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Senna Eterno: relembre acidente e morte de Ratzenberger na classificação do GP de San Marino de 1994

Piloto austríaco sofreu gravíssimo acidente no macabro fim de semana do GP de San Marino de 1994 e virou a primeira morte do Mundial em oito anos

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imagem cameraRatzenberger faleceu na véspera do GP (Foto: Reprodução)
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Grande Premio
São Paulo (SP)
Dia 30/04/2024
13:00
Atualizado em 30/04/2024
13:11

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O dia 30 de abril de 1994 ficou marcado como um dos mais tristes da história dos 74 anos de Mundial de Fórmula 1. O piloto austríaco Roland Ratzenberger, de 33 anos, não resistiu aos ferimentos de um grave acidente com sua Simtek durante a classificação do GP de San Marino. Esta foi a primeira morte da categoria desde Elio de Angelis, em 1986, e representando mais um capítulo do macabro fim de semana em Ímola, que tiraria a vida de Ayrton Senna no dia seguinte.

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Diferente do ‘gêmeo perdido’ Senna, Ratzenberger teve uma trajetória de chegada ao Mundial bem diferente. Ela aconteceu de forma bem tardia, aos 33 anos. Antes disso, o austríaco somou passagens por categorias como o Mundial de SportsCar, F3000 Japonesa e F3000 Britânica.

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A chegada ao grid da Fórmula 1 veio pela Simtek. A equipe tinha sido criada pelo empresário Nick Worth, que já havia tido equipe de mesmo nome que prestou serviços para FIA e outros times do Mundial fornecendo desenhos de chassis e túnel de vento. Um dos antigos acionistas da Simtek Research era Max Mosley, que virou presidente da FIA e vendeu a parte de volta para Worth.

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Com a decisão de entrar na F1 em 1994, Worth tinha como um dos principais acionistas Jack Brabham, que viu o filho David se tornar um dos titulares do time. Apesar de nomes como Andrea de Cesaris e Gil de Ferran terem sido considerados, a outra vaga caiu no colo do estreante Ratzenberger.

As deficiências do S941 ficaram evidentes logo de cara. Tratava-se de um dos poucos carros com câmbio completamente manual, o motor Ford era menos potente do que das outras clientes da montadora americana e também era a equipe de menor staff, com apenas 35 funcionários. Logo na abertura da temporada, no GP do Brasil, Ratzenberger sequer conseguiu se classificar para a prova.

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No GP do Pacífico, em Aida, foi um dia de festa para o time, que conseguiu colocar os dois carros no grid, alinhando na última fila. Apesar do ritmo muito mais lento, Roland conseguiu ver a bandeira quadriculada, 5 voltas atrás do vencedor Michael Schumacher, mas com o 11º lugar. Brabham abandonou. E o cenário para a prova seguinte, em San Marino, era claro: uma batalha contra a Pacific por uma vaga entre os 26 que iriam alinhar.

Nos treinos livres de sexta-feira, Ratzenberger ficou na 26ª e na 25ª posição. A ausência de Rubens Barrichello, da Jordan, após o grave acidente de sexta-feira, deixou apenas uma vaga de fora do grid, em vez das tradicionais duas pelas 28 inscrições. Na sessão, Roland tinha o tempo de 1min27s657, que o colocava em 25º no grid. Paul Belmondo, da Pacific, era o então eliminado.

Com 18 minutos restantes para o fim da sessão, Ratzenberger ainda tentava melhorar o tempo para garantir a vaga no grid de forma mais tranquila, quando passou sobre a zebra na curva Acqua Minerale e danificou a asa traseira. Só que Roland não foi aos boxes, decidiu dar mais uma volta. Aí, a asa se soltou do carro e, sem controle, o austríaco atingiu o muro na curva Villeneuve a aproximadamente 314 km/h. Sem barreira de pneus ou outro recurso para amortecer impacto, estima-se que a força G da pancada foi de 500G. A maior da história da Fórmula 1.

Quando a câmera da transmissão cortou para o carro de Ratzenberger, era possível ver a lateral da Simtek inteira destruída, e a cabeça do piloto sem firmeza, indicando o desmaio. A sessão foi imediatamente interrompida. Os médicos rapidamente chegaram ao local e tentaram o reanimar ainda na pista, o levando depois de ambulância ao centro médico do autódromo. Roland foi encaminhado de helicóptero ao Hospital Maggiore, onde chegou às 14h07 (do horário local), mas foi declarado morto apenas 8 minutos depois com três lesões fatais: fratura na base do crânio, trauma contuso por ser atingido pelo pneu dianteiro esquerdo e uma ruptura de aorta.

Tricampeão mundial, Senna visitou o local da batida com o safety-car minutos depois. Ele recebeu a notícia da morte de Roland por Sid Watkins, médico-chefe da categoria, que tentou convencer o brasileiro a não correr no domingo, mas recebeu uma resposta negativa.

A sessão de classificação chegou a ser reiniciada 48 minutos depois, mas a maior parte das equipes optou por não ir para a pista. O tempo registrado por Ratzenberger seria suficiente para classificar em 26º e último lugar. Belmondo inicialmente seria promovido ao posto, conforme pede o regulamento, mas optou por não correr em respeito ao austríaco.

Enquanto cerca de 3 milhões de pessoas acompanharam o cortejo e o funeral de Senna nas ruas de São Paulo, o velório de Ratzenberger foi mais modesto. 250 pessoas participaram, com alguns ex-companheiros