Aos 74 anos, Paulo Wanderley Teixeira poderá ser eleito nesta quinta-feira (3) para seu terceiro mandato à frente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) — ou segundo, pela ótica do atual mandatário, que considera que os primeiros três anos, entre 2017 e 2020, foi apenas um período “tampão”. São “conjunturas, conjunturas”, como ele repetiu algumas vezes em entrevista exclusiva concedida ao Lance! na semana passada, que você assiste completa acima. A eleição às 9h30 (de Brasília), no Parque Maria Lenk, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
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Discussões temporais de mandato à parte, Paulo Wanderley vai para o pleito respaldado por alguns bons números e outros, nem tanto. E chega também com um alto grau de incerteza quanto à chance de reeleição, visto que a Comissão de Atletas do COB — cujo total de membros responde por mais de 1/3 dos votos do colégio eleitoral — deve votar em peso no adversário, Marco La Porta.
As divergências, porém, estão mais ligadas à polêmica em torno de um longo tempo à frente do cargo do que a um eventual entendimento sobre falta de capacidade de gestão. Porque, ao longo das décadas, Paulo Wanderley conseguiu elevar o patamar do esporte brasileiro, seja à frente do COB, seja à frente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
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Currículo de Paulo Wanderley
Formado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), ele construiu sua trajetória no judô. Foi técnico da seleção brasileira da modalidade, inclusive do medalhista de ouro Rogério Sampaio nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992 — o mesmo Sampaio que ele levaria para ser secretário-geral do COB décadas mais tarde.
Depois de deixar o tatame, Wanderley assumiu a CBJ. Foram longos 16 anos à frente da confederação, período marcado por grandes conquistas, com 12 medalhas olímpicas e 30 em campeonatos mundiais.
O sucesso como gestor da CBJ, reconhecido entre seus pares, o alçou à condição de vice na chapa de Carlos Arthur Nuzman na eleição do COB em 2016. À época, Wanderley começava a ser preparado para concorrer à presidência do comitê dali a quatro anos. A renúncia de Nuzman um ano depois, porém, antecipou essa questão.
À frente do COB, Paulo Wanderley ajudou na modernização do estatuto, permitiu uma maior participação de atletas nas assembleias, buscou novos patrocínios e melhorou a posição do Brasil no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas houve um declínio na edição deste ano, em Paris.
Nos primeiros anos como presidente do COB, ele também enxugou gastos do comitê, cortando cargos com altos salários e começando o projeto de mudança da sede da entidade, que levaria alguns anos até se concretizar.
O perfil de bom gestor emplacou, mas a votação apertada que lhe deu o segundo mandato em 2020 (ou primeiro de fato, na sua avaliação), fez com que Paulo Wanderley se tornasse mais autossuficiente do que aquele que se apresentara alguns anos antes. Se lá no início o dirigente deixava transparecer que deixaria o cargo ao fim de 2024, aos poucos foi ficando claro que sua meta real é que lhe traz a este 3 de outubro: ficar até 2028.
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Quem é o vice-presidente de Paulo Wanderley?
O amapaense Alberto Maciel Júnior foi eleito vice-presidente do COB em maio deste ano, dois meses após Marcos La Porta deixar o cargo para lançar a sua candidatura. Agora, ele integra a chapa de Paulo Wanderley na nova eleição.
Antes de ser vice-presidente do COB, Alberto foi presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD), modalidade que praticava. Grão Mestre de Taekwondo 7º Dan pela World Taekwondo, Júnior Maciel começou na luta em 1991 e foi treinador das seleções brasileiras juvenil e adulta. Ele também é formado em Educação Física e Fisioterapia.