Sem arrependimentos, Scheidt busca novos desafios fora da vela olímpica

Mesmo sem tentar um novo ciclo, o maior atleta olímpico do Brasil afirma que seguirá velejando, mas acha difícil outro conseguir repetir seu feito

imagem cameraRobert Scheidt é o maior medalhista olímpico do Brasil, com cinco medalhas (Foto: Divulgação)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 17/10/2017
10:24
Atualizado em 17/10/2017
14:00
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Participante das seis últimas edições dos Jogos Olímpicos, Robert Scheidt se despede de uma vida dedicada à vela olímpica. Aos 43 anos, o velejador encerra a parceria de aproximadamente um ano com o proeiro Gabriel Borges na classe 49er e coloca um ponto final em sua gloriosa trajetória.

O maior medalhista olímpico da história brasileira explica que foi uma junção de fatores que culminaram na opção por encerrar a carreira dentro dos Jogos Olímpicos.

- Colocando isso tudo na mesa e considerando o meu momento de vida, estreando numa classe com 43 anos, com algumas pequenas lesões que me impedem de realizar um volume extremamente alto de treinamento, aliado ao meu momento pessoal e as características da classe, optei por parar - explicou Robert, que completa:

- Passada esta temporada, eu me aconselhei com muitas pessoas da 49er e chegamos a conclusão que, para chegar no auge nesta categoria, precisaríamos, nos próximos dois anos, realizar uns 200 dias por ano na água para almejar chegar num top-10 mundial.

Dizer adeus a uma vida dedicada a vela olímpica não será um desafio fácil, mas Scheidt revela que já pensava no assunto desde o fim da Rio-2016, quando ficou com a quarta colocação da classe laser, vencendo a 'medal race' (regata da medalha).

- É uma decisão difícil, porque o meu espírito de atleta, é de continuar e sempre querer mais. Foram seis Olimpíadas, cada uma com sua história. Não me arrependo de nada. Claro que gostaria de seguir adiante, mas, devido a todos estes fatores, eu achei que, para o meu atual momento, seria melhor deixar a vela olímpica e voltar a velejar em outras categorias, começar a dize sim para algumas categorias. Já neguei muitos convites interessantes, em prol da vela olímpica - revela o bicampeão olímpico, que completa:

- Acima de tudo, vai ficar uma grande saudade. É difícil, de um dia para outro, você acordar e não ter mais aquele objetivo olímpico à frente. Acho que a coisa mais linda da vida de um atleta é representar o país dele nos Jogos Olímpicos. Nada se compara a isso.

Com a Volvo Ocean Race (Volta ao Mundo) iniciando em poucos dias, Scheidt revela que participar desta competição não está entre as suas metas futuras.

- Já tive convites para participar dela, neguei alguns em prol da vela olímpica. Não me vejo fazendo a Volvo. Eu prefiro ir para barcos em que você não fique no mar por um período tão longo. É um sacrifício físico enorme. Tenho os meus dois filhos em casa, preso muito isso. Admiro das regatas, sou um fã e vou torcer para o Joca e a Martine. 

Para o futuro, Robert conta que deseja 'velejar mais na classe Star', onde soma três títulos mundiais e duas medalhas olímpicas. A primeira competição será em dezembro deste ano, na SSL Finals, em Nassau (BAH). 

- É uma regata muito legal, com grandes estrelas da vela. Quero competir mais na classe Star ano que vem. Também avalio a possibilidade de velejar em barcos grandes. 

Fazendo parte de uma geração que contou também com Torben e Lars Grael, Scheidt afirma que dificilmente outro velejador chegará a suas cinco medalhas olímpicas. 

- É difícil dizer. Cinco medalhas olímpicas é muita coisa, principalmente agora com as classes ficando mais limitadas quando a longevidade dos atletas. Porém, é possível que aconteça - afirma. 

Para Scheidt, escândalos na Rio-2016 são 'oportunidade de mudança'

Com uma vasta experiência olímpica, Robert Scheidt não fugiu de perguntas sobre as investigações da Operação 'Unfair Play', que investiga a suposta compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse eleito sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Surpreso com as notícias, o velejador afirma que a crise também pode ser encarada como uma oportunidade de mudança. 

- Foram uma grande surpresa. Toda a crise também é uma oportunidade de mudança. É o momento de sentar, avaliar e pensar em fazer uma gestão nova, transparente, com uma participação melhor de técnicos e atletas. 

Com seis participações em Jogos Olímpicos no currículo, Scheidt afirma que a Rio-2016 foi um sucesso, mas que está manchada pelas atuais denúncias.

- A Rio-2016, a meu ver, foi uma Olimpíada bem organizada, um sucesso. Essas notícias arranham essa imagem da Olimpíada do Rio, isso é inevitável. 

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