Às vésperas de se despedir das competições internacionais de vela, Lars Grael recebeu uma festa surpresa nesta sexta-feira, durante o Campeonato Europeu de Star, em Riva del Garda (ITA). Os organizadores do evento, que tem status de Grand Slam da Star Sailors League (SSL), homenagearam o duas vezes medalhista olímpico na classe Tornado (Seul-1988 e Atlanta-1996) pela carreira.
A cerimônia aconteceu após a única regata do dia, que foi de poucos ventos. Lars e o proeiro Pedro Trouche foram os melhores do país, com um 15º lugar, e subiram três posições na classificação. Eles estão em 13º no geral.
Os dez melhores barcos de um total de 90 vão para as finais de domingo, o dia do "adeus" de um dos irmãos Grael das regatas pelo mundo. Mesmo que a dupla não entre no top 10, ainda haverá regatas da fase classificatória no dia.
Apesar da aposentadoria da vela internacional, Lars seguirá velejando de Star em competições no Brasil com o parceiro habitual Samuel Gonçalves. A dupla só não está junta na despedida porque, devido à previsão do nascimento de sua filha para junho, na época do Mundial da classe, em Porto Cervo, o proeiro mudou toda a sua programação de torneios.
- É difícil falar neste momento. Vocês da classe Star se tornaram uma família para mim. Eu usei uma canção do George Harrison para anunciar minha despedida, que diz "all things must pass" (todas as coisas precisam passar), mas há outra canção, do Paul McCartney, que termina dizendo "and in the end the love you take is equal to the love you make" (e no fim, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá" - discursou Lars, campeão mundial de Star em 2015, com Samuel, e campeão mundial de Snipe em 1983, com Torben.
O velejador, que foi presidente mundial da classe Star entre 2013 e 2017, também fez um agradecimento especial à esposa Renata, parceira em todos os momentos, sobretudo após o acidente que o levou a amputar a perna direita, em 1998, durante uma regata. E foi muito plaudido.
Lars e Trouche não tiveram um bom início de campeonato, devido a problemas de adaptação ao barco. Na quinta-feira, velejaram no top 10, mas não conseguiram se manter entre os melhores e sofreram com a água, que entrou em excesso.
- O fato de hoje termos velejado com vento mais fraco fez com que nós, pela primeira vez aqui, não fossemos lentos no contravento. Fizemos uma largada razoável, optamos pela esquerda, que não deu certo, mas acertamos uma sequência e ganhamos algumas posições - avaliou Lars.
Os brasileiros Robert Scheidt e Henry Boening queimaram a largada e foram desclassificados da regata, mas continuam na liderança geral, já que o pior resultado é descartado. Eles têm 14 pontos perdidos.
- Queríamos fazer uma boa largada, mas sem arriscar tanto. Não tínhamos noção de onde estava a linha, pois havia muitos barcos ao redor. Foi um erro não forçado e aproveitamos o nosso destarte. Não podemos perder a confiança - afirmou Robert.
O americano Paul Cayard e o brasileiro Arthur Lopes caíram para sexto lugar. Os outros brasileiros na disputa são Bruno Prada, que veleja com o americano Augie Diaz, em 17º, e Samuel Gonçalves, que nesta competição está ao lado do holandês Haico de Boer, em 54º.
* O repórter viaja a convite da Star Sailors League (SSL)