Sainz destoa com pole, mas caminho até vitória passa por disputa tripla na Cidade do México
Desafio maior começa já na largada em uma corrida que se desenha, novamente, em um embate triplo — ou quádruplo, dependendo do ponto de vista
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O sábado (26) da Fórmula 1 na Cidade do México revelou um cenário dos mais intrigantes para a 20ª etapa da temporada 2024. Em um pista manhosa, de baixa aderência e em alta altitude, o dia também foi marcado por acidentes, escapadas grandes e pequenas, decepção e uma boa dose de drama. Mas foi Carlos Sainz quem melhor driblou as armadilhas do Hermanos Rodríguez. O espanhol cravou a pole em uma volta precisa e sem erros — na verdade, os dois giros do ferrarista no Q3 foram perfeitos. Sainz foi o único a virar abaixo de 1min16s, o que lhe rendeu a primeira posição de honra do grid no ano. Mais do que isso, já o coloca agora perto de um desejo que vira mexe comenta: vencer uma vez mais com o carro vermelho. E sim, a Ferrari é favorita ao triunfo, mas o caminho até lá passa por desafiar um estranho momento vivido pelos rivais e uma longa reta de quase 1km.
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Isso porque Max Verstappen conquistou uma importante segunda colocação — inesperada até, por conta dos problemas não só de motor, mas também de equilíbrio do RB20. Depois de sofrer na sexta-feira e ter a unidade de potência trocada, o neerlandês precisou trabalhar duro até encontrar uma configuração mais próxima daquilo que é necessário no circuito do México. Afinal, o ar rarefeito provoca mudanças no acerto aerodinâmico e no comportamento dos pneus. Mas o tricampeão soube neutralizar as falhas e entrou seriamente na briga pela pole. Teve a primeira volta deletada e só na segunda tentativa foi capaz de se colocar na primeira fila, à frente de Lando Norris.
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— Não achei que fosse possível [a pole]. O TL3 já não foi tão bom, portanto já estava sob muita pressão para fazer uma boa classificação. Aí meu tempo de volta foi deletado. Isso aumentou ainda mais a pressão, mas estou feliz por estar na primeira fila — disse o número 1 da Red Bull.
Agora, a chance de vencer ganha contornos reais, porque a largada será um ponto fundamental. O espaço de 830 m até a primeira freada é mais do suficiente para buscar a liderança. Porém, será necessário não só partir bem, como anular o pole e, principalmente, quem atrás, tentando aproveitar o vácuo — historicamente, a primeira fila é mais um fardo do que propriamente uma vantagem na pista mexicana.
Só há uma ressalva: o ritmo de corrida. Por conta dos contratempos enfrentados nos treinos livres, o desempenho dos taurinos em condição de prova ainda é incerto. Mas se levar em consideração a performance da semana passada, há briga e, uma vez na ponta, o piloto #1 pode se tornar difícil de caçar.
— Carlos é um piloto de qualidade. Ele se mostrou bem em todo fim de semana, e o ritmo de corrida está muito forte. É uma longa jornada até a curva 1, então, é preciso uma boa largada — adiantou o chefe da Red Bull, Christian Horner.
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E esse precisa também ser o pensamento dos ferraristas. Em Austin, Charles Leclerc assumiu o primeiro posto logo na primeira curva, depois de um embate mais feroz entre os ponteiros. Desta vez, a equipe italiana é que tem de se defender. A seu favor está o momento. A escuderia de Maranello vive uma fase altamente competitiva em que já ameaça seriamente McLaren e Red Bull pelo Mundial de Construtores. Novamente, a qualidade da SF-24 revisada fez a diferença, e o ritmo de corrida é consistente o bastante para encarar os rivais, como aconteceu sete dias atrás. Um detalhe picante: Sainz corre totalmente por fora, já que está longe da ponta da tabela, e isso pode ser um trunfo dos mais valiosos.
— Muitas vezes, ficamos com a sensação de que não é possível encaixar uma boa volta completa aqui no México, pois é difícil lidar com os carros escorregando. Mas, honestamente, minhas duas voltas no Q3 foram praticamente idênticas, quase perfeitas. Acabei de fazer duas voltas realmente sólidas no Q3, o suficiente para a pole, e estou muito feliz porque normalmente não é o que acontece aqui no México. É uma pista muito complicada — comemorou Sainz.
— Desde Austin, pelo menos do meu lado, conseguimos dar um passo à frente. Também na classificação, tentando encontrar algo a mais na volta de preparação e cuidando bem dos pneus, e parece que estamos indo na direção certa. Obviamente, temos de terminar o trabalho amanhã, mas pelo menos a pole de hoje mostra o progresso que fizemos. Estou ansioso para manter a primeira posição na curva 1 e, a partir daí, espero que nosso ritmo de corrida seja bom o suficiente para vencer — completou o madrilenho.
Há ainda outro elemento que a Ferrari não pode descartar. Norris é o terceiro no grid e também tem nas mãos um carro rápido o bastante para entrar na vitória. E o fato de estar na segunda fila não é de todo ruim. No entanto, será exigido uma boa dose de ousadia e senso de oportunidade. Porque a performance em corrida parece tão ou mais consistente que a dos rivais italianos. “É difícil dizer [se conseguiu o que precisava na classificação], mas estou feliz com o terceiro lugar, honestamente. Sinto que cheguei ao limite do carro muito rapidamente, o que fez parecer bom. Lutei para tirar muito mais proveito nas duas voltas finais”, disse Lando.
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— Não fizemos longos stints como serão os de amanhã, o que será um ponto de interrogação para todos nós. Ferrari tem sido muito boa em classificação e em ritmo de prova nas últimas etapas. Vai ser difícil, mas estamos em boa posição — acrescentou o inglês, que tenta ainda tirar pontos de Verstappen na briga pelo campeonato.
E se Norris parece uma ameaça, Leclerc também. Embora não tenha apresentado o mesmo desempenho do colega de Ferrari, o monegasco pode surpreender. A segunda fila ainda é interessante o suficiente para uma eventual disputa na curva 1. “A única coisa que me deixa otimista é que fui o mais rápido em ritmo de corrida”, cravou Charles.
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Portanto, o GP da Cidade do México se desenha como uma briga tripla das mais concretas, mas também será um jogo de paciência, de entender e tirar o melhor dos pneus — que, embora exibam baixa degradação, o Hermanos Rodríguez é uma pista traiçoeira. A largada também será crucial, mas os rumos da corrida, que vai depender menos da estratégia, uma vez que a parada única é a tática mais veloz, vão passar por um teste tenso e de zero erros.
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