Bicampeão olímpico pela Vela, o brasileiro Robert Scheidt vive na Itália, um dos países mais atingidos pela pandemia de coronavírus. Mesmo confinado devido ao cenário caótico, o velejador de 46 anos não abandona a rotina de treinos físicos e planeja voltar às águas em breve. O paulista tem no horizonte a Olimpíada de Tóquio, que apesar do surto mundial de COVID-19, segue marcada para julho deste ano.
- Não posso o ir para a água porque existe uma proibição quanto a atividades externas. Mas estou tentando viabilizar uma permissão com uma carta do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) - revela Scheidt.
Caso consiga, Scheidt volta a colocar seu barco laser nas águas do Lago Di Garda, praticamente no quintal de sua casa, na cidade de Torbole, norte da Itália. Enquanto isso, divide o tempo entre os treinos físicos adaptados e a mulher, Gintare, e os dois filhos, Erik e Lukas.
- Essa é uma situação sem precedentes na historia mundial e no olimpismo. Provavelmente não teremos mais nenhuma competição até os Jogos e isso coloca todo mundo em um nível de igualdade. Todos chegarão sem ritmo de regata. Ao mesmo tempo, isso é uma oportunidade para quem souber aproveitar bem esse período para se preparar da melhor forma possível. É o que estou fazendo, tocando em frente - afirmou o maior medalhista olímpico do Brasil, com dois ouros, duas pratas e um bronze.
Para Scheidt, o momento não é de especular se os Jogos Olímpicos serão ou não cancelados. Mas de trabalhar com o foco em julho, já que, oficialmente, o evento está confirmado. Nesta terça-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou a manutenção da data original.
- Em termos globais, tudo isso é muito ruim. E no esporte não é diferente, mas é uma situação que não posso controlar. Assim, sigo na luta para fazer o máximo possível, com treinos físicos em casa, adaptando o que posso para manter o condicionamento, tônus muscular, força e flexibilidade - explica.
O atleta deveria embarcar na última quinta-feira para duas semanas de treinos na Espanha, antes de disputar o tradicional 51º Troféu Princesa Sofia, a partir do próximo dia 25, em Palma de Mallorca, mas foi obrigado a cancelar a viagem:
- Vou ficar na Itália com a minha família. Nem um retorno ao Brasil é cogitado, pois existe o risco de não conseguir voltar, sem falar na necessidades de quarentena.
A Defesa Civil da Itália anunciou nesta terça que o número de mortos em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) subiu para 2.503, um aumento de 345 vítimas em 24 horas. A quantidade de pessoas contaminadas, por sua vez, aumentou mais 2.989, totalizando 26.062 casos ativos de infecções.
DESAFIO OLÍMPICO
Scheidt retornou à classe Laser em 2019, após quase três anos ausente, desde os Jogos do Rio/2016, onde terminou na quarta colocação mesmo vencendo a medal race. Nesse período de readaptação às novas técnicas e nova mastreação, cumpriu seu objetivo principal, que foi o índice para Tóquio, com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão, em julho. Ele confirmou a vaga no Mundial da Austrália, em fevereiro, quando chegou à flotilha ouro e foi o melhor brasileiro na disputa.
Na volta à vela olímpica, Scheidt disputou outras três grandes competições. A última foi o Ready Steady Tokyo, no final de agosto de 2019, em Enoshima, quando terminou em 10° lugar, chegando à medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da classe Laser. Ele ficou próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia e na Semana de Vela de Hyères.