Na última quinta, o vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco La Porta, participou de uma live a convite da associação 'Sou do Esporte', para debater sobre os impactos da pandemia global do novo coronavírus nas ações da entidade. Em conversa com a jornalista Fabiana Bentes, presidente da 'Sou do Esporte', o chefe da 'Missão brasileira dos Jogos Olímpicos de Tóquio' detalhou o planejamento e reafirmou que a prioridade do COB neste momento é com a saúde dos atletas.
- Conseguimos fazer um bom contingenciamento com as ações de austeridade adotadas pelo presidente Paulo Wanderley desde que assumiu o COB. Elas permitiram manter todo o funcionamento da estrutura. Além disso, fizemos um corte de 40 milhões de eventos que não irão mais acontecer - comentou Marco La Porta.
Após o adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021, diversas competições foram canceladas por falta de espaço para treinar e para evitar o risco de contágio da doença. Com isso, o COB pretende oferecer ferramentas e suporte para que os atletas mantenham a preparação dentro do possível. Ele também garantiu que a entidade possui um fundo de reserva para se manter durante a crise atual.
- O maior desafio hoje é a parte mental. Por isso, disponibilizamos toda a estrutura para terem o acompanhamento dos psicólogos do COB. Estamos acompanhando de perto - assegurou La Porta.
Além disso, ele revelou que a área de esportes do entidade já realiza um monitoramento para identificar países que estão retornando às suas atividades para enviar atletas brasileiros para treinamentos.
- Já começamos a elaborar protocolos de treinos para quando tudo isso acabar. Trabalhando com cenário de haver ou não competições esse ano. Somos realistas e faremos tudo com muita calma. A preocupação número um é com a saúde do atleta - explicou.
Durante a live, o dirigente confirmou que toda logística da missão brasileira em Tóquio será mantida para o ano que vem. A esperança de todos é que tudo se normalize e que a preparação para o megaevento seja feita de maneira adequada. A Olimpíada seria a representação que o mundo venceu mais uma dura batalha, dessa vez contra o coronavírus.
- Nosso trabalho é para manter o mesmo planejamento que seria feito em 2020 para 2021. Por isso, as nove bases de treinamento do Time Brasil no Japão estão asseguradas. Conversamos também com a empresa de alimentação, que fornecerá comida brasileira em todos os locais, e com a companhia aérea, responsável pela viagem de quase 800 pessoas. Já acertamos tudo com eles e não haverá nenhum impacto financeiro - destacou La Porta, que também admitiu a preocupação com a alta do dólar.
La Porta também reforçou que as conversas com os atuais patrocinadores do COB estão bem avançadas. Neste sentido, o isolamento social da população trouxe consequências econômicas drásticas para o esporte brasileiro. Assim, com a diminuição de apostas nas loterias federais, as entidades esportivas passaram a arrecadar menos.
- Ninguém estava preparado para uma situação como esta. O volume de apostas das loterias diminuiu bastante e representou uma queda de 35 a 40% na nossa arrecadação. Como neste momento não temos gastos para a nossa atividade fim, que é o esporte, temos conversado com a Secretaria Especial do Esporte para explicar esse problema. Ela foi muito sensível aos nossos apelos. Todos os setores serão impactados e o nosso objetivo é diminuir esse impacto. Temos que vencer essa questão de saúde e manter a estrutura - afirmou.
No final da entrevista, o vice-presidente do COB admitiu estar preocupado com o corte de orçamentos de alguns clubes no esporte olímpico. No entanto, elogiou a iniciativa do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), que abriu um edital para investimento nas equipes multidisciplinares.
Por fim, ele deu sugestões de capacitação para as pessoas durante a quarentena, com os cursos do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), que são gratuitos e estão com inscrições abertas. E também mandou uma mensagem direta aos atletas diante do momento de pandemia.
- Quero tranquilizar nossos atletas. Temos uma equipe muito competente de profissionais e não faltará apoio, mas no momento fiquem em casa - finalizou.