Obrigada a alterar o cronograma da natação brasileira em um momento crucial da preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, devido ao coronavírus, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) aposta suas fichas em um modelo inovador de selecionar os atletas para o megaevento. A identidade visual do campeonato foi lançada nesta terça-feira, no Rio.
Pela primeira vez na história, a Seleção será formada em uma única seletiva, assim como fazem as principais potências da modalidade. Ela acontecerá entre 20 a 25 de abril, no Parque Aquático Maria Lenk. É preciso bater o índice A da Federação Internacional de Natação (Fina) e ficar entre os dois primeiros das finais A para se garantir na Olimpíada.
Nos Jogos Rio-2016, dois eventos deram oportunidades para os atletas se enquadrarem no time nacional, e as marcas obtidas não só nas finais, mas também nas eliminatórias, eram consideradas. Desta vez, o intuito é concentrar todo o processo em um só lugar, e somente nas finais, como forma de tornar o a competição mais atrativa e testar a reação dos nadadores à pressão. A projeção da CBDA é de levar 25 nadadores a Tóquio-2020.
- A vantagem técnica é colocar os atletas dentro da maior realidade possível do que é a Olimpíada. Nela, ele não tem uma segunda chance. Ou está preparado ou não, fisicamente e psicologicamente. Vamos adequar nossos nadadores da forma mais real possível para enfrentar uma batalha. Por mais duro que seja, é a realidade. E a vantagem promocional é que damos uma roupagem diferente para uma situação em que estamos inovando, tentando colocar a nossa natação em patamar de igualdade com outros países - disse o gerente de natação da CBDA, Gustavo Otsuka.
As consequências esperadas são uma subida de status da modalidade, que não conseguiu nenhuma medalha nas piscinas na última Olimpíada. O país só foi ao pódio nas águas abertas, com Poliana Okimoto, que levou o bronze.
- O Brasil por muitos anos apenas participou, mas hoje estamos nos preparando para realmente competir e vencer, disputar as medalhas. Não queremos mais ser meramente participantes. Com essa mentalidade de seletiva, estamos mudando as formas de preparar os atletas - avalia Gustavo.
A entidade admite que abriu mão de estadias na Europa, onde há grande preocupação com o coronavírus, e viu alguns dos principais nadadores brasileiros terem que improvisar para se manterem no melhor nível.
Nome forte do país nos 400m, 800m e 1.500m livre, Guilherme Costa deixou de viajar para um torneio na Itália e ficou no Rio de Janeiro, onde usa em seu quarto uma tenda que simula os efeitos da altitude. Outro esporte administrado pela CBDA, o polo aquático deixará de fazer a preparação do time masculino a Itália. A ideia era afinar o grupo no país para a disputa do Pré-Olímpico, entre 22 e 29 de março, em Roterdã, na Holanda.
- Havia ações dentre os melhores nadadores, aqueles que provavelmente se classificarão. Elas estão ocorrendo normalmente, exceto na Europa. O Torneio de Milão, do qual o Guilherme Costa iria participar, foi cancelado. E uma competição em Marselha, no dia 20 de março, que iriam 11 atletas, e por iniciativa da CBDA com conivência total dos técnicos e atletas, achamos melhor não arriscar. É uma preparação que seria importante, mas em função do risco, não será feita - disse o diretor executivo da CBDA, Renato Cordani.
Outras viagens estão programadas, com passagens compradas, como a do Sul-Americano em Buenos Aires, entre 26 e 31 de março. O Brasil teve 28 nomes convocados.
- Nossa entidade é ligada ao COB, que é ligado ao COI. Seguiremos exatamente as orientações dos superiores. Todas as recomendações serão seguidas. Estamos preparando os atletas e soltamos uma cartilha para quem for para fora evitar situações e tomar os cuidados necessários - afirmou Otsuka.
Até agora, a natação brasileira só tem classificados os revezamentos 4x100m livre masculino, 4x200m livre masculino e 4x100m medley masculino, e Ana Marcela Cunha, nas águas abertas. As vagas foram conquistadas no Mundial de Gwangju, na Coreia do Sul, no ano passado.