Oi, pessoal, tudo bom?
Ainda bem que esse próximo final de semana será o último sem corrida para mim na Indy, antes das três provas consecutivas que marcarão o final da temporada. Depois da corrida no misto de Indianapolis, no dia 14 de agosto, não andei em Madison, pois não fazia parte do meu acordo, e agora volto para as provas de Portland (12 de setembro), Laguna Seca (19) e Laguna Seca (26).
Como estou retornando agora à categoria, um mês sem acelerar faz muita diferença. Cada vez que a gente fica fora do carro, dá um passo atrás, perde um pouco do ritmo. Só para vocês terem uma ideia, vou dar o exemplo das provas de Nashville e Indy GP, que foram seguidas.
Tem todo um processo de adaptação para você se acostumar com a posição dos pedais, dos botões no volante e outras coisinhas mais. Assim, com duas corridas, uma atrás da outra, eu já tinha memorizado muitos detalhes e nem olhava mais para o volante na hora de acionar alguns comandos. A continuidade promove um avanço brutal.
Sexta-feira agora, depois de amanhã, vou para o simulador da Honda, em Indianapolis. Uma das atividades será usar o banco novo, que fui fazer lá na sede da Meyer Shank Racing, em Ohio. Em corrida, mesmo, só vou estreá-lo em Portland, mas no simulador dá para verificar se o banco está perfeito, mesmo sendo uma experiência estática. E posso garantir, depois de cinco ou seis horas direto sentado ali no simulador, nenhum detalhe do banco passa despercebido da gente.
Em Nashville, para melhorar a posição de pilotagem, colocamos um pouco de espuma no banco e repetimos a dose em Indianapolis. Mas esse negócio de colocar espuma é só para quebrar o galho. O correto é fazer um banco completamente novo, partindo do zero. E foi o que fizemos. Em termos de comparação, nos protótipos o piloto dirige numa posição menos inclinada do que no monoposto, justamente porque o carro é fechado e a posição do piloto não interfere na aerodinâmica. Em certa medida, o Aeroscreen permitiu que o piloto tivesse uma flexibilidade maior na hora de fazer o banco, sem aquela obrigatoriedade de ficar enfiado no cockpit e pilotar quase deitado.
Mas aí você pode perguntar:
- Não é muita frescura ficar tão preocupado com um banco, Castroneves?
Não é exagero, não. Vou explicar. Durante uma prova, obviamente, a concentração tem de ter total. O piloto precisa estar extremamente ligado para sentir o carro com precisão, memorizar onde está uma falha da pista para evitá-la, ouvidos atentos a todos os barulhos. Agora, fica difícil manter a concentração se você está batendo o joelho no painel, o cotovelo na parede do cockpit ou alguma outra coisa que atrapalhe no conforto que o piloto precisa para tirar o máximo do carro. E se passa do estágio do desconforto para dor, aí, meu amigo, a coisa fica feia.
Numa categoria tão competitiva como a nossa, quando todos os concorrentes têm acesso às mesmas ferramentas, a preocupação com detalhes tem de ser em máximo grau. Imagine perder uma pole por um milésimo decisivo foi perdido porque uma dor na “poupança” tirou sua concentração de hora de atacar uma zebra?
Então, nada de deixar passar os detalhes. Se quisermos vencer mais – e queremos!!! – a busca pela perfeição não pode parar.
É isso, pessoal. Abraço grande, cuidem-se e até semana que vem.
* Helio Castroneves, especial para o LANCE!