O sentimento de Bruna Takahashi ao chegar a Buenos Aires, na Argentina, onde o Brasil disputa os Jogos da Juventude, foi diferente da experiência dos demais 78 atletas da delegação verde e amarela. Com apenas 18 anos, ela é a única do grupo que já tem no currículo uma participação olímpica entre os adultos, na Rio-2016.
A jovem disputou o torneio por equipes do tênis de mesa na capital fluminense, em que as brasileiras caíram na primeira fase. Agora, enquanto muitos jovens de 15 a 18 anos começam a se ambientar ao clima de um grande evento, Bruna leva o status de “gente grande”, passa lições e tenta novo passo para se consolidar no cenário mundial.
– Como estive na Olimpíada, tenho uma boa noção de como é um evento deste nível. Várias pessoas já me falaram que eu seria a estrela do Brasil (risos). Eu me sinto honrada, é lógico, por todos acharem isso. Dá uma energia positiva para jogar e vivenciar essa atmosfera. É bem bacana o reconhecimento – contou Bruna, antes do embarque para a capital argentina, ao LANCE!.
Ela é a brasileira mais bem colocada no ranking da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF, em inglês), na 73 posição. Na lista sub-18, aparece em 33 lugar. Em 2018, vive um ano de ascensão. Foram quatro ouros nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba (BOL), em junho.
Bisneta de japoneses, Bruna entrou na modalidade graças ao incentivo da família. Os primeiros passos foram dados em forma de brincadeira, na Associação Cultural e Recreativa da Vila Pauliceia (ACREPA), em São Bernardo do Campo (SP). Atualmente, o tênis de mesa é assunto sério. Ela mora na vizinha São Caetano do Sul, onde treina, e ainda mantém o apego às tradições do país asiático.
– Eu gosto muito da cultura japonesa, principalmente da comida. Eles respeitam bastante as pessoas. Vi um vídeo na Copa do Mundo em que eles limpavam o lixo das arquibancadas – lembrou a brasileira.
A trajetória de Bruna anima para o futuro e rende esforços da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM). Quando está no exterior, ela conta com uma base em Slagelse, na Dinamarca. O francês Jean-René Mounie, que trabalha com Hugo Calderano, a auxilia na programação de atividades. A jovem sabe que, para crescer, precisa manter contato estreito com as melhores do planeta.
– Consigo perceber que estou evoluindo pouco a pouco. O Jean é bastante ocupado, mas me ajuda muito quando pode – disse Bruna.
Novato se inspira em Hugo
O paulista Guilherme Teodoro, de apenas 16 anos, é o outro nome da equipe brasileira de tênis de mesa nos Jogos da Juventude de Buenos Aires. E, graças a uma inspiração, sabe bem o que quer para o seus próximos anos.
Campeão latino-americano infantil no individual em Porto Rico, em 2015, tricampeão brasileiro no individual e campeão do Circuito Mundial juvenil no Paraguai, em 2018, o atleta seguiu os passos de Hugo Calderano, que neste ano fez história ao atingir o top-10 do ranking mundial (hoje, está em 11). Diante da falta de competitividade no Brasil, mudou-se em 2017 para a Alemanha, onde defende o clube SV Plüderhausen.
– Infelizmente, ficar no Brasil no tênis de mesa é difícil. Eu já bati um papo com o Hugo sobre isso. Ele foi para a Alemanha com 17 anos. Eu fui com 15 para 16. Acredito que preciso de tempo para aprender e evoluir meu nível. Posso chegar longe como ele – disse Guilherme.
Lá, o jogador recebe uma bolsa e conta com o suporte de uma empresa de materiais de tênis de mesa.
– Quero ser profissional. Aqui, vim para buscar uma medalha – falou.
Nos Jogos da Juventude de Nanquim (CHN), em 2014, o Brasil faturou uma medalha no tênis de mesa, justamente com Calderano. Ele levou o bronze.
Brasileiros vão bem na estreia
As disputas do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos da Juventude começaram ontem, com vitórias para o Brasil no tênis de mesa. Bruna bateu a neozelandesa Hui Ling Vong por 4-0, com parciais de (11-5, 11-6, 11-5 e 11-3). E
Nesta segunda-feira, às 11h30, ela enfrenta a polonesa Anna Janina Wegrzyn, sua principal adversária no Grupo A. Depois, às 19h, terá pela frente a fijiana Grace Rosi Yee.
Em seguida, Guilherme Teodoro derrotou o belizenho Horit Pagarani, por 4 a 0 (11-4, 11-3, 11-3 e 11-3), e perdeu para o japonês Tomokazu Harimoto, oitavo do mundo no adulto, por 4 a 0 (4-11, 7-11, 7-11 e 7-11). Mesmo assim, segue com chances de classificação.
BATE-BOLA
Bruna Takahashi, ao LANCE!
‘Eu não sinto nenhuma pressão. Vim aqui para tentar a medalha’
Qual é a diferença de sensação de disputar uma Olimpíada de adultos e os Jogos da Juventude?
Sinto que é diferente só na idade, porque, agora, enfrento meninas mais novas. Na Olimpíada do Rio, joguei contra atletas bem mais velhas que eu. Mas estou aqui para evoluir meu jogo e buscar uma medalha. Não sinto nenhuma pressão ou nervosismo.
Que avaliação faz da sua temporada e como você chega ao Jogos?
Este ano tem sido bem agitado. Disputei muitas partidas na Europa. Estava lá duas semanas antes da viagem para a Argentina. Os Jogos são uma experiência nova e me permitirão uma convivência diferente com os outros atletas.
Quais são seus planos? Pretende estudar, seguir no esporte ou tentar conciliar os dois?
No momento, só quero me dedicar ao tênis de mesa e pretendo evoluir bastante. Quero fazer a minha história, como o Hugo Calderano e outros. Se eu for estudar agora, não vou conseguir meu objetivo.
O tênis de mesa pode crescer?
Os resultados do Hugo são muito importantes para o Brasil e ele me inventiva. É preciso espaço na mídia.
QUEM É ELA
Nome
Bruna Yumi Takahashi
Nascimento
19/7/2000, em São Paulo
Altura e peso
1,70m/54kg
Conquistas
Campeã Mundial Infantil, em 2015; campeã Pan-Americana Juvenil, em 2017; campeã Sul-Americana Adulto, em 2018; e campeã Latino Americana Adulto, em 2018.