Papo com Helio Castroneves: ‘Os desafios do “quebra-cabeça” das pistas’

Piloto brasileiro da IndyCar fala sobre a expectativa para a última corrida do ano em oval, em Illinois

imagem cameraCastroneves na ponte 'Em Memória dos Veteranos da Guerra da Coréia', sobre o rio Cumberland, no traçado urbano de Nashville (Foto: Joe Skibinsk)
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Lance!
Illinois (EUA)
Dia 10/08/2022
15:36
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Em minhas colunas mais recentes, desde o início de maio, o fato comum foi que em todas elas eu comentava sobre alguma atividade de pista já nos dias seguintes. Foram, no total, 14 finais de semana seguidos acelerando, entre corridas e testes. Agora, cumprida a etapa de Nashville, no domingo passado, vamos ter essa semaninha de folga antes de entrar na fase final do campeonato.

No próximo dia 20, teremos a última corrida do ano em oval, em Madison, que fica no estado do Illinois. Depois, nos dias 4 e 11 de setembro, acontecerão as provas finais em Portland (Oregon) e Laguna Seca (California), respectivamente.

Na prova de domingo, em Nashville, que foi pra lá de movimentada, tivemos de alterar nossa estratégia várias vezes, na mesma velocidade em que as coisas aconteciam na pista, e nos mantivemos na disputa até o fim, chegando em 13º, mesmo parando oito vezes nos pits. Esse número excessivo de paradas foi relação direta com a quantidade de bandeiras amarelas, num total de oito. Isso sem contar com a vermelha no final da prova.

A dinâmica da corrida foi boa, com um trabalho muito bacana – e até divertido – na tentativa de encontrar as alternativas mais eficientes para avançar posições. Meu estrategista e eu fizemos um bom trabalho, pois não é fácil avançar 13 posições numa disputa com tantas variáveis. Foi uma pena que no sábado a coisa não funcionou.

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Era uma prova para largar bem melhor do que o 26º lugar, que foi minha posição no grid. Infelizmente, houve um problema de comunicação interna e o carro que foi para o Qualifying estava um bem diferente daquele que eu havia pedido. E num circuito de rua, com as dificuldades de Nashville, faria uma brutal diferença largar algumas filas na frente.

Sei que não adianta chorar sobre o leite derramado, mas numa equipe em constante desenvolvimento, como a Meyer Shank Racing, cada “gotinha desperdiçada” tem de ser analisada. É como no caso de um acidente aéreo, quando as autoridades se debruçam exaustivamente para descobrir as causas e tomar as providências necessárias para que não mais aconteça.

A gente não pode se esquecer que até o ano passado a MSR era uma equipe pequena, sem vitórias e que nunca tinha disputado uma temporada inteira com dois carros. Por causa disso, depois da nossa vitória em Indianápolis e a contratação do Simon Pagenaud, a equipe ampliou a estrutura e o número de pessoas trabalhando.

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Como se trata de um processo de transformação muito grande e inédito, as peças desse “quebra-cabeça” não necessariamente se encaixam rapidamente. As pessoas da MSR e as da Andretti que nos assistem, por causa da longa parceria entre os MM (Mike Shank e Michael Andretti), formam um conjunto fabuloso em termos de recursos humanos. Mas só trabalhando no dia a dia é que a gente verifica, na prática, se as pessoas estão efetivamente nas posições certas.

É mais ou menos assim. Se o cara é um goleiro formidável e o técnico manda o cara cobrar pênaltis, nem sempre a coisa funciona. Nem todo mundo é um Rogério Ceni, do meu glorioso São Paulo Futebol Clube – “Salve o Tricolor Paulista, Amado Clube Brasileiro, Tu És Forte, Tu És Grande, Entre Os Grandes É O Primeiro” -, que pegava tudo, marcava um monte de gols e hoje é um técnico premiado.

Acho que deu para entender, né? São acertos como esses que estamos fazendo aos poucos, com serenidade e paciência. A boa notícia é que muita gente já foi de cara para a posição certa e nosso time ganha em qualidade a cada prova.

Então, pessoal, é isso. Faz tanto tempo que não passo um domingo em casa que nem sei direito o que vou fazer. Só espero que minha mulher não me mande “pilotar” o cortador de grama. Abraço a todos e até semana que vem.

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