A decisão da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) de declarar o Brasil fora dos padrões de conformidade com as normas do código atual deixará o Brasil sem órgão de controle de substâncias ilícitas em atletas pelo menos até fevereiro de 2017.
Todos os exames realizados pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), vinculada ao Ministério do Esporte, não podem ser reconhecidos internacionalmente enquanto o país estiver na lista negra da entidade mundial.
O Brasil recebeu o anúncio em reunião do conselho de fundadores da Wada, em Glasgow, no último final de semana. Azerbaijão e Indonésia também acabaram reprovados.
O problema se deve à demora do governo brasileiro para colocar em funcionamento o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (JAD), que será responsável por julgar casos de doping em única instância. A intenção é evitar a perda de tempo com avaliações em diversos níveis.
Na explicação do ministro Leonardo Picciani, a falta de previsão sobre o assunto no orçamento da pasta para este ano levou ao quadro atual. Na segunda-feira, o Conselho Nacional do Esporte (CNE) elegerá os juízes para aprovar os nomes indicados para o tribunal. Mas a operação do mesmo só acontecerá quando o governo souber os valores para 2017.
– Imediatamente a partir do início do funcionamento do tribunal, o Brasil volta a estar em conformidade. Até fevereiro, quando teremos o orçamento, tudo estará funcionando – declarou Picciani ao LANCE!, antes de criticar a decisão da Wada.
– Achamos que houve excesso de rigor da Wada. Não faremos nenhuma contestação, mas outros países em situação similar não tiveram o mesmo tratamento. Era algo que estava em processo de cumprimento.
Em outubro, a Wada já havia alertado o governo, que teve até novembro para apresentar uma solução.
CBDA diz que não houve tempo hábil para testes em Palhoça
O impasse envolvendo o estado de não conformidade da ABCD afetou o Open de Palhoça (SC), primeira seletiva da natação brasileira para o Mundial da Hungria, em 2017.
A competição acontece sem exames antidoping, pois a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), em crise financeira, fez um acordo com o órgão do Ministério do Esporte para esse tipo de serviço.
Questionado sobre o assunto, o ministro Leonardo Picciani disse que cabe à entidade fazer os testes no cenário atual. A CBDA, por sua vez, afirmou que como o problema aconteceu em cima do evento, não houve tempo hábil para uma alternativa.
– As entidades têm o próprio controle antidoping. A partir do momento que a ABCD tiver condições de fazer, ela fará. Mas não pode haver interrupção. A CBDA tem meios de fazer e tem de cumprir sua obrigação com a Fina (Federação Internacional de Natação) – disse Picciani.
A CBDA informou que “os atletas que forem classificados ao Mundial serão submetidos a exames prévios” e que “os principais nadadores estão no programa de exames fora de competição da Fina”.