Pouco mais de um ano se passou, e a imobilização sofrida pelo japonês Masashi Ebinuma (tricampeão mundial) ainda na primeira fase da Rio-2016 segue na memória do judoca Charles Chibana. Participando do Mundial de Budapeste (HUN), que inicia nesta segunda-feira, o paulista de 27 anos relembra a tristeza após o resultado negativo no Brasil. Chibana entra no tatame nesta terça, às 5h (horário de Brasília) para as eliminatórias da categoria até 66kg, a final será às 11h.
- Acho que é bem complicado, porque não são quatro anos. A gente sonha em disputar uma Olimpíada, ainda mais aqui dentro de casa, treina bastante para o resultado vir e quando não vem, é bem impactante e bem triste. Acho que só quem estava ali sabe qual a sensação. Para você se reerguer, dar a volta por cima, é bem complicado - comenta Charles, que completa:
- Eu não sonhava em só disputar uma Olimpíada, eu sonhava com a medalha olímpica. Qualquer coisa que você almeja muito, batalha, abdica de um monte de coisa e o resultado não vem, é bem chocante.
Esta não foi a primeira vez que o japonês atrapalhou os planos do paulista. No Mundial de 2013, também no Rio de Janeiro, paulista foi, novamente por imobilização, derrotado nas semifinais. Participando de seu terceiro Mundial, o nono colocado no ranking mundial busca, diferentemente de sua primeira Olimpíada, um 'bom resultado'.
- Fiz várias competições este ano, eu medalhei em quase todas. Acho que este é o caminho. Vamos subindo de pouquinho em pouquinho. Estou pensando no Mundial, onde quero buscar um bom resultado - afirma.
'Eu não sonhava em só disputar uma Olimpíada, eu sonhava com a medalha olímpica'
Apesar da dificuldade em deixar o resultado da Rio no passado, Chales iniciou 2017 com bons resultados. Das cinco competições que disputou com o kimono da Seleção, o descendente de japoneses subiu ao pódio quatro vezes (um ouro, duas pratas e um bronze). Apenas no Grand Prix Dusseldorf (ALE), o paulista não medalhou.
Ao comparar o Mundial com os Jogos Olímpicos, Chibana vê o primeiro como mais competitivo, já que, além de mais competidores, é permitida a participação de mais de um judoca por país.
- Este ano é a principal competição do judô. Podem ter mais atletas do mesmo país, dois japoneses, dois russos...Querendo ou não, é uma competição mais forte do que as Olimpíadas. É bem mais difícil. Este ano é a competição chave. Estou fazendo tudo para poder chegar bem - explicou.
Buscando o melhor rendimento possível, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) enviou atletas para aclimatações em países como Japão e França. Neste período, os brasileiros convocados treinam com locais dessas potências mundiais da modalidade. Chibana destaca a passagem pelas cidades japonesas de Hamamatsu (base da modalidade em Tóquio-2020) e Tóquio.
- Se cresce muito, ainda mais sendo no Japão, que é o berço do judô. A massa de treino lá é muito grande. Lá o pessoal faz judô como aqui o pessoal joga bola. São várias pessoas boas em cima do tatame - diz.
O Brasil também está entre as potências da modalidade, atraindo a atenção de estrangeiros para realizar suas aclimatações aqui. Contudo, juntamente com o mérito e respeito dos adversários pelos resultados já obtidos, um outro ingrediente vem de brinde, a pressão. Para Charles, porém, isso é algo natural que os judocas verde e amarelos devem aprender a conviver.
- Pressão tem em todo lugar, basta saber lidar com ela. A gente faz um trabalho para poder blindar. Acho que vai de cada um, mas pressão sempre vai existir.
O Mundial de Budapeste se inicia nesta segunda-feira e tem seu último dia de competições no domingo (três de setembro). Os primeiros brasileiros a pisar no tatame serão Eric Takabatake (60kg) e Stefannie Arissa Koyama (48kg). As eliminatórias serão às 5h (horário de Brasília), com as finais às 11h.
A delegação brasileira contará com 18 atletas, nove em cada naipe: Stefannie Arissa Koyama (48kg); Érika Miranda (52kg); Sarah Menezes (52kg); Rafaela Silva (57kg); Ketleyn Quadros (63kg); Maria Portela (70kg); Mayra Aguiar (78kg); Samanta Soares (78kg); Maria Suelen Altheman (+78kg); Eric Takabatake (60kg); Phelipe Pelim (60kg) Charles Chibana (66kg); Marcelo Contini (73kg); Victor Penalber (81kg); Eduardo Yudi Santos (81kg); Luciano Corrêa (100kg); David Moura (+100kg), Rafael Silva (+100kg).
Confira a trajetória de Charles Chibana após a Rio-2016:
Grand Slam de Abu Dhabi (out/2016) - bronze
Grand Prix Dusseldorf (fev/2017) - fora do pódio
Open de Santiago (mar/2017) - prata
Open de Lima - (mar/2017) - campeão
Grand Prix Tbilisi (mar/2017) - bronze
Grand Slam Ekaterinburg (mai/2017) - prata