12 melhores, na zona de classificação. O Brasil quebra desta forma uma sequência de quatro edições seguidas dos Jogos com presença na prova, no Rio-2016, em Londres-2012, em Pequim-2008 e em Atenas-2004. A nação não se classificou para Sydney-2000.
Jade, que já havia sofrido uma lesão no joelho esquerdo antes do Pan, desta vez sentiu o direito. E sua ausência pesou demais para o resultado.
– Quando aterrissei, já senti o outro joelho. Desci do pódio andando, tentando identificar. Tive de ser inteligente. Se não poderia dar o meu melhor, teria de dar a vaga a quem pudesse fazer. Já fiz muito para o Brasil e hoje não aconteceu. Achamos melhor que a Letícia subisse na paralela. Tínhamos uma equipe dos sonhos e madura, mas não conseguimos vir com ela – falou Jade, ao "SporTV".
A competição foi aberta no salto, e o Brasil totalizou 42,332 pontos, acima do que obteve no Pan de Lima (41,500). Thaís Fidelis, com 13,633, foi quem abriu os trabalhos. Letícia Costa repetiu a nota da colega. Flávia, por sua vez, teve maior destaque, com 14,566. Jade não passou de 14,133 e deixou o local de provas mancando.
Nas barras assimétricas, Thaís iniciou com 12,733. Letícia sofreu uma queda na saída e ficou com 11,300, nota descartada. Flávia somou 12,833. Lorrane fez 13,633. O Brasil totalizou 39,199 pontos.
Na trave, Thaís realizou uma boa série, com 12,833 pontos. Flávia conseguiu 13,700. Letícia estourou o tempo em dois segundos e tirou 11,233. A comissão técnica optou por não mandar Lorrane e, assim, a Seleção ficou sem nota de corte. Com 37,766 pontos, o país até terminou à frente da Espanha, mas ainda precisaria triar quase um ponto de diferença no solo.
E tudo o que as brasileiras precisavam para se manterem vivas na disputa pela vaga olímpica não aconteceu na última rotação. Thaís sofreu uma queda e levou apenas 11,833. Flávia foi o destaque, com 13,833 e uma vaga na final do aparelho. Letícia saiu com 12,633. O Brasil encerrou com 38,299 pontos.
– Como somos uma equipe, não desistiremos de lutar por nossas vagas no individual. Não é nosso último ano de vida e de Olimpíada. Lutamos o ano inteiro e trabalhamos duro. Foi difícil. Não vou desperdiçar os 12 anos da minha vida de treinos. Vou lutar até o final – afirmou Flávia.
A americana Simone Biles liderou em todas as rotações e confirmou sua condição de grande nome da ginástica artística feminina no mundo.