Beleza aí, pessoal?
Nesta semana, a chavinha está virada para a posição IndyCar. Estou passando um período na sede da Meyer Shank Racing, em Ohio, para trabalhar em detalhes que ainda não tínhamos tido tempo para dedicar a eles.
A dinâmica desse ano foi muito proveitosa, principalmente em Indianapolis, quando foi possível aproveitar com muita eficiência a janela de testes para a Indy 500. Mas nos mistos, pelo fato de ser uma corrida atrás da outra, logo de início ficou claro que alguns ajustes importantes precisavam ser feitos. Como não havia tempo para zerar o checklist, fizemos os mais importantes entre as corridas.
Agora, como já estamos em contagem regressiva para o campeonato do ano que vem, nada ficará para depois. Não me entendam mal, não é que tenha algo de errado com o carro ou a equipe. Nada disso, afinal, um time que vence a Indy 500 está em outro patamar, mais elevado.
A questão é que na IndyCar tudo é muito igual, com as chances de vitórias e títulos existindo para todo mundo em parcelas quase sempre bem semelhantes umas das outras. Dessa forma, temos de nos debruçar sobre detalhes que poderiam até passar despercebidos, mas que no todo fazem diferença.
E quanto falo em detalhes, estou falando de coisas como a posição de um determinado botão no volante, aquela rebarba que numa ondulação faz o joelho bater, uma mudança imperceptível na altura do banco, mas suficiente para que a base do Hans não aperte demasiadamente o ombro e mais outras coisas.
Há também características muito específicas para cada desenho de pista. Há algumas que você só percebe que precisa de um ajuste fino quando tem de virar para a direita, o que não acontece no oval. E vice-versa. Então, são inúmeros pontos que pedem uma verificação de excelência, quase laboratorial, na base de uma lente de aumento.
Além disso, como teremos agora dois carros o tempo todo, o meu e o do Simon Pagenaud, a equipe também cresce em número de pessoas e em atribuições. Significa que temos de pensar também nas melhores condições de trabalho e de conforto para cada membro da equipe, não apenas dos pilotos.
Sim, é verdade, quem senta a bunda no carro e acelera com tudo é o piloto. É o pescoço dele que está lá em primeiro lugar. Só que é ilusão pensar que o piloto é um lobo solitário e o automobilismo um esporte individual. Na cadeia produtiva, que tem a corrida como ponto máximo, há tanta gente envolvida que é impossível vencer se não houver um encaixe completo.
É por isso que todo mundo tem de estar feliz nesse processo, trabalhando e sendo reconhecido como parte integrante e fundamental. Pode parecer meio bobo falar assim, mas é realmente uma família, daquelas bem grandes, ruidosas e alegres, na base de um por todos e todos por um.
É isso, amigos. Forte abraço e até semana que vem.
* Helio Castroneves, especial para o LANCE!