O paulista Caio Ibelli barrou o campeão mundial John John Florence (HAV) com uma virada espetacular no último minuto da semifinal, mas não conseguiu superar o sul-africano, Jordy Smith, na decisão do título de Bells Beach. Os dois deram um show nas ótimas direitas, mas o título ficou com o vice-líder do ranking pelo placar de 18,90 a 17,46 pontos. No ano passado, Smith também chegou à final, contudo quem badalou o sino foi o australiano Matt Wilkinson.
Caio disputou a sua primeira decisão em dois anos no WCT e comemorou bastante a segunda colocação que o deixou na sétima colocação no ranking (o brasileiro subiu 12 posições).
- Esse é um evento que a gente tem no caderninho de querer ir pra final dele. As ondas estavam alucinantes o dia inteiro, tinha tamanho, tinha força, então foi um campeonato alucinante e não tenho nem palavras. Quando eu era um pivetinho, o Jordy já estava fazendo sessões de vídeo, então todas essas coisas somam e criam esse momento único que estou vivendo hoje. Tenho uma equipe que trabalha comigo e me dá todo o suporte, me deixando confortável para competir em todas as condições e vamos lá para o Rio de Janeiro ver a brasileirada torcendo por nós - disse Caio Ibelli.
Considerado, no ano passado, o melhor estreante na elite da Liga Mundial de Surfe (WSL, em inglês), o paulista comentou sobre a bateria do título e contou que esteve na casa do adversário dias atrás.
- No começo da bateria, eu peguei a primeira onda, que não era boa, então ele ficou com a prioridade e conseguiu fazer boas notas no início. No finalzinho, fiz minha melhor onda e quando falaram que a última do vermelho tinha sido 9,63 eu vibrei, mas dez segundos depois ouvi, nota do azul, 9,77, aí eu precisava de outro nove. Nossa, foi alucinante. Dias atrás eu estava na casa do Jordy, batendo um rango com os caras, conversando, então estar numa final com ele foi demais. Ele já vem aqui há uns 15 anos e essa é só minha segunda vez, então estou amarradão.
A bateria final foi eletrizante. Smith começou imprimindo um ritmo muito forte, escolhendo boas ondas para largar na frente com notas 7,00, 9,10 e 8,53 seguidas. Caio Ibelli demorou para reagir, mas entrou na briga quando tirou 7,83 em sua primeira onda boa. Em outra melhor ainda, mostrou seu potencial com grandes arcos, alongando as rasgadas e atacando o crítico da onda com manobras mais explosivas para tirar 9,63 e passar a frente. Só que o sul-africano logo deu o troco com um surfe altamente veloz e progressivo para ganhar 9,77. Depois, ainda tira um 9,13 para selar a vitória.
- Não consigo nem acreditar. Fiquei em segundo no ano passado e agora ser campeão é incrível. Quando eu tirei um 9, a pressão diminuiu um pouco, mas em seguida o Caio continuou atacando e vi que tinha mais trabalho pela frente. Ele é um surfista incrível e surfou muito bem esse evento todo. Eu venho tentando ganhar este campeonato há 10 anos e conseguir agora é um sentimento incrível, um grande sonho se tornando realidade para mim. Depois de alguns anos sofrendo com lesões, sinto que as peças do quebra-cabeça estão se encaixando este ano. Minha esposa e minha família estão comigo e não poderia conseguir nada disso sem o apoio deles - afirmou o campeão da terceira etapa da perna australiana.
Mais Três brasileiros competiram no último dia em Bells Beach. Adriano de Souza e Filipe Toledo perderam nas quartas de final e Wiggolly Dantas, no duelo com Mineirinho.
Ibelli para John John Florence
Caio Ibelli festejou dentro do mar o vice-campeonato em sua primeira final no WCT. Porém, seu grande momento foi na semifinal contra o havaiano e atual campeão mundial, John John Florence. Ele começou forte com nota 8,90, liderando a bateria até o havaiano destruir uma onda com uma série de manobras que arrancou nota 10 de três dos cinco juízes e a média ficou em 9,93. Na seguinte, tirou 7,50 e assumiu a ponta da bateria. Aí veio uma longa calmaria e outra série boa de ondas só entrou no último minuto. Florence tinha a prioridade de escolha e foi na primeira, mas a onda de trás era maior e Caio Ibelli aproveitou a chance para arriscar mais as manobras, atacando a onda até explodir a junção na finalização. A nota saiu 8,73 e virou o placar para 17,63 a 17,43 pontos.
