Rating Integra: ferramenta pode ajudar a mapear as dificuldades enfrentadas pelo esporte em geral
Em entrevista, Daniela Castro, diretora do Pacto pelo Esporte, fala sobre a entrada de clubes de futebol no 2º ciclo da iniciativa, que teve inscrições prorrogadas para 30 de junho
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Após anunciar o resultado de seu primeiro ano de avaliações, o Rating Integra, principal ferramenta de avaliação do grau de governança, integridade e transparência na gestão das entidades esportivas do país, acompanha de perto os desafios causados pela pandemia. Mesmo com a crise que paralisou o esporte em todo o planeta, inclusive com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021, a meta é preparar o setor para o pós-pandemia. Atuando com esse cenário, o Comitê Gestor reforça que mantém conversas constantes com as entidades e prorrogou o prazo de aplicação do Rating para 30 de junho.
Fruto da parceria entre empresas e o setor esportivo, o Rating Integra é uma iniciativa da Atletas pelo Brasil, Comitê Olímpico do Brasil (COB), Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Instituto Ethos e do Pacto pelo Esporte. Ele pretende servir de referência às empresas patrocinadoras no futuro, com o objetivo de aumentar a transparência e o investimento no setor. Esse ano, o Rating Integra também abriu inscrições para clubes, incluindo o futebol. Para se adequar aos clubes, que possuem estruturas diferentes de federações e confederações esportivas, o Rating desenvolveu uma matriz especial de avaliação, por isso eles ficaram fora da primeira edição.
- O Rating Integra pode ser importante para mapear as novas dificuldades que o esporte brasileiro vai enfrentar quando as competições forem retomadas e para estarmos preparados para os desafios. O Pacto pelo Esporte decidiu se aproximar ainda mais das entidades esportivas nesse momento para continuar com a sensibilização e mobilização do setor privado em prol do esporte, além logicamente, de atuar nas ações emergenciais necessárias no momento - afirma Daniela Castro, diretora executiva do Pacto Pelo Esporte.
Em entrevista, a executiva falou sobre a expectativa em relação ao segundo ano da ferramenta e a importância do movimento para o esporte brasileiro:
LANCE!: Com o esporte mundial paralisado por conta da pandemia do novo coronavírus, por que o Rating Integra resolveu manter essa edição?
Daniela Castro: Acreditamos que o Rating Integra pode ajudar os dirigentes brasileiros a aprimorar seus processos de gestão e transparência para que as entidades voltem ainda mais fortes quando as competições forem retomadas. O Rating pode balizar o que está dando certo e o que pode melhorar para que o esporte brasileiro tenha capacidade de se fortalecer e administrar essa crise causada pela pandemia da melhor forma.
As entidades não serão prejudicadas?
DC: Prorrogamos as inscrições do Rating Integra para o dia 30 de junho e estamos conversando constantemente com as entidades. Muitas delas, incluindo alguns clubes, já estavam dando andamento e preenchendo mesmo antes do surto de Covid-19. O Rating Integra pode ser importante para mapear as novas dificuldades que o esporte brasileiro vai enfrentar quando as competições forem retomadas e estarmos preparados para os desafios.
Algum clube de futebol já preencheu o Rating Integra?
DC: Alguns clubes já começaram a preencher o Rating, mas não especificamente de futebol.
O que será feito para atrair os clubes de futebol ao Rating Integra?
DC: Alguns patrocinadores já estão colocando em contrato a obrigatoriedade da adesão dos clubes ao Rating Integra. Já há conversas com a CBF e com os clubes, mostrando os benefícios que terão ao aderirem ao Rating Integra.
(Nota da Redação: na renovação de patrocínio com o Santos F. C., no ano passado, a Algar colocou em uma das cláusulas contratuais que o clube deverá preencher o Rating Integra, reforçando o comprometimento com as questões do Pacto pelo Esporte.)
Qual a vantagem para os clubes que participarem do Integra?
DC: São inúmeras, mas podemos citar algumas delas, como desenvolver um ambiente esportivo mais transparente, gerando confiança para atletas, patrocinadores do esporte e a sociedade como um todo, levando assim a um maior desenvolvimento do rendimento esportivo brasileiro. Por isso, atletas de várias modalidades apoiam a iniciativa.
Isso não pode afugentar os patrocinadores do futebol?
DC: O Rating Integra é um projeto de longo prazo e pretende justamente melhorar o setor esportivo para aumentar o investimento. Hoje, o patrocínio privado é uma fatia considerável do mercado e pretendemos, com o Rating, aumentar esse investimento. Temos grandes empresas que querem investir mais no esporte, desde que tenham confiança em vincular suas marcas nele.
Iniciativas semelhantes foram criadas no Brasil mas acabam enfraquecidas pela cultura de alguns dirigentes. No que o Rating Integra se diferencia?
DC: Ao contrário de outras iniciativas, geralmente feitas por uma única empresa ou entidade, por trás do Rating Integra está o Pacto Pelo Esporte. São cerca de 30 empresas, em uma iniciativa inédita no mundo. Elas garantem grande parte dos investimentos que movimentam o cenário. Foi uma iniciativa em conjunto com as próprias entidades esportivas, e, por isso, temos confiança que seguirá por muitos anos, sempre trazendo benefícios ao setor esportivo.
No primeiro ano, apenas entidades esportivas de pequeno porte acabaram participando do Integra. Por quê?
DC: Entendemos que o primeiro ano é sempre o mais complexo e serviu como fase de testes. Foram 26 entidades que participaram, com cinco se destacando. É um número razoável, levando em conta as dúvidas que surgem por parte das entidades e dos ajustes necessários no primeiro ano. Temos confiança que neste segundo ano, cujas inscrições estão abertas, teremos mais adesões.
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