No ano passado, Caio também derrotou o havaiano nas mesmas ondas de Bells Beach no minuto final da bateria, mas na terceira fase da competição. E foi a primeira bateria do dia em que o camiseta amarela não usou os aéreos, como tinha feito para vencer com um alley-oop incrível na quarta fase e nas quartas de final. Nas duas baterias, ele precisou usar essa arma para superar o power surf do australiano Mick Fanning. Já o grande oponente de Caio Ibelli no último dia foi o português Frederico Morais.
Eles disputaram a primeira bateria do dia e Frederico liderava até o último minuto, quando Caio conseguiu a virada com nota 8,43 para tirar a vitória do português. Frederico depois atropelou o havaiano Sebastian Zietz somando mais de 18 pontos e os dois voltaram a se encontrar nas quartas de final. Desta vez, Caio dominou a bateria com notas 8,90 e 7,10 e o português não conseguiu reverter o placar encerrado em 16,00 a 14,50.
Interferência é retirada e dois brasileiros vão para a repescagem
Todas as baterias realizadas no último dia de Bells tiveram boas ondas e foram disputadas em alto nível. Dois brasileiros começaram o dia competindo juntos pela terceira vaga direta para as quartas de final. O campeão mundial Adriano de Souza larga na frente numa onda bem surfada com grandes manobras que vale nota 8,43. Depois, Filipe Toledo manda um aéreo muito alto e sai atacando a onda até o fim para ganhar 9,00 dos juízes e faz um 6,67 em outra para liderar. Só que Ezekiel Lau assume a ponta com notas 7,90 e 8,83 em duas ondas seguidas com um frontside agressivo nas direitas australianas.
O havaiano segurou a prioridade de escolha até o fim, mas Filipe pega numa onda nos últimos segundos e ele bloqueia entrando na frente. O brasileiro reclamou que, pela regra, ele não poderia fazer isso porque, quando dropou, já tinha soado o sinal de término da bateria, então foi assinalada interferência de Ezekiel Lau e a penalidade tirou uma das suas notas, caindo para último. Filipe Toledo foi anunciado o vencedor. Posteriormente, a comissão técnica reuniu-se novamente para analisar toda a situação e voltou atrás no resultado, atestando que o havaiano tinha entrado na onda ainda antes do sinal. Com isso, a interferência foi retirada e Ezekiel Lau ganhou a bateria por 16,73 pontos, contra 15,67 de Filipe e 14,20 de Adriano.
Dessa forma, os dois brasileiros teriam que disputar uma rodada extra no mar pesado de Bells Beach. Na última disputa por vaga direta para as quartas de final, o último "backsider" surfando de costas para as direitas, Wiggolly Dantas, tirou a maior nota da bateria, 8,50, mas não foi suficiente para superar Jordy Smith. O sul-africano totalizou 15,30 pontos nas duas primeiras ondas e o brasileiro atingiu 14,70 para deixar Joel Parkinson em terceiro lugar com 14,50. Com isso, um duelo brasileiro entre ele e Adriano de Souza foi formado para fechar a quinta fase.
Essa última rodada classificatória para as quartas de final rolou na melhor hora do mar. O português Frederico Morais ganhou a primeira bateria por 18,10 pontos com notas 8,93 e 9,17. Na segunda, Mick Fanning venceu o duelo australiano com Owen Wright por incríveis 18,63 a 17,60. Na terceira, Filipe Toledo deu o seu espetáculo contra Joel Parkinson e uma nota 9,33 decidiu a vitória por 16,76 a 15,00 pontos. E o duelo brasileiro entre Adriano de Souza e Wiggolly Dantas foi sensacional. Ambos só computaram notas no critério excelente dos juízes, com Mineirinho garantindo a vitória somando o 9,5 da sua última onda no placar de 18,17 a 17,60 pontos. Guigui ficou em nono lugar e subiu para 23º no ranking.
- Deu altas ondas e foi uma bela disputa com o Wiggolly, um cara que surfa muito, então tive que fazer meu extremo pra avançar e graças a Deus consegui. Agora chegamos nos oito melhores do evento, tá todo mundo bem, todo mundo concentrado pra fazer seu melhor, então quem pegar as melhores ondas vai vencer - comentou Mineirinho.
Apenas um brasileiro sobrevive às quarta de final
As quartas de final começaram com Caio Ibelli vencendo o duelo luso-brasileiro com Frederico Morais. John John Florence ganhou a segunda bateria, batendo Mick Fanning pela segunda vez. Ezekiel Lau voltou a vencer Filipe Toledo. O estreante do Havaí no WCT foi muito confiante e esperou uma boa onda até os minutos finais. Ele achou a maior da bateria para detonar uma série de manobras potentes que ganhou 9,77 dos juízes. Com ela, atingiu 18,60 pontos contra 16,66 do recordista absoluto e dono da única nota 10 desta edição de Bells Beach.
- Ezekiel Lau foi feliz de pegar essa onda no finalzinho e não ter vindo nenhuma outra boa para mim. Infelizmente, não foi a meu favor essa bateria, mas estou amarradão pelo resultado. Não satisfeito, mas feliz. Agora vamos para o Brasil e vai ser bem legal estar junto com minha família, meus amigos, a gente não se vê há tempos, então vai ser muito maneiro e espero fazer um ótimo resultado lá também - afirmou Filipe Toledo.
Na bateria seguinte, Adriano de Souza também perdeu para Jordy Smith. Sem encontrar boas ondas para surfar, o brasileiro cometeu alguns erros e foi facilmente batido por 16,77 a 10,53 pontos pelo sul-africano. Mineirinho se manteve em quarto lugar no ranking com a quinta posição na etapa.
Adriano é um dos cinco surfistas com chances matemáticas de brigar pela lycra amarela em Saquarema. Filipe Toledo subiu do oitavo para o sexto lugar e está na porta de entrada desse seleto grupo dos top-5 do ranking mundial após as três primeiras etapas da temporada, seguido agora por Caio Ibelli.
Confira os resultados do último dia de Bells Beach e o ranking da WSL:
1: Caio Ibelli (BRA) 16,46 X Frederico Morais (PRT) X 15,50 X Owen Wright (AUS) 11,43
2: John John Florence (HAV) 19.54 X Mick Fanning (AUS) 18.86 X Sebastian Zietz (HAV) 12,94
3: Ezekiel Lau (HAV) 16.73 X Filipe Toledo (BRA) 15.67 X Adriano de Souza (BRA) 14.20
4: Jordy Smith (AFR) 15.30 X Wiggolly Dantas (BRA) 14.70 X Joel Parkinson (AUS) 14.50
Round 5
1: Frederico Morais (PRT) 18.10 X 13.16 Sebastian Zietz (HAV)
2: Mick Fanning (AUS) 18.63 X 17.60 Owen Wright (AUS)
3: Filipe Toledo (BRA) 16.76 X 15.00 Joel Parkinson (AUS)
4: Adriano de Souza (BRA) 18.17 X 17.60 Wiggolly Dantas (BRA)
Quartas de Final
1: Caio Ibelli (BRA) 16.00 X 14.50 Frederico Morais (PRT)
2: John John Florence (HAV) 16.70 X 15.77 Mick Fanning (AUS)
3: Ezekiel Lau (HAV) 18.60 X 16.66 Filipe Toledo (BRA)
4: Jordy Smith (AFR) 16.77 X 10.53 Adriano de Souza (BRA)
Semifinal
1: Caio Ibelli (BRA) 17.63 X 17.43 John John Florence (HAV)
2: Jordy Smith (AFR) 15.63 X 15.17 Ezekiel Lau (HAV)
Final
Jordy Smith (AFR) 18,90 X Caio Ibelli (BRA) 17,46
Ranking WSL
1: John John Florence (HAV) - 23.000 pontos
2: Jordy Smith (AFR) - 19.200
2: Owen Wright (AUS) - 19.200
4: Adriano de Souza (BRA) - 14.400
5: Kolohe Andino (EUA) - 13.750
6: Filipe Toledo (BRA) - 12.200
7: Caio Ibelli (BRA) - 11.500
8: Joel Parkinson (AUS) - 10.950
9: Matt Wilkinson (AUS) - 10.250
10: Sebastian Zietz (HAV) - 9.750
11: Gabriel Medina (BRA) - 8.750
11: Ezekiel Lau (HAV) - 8.750
13: Kelly Slater (EUA) - 8.700
13: Connor O´Leary (AUS) - 8.700
15: Conner Coffin (EUA) - 8.500
16: Julian Wilson (AUS) - 7.500
16: Jeremy Flores (FRA) - 7.500
16: Jack Freestone (AUS) - 7.500
19: Michel Bourez (TAH) - 7.450
19: Mick Fanning (AUS) - 7.450
19: Frederico Morais (PRT) - 7.450
22: Italo Ferreira (BRA) - 6.200
Outros brasileiros:
23: Wiggolly Dantas (BRA) - 5.000
24: Miguel Pupo (BRA) - 4.000
24: Ian Gouveia (BRA) - 4.000
29: Jadson André (BRA) - 2.750
33: Jessé Mendes (BRA) - 1.750
39: Samuel Pupo (BRA) - 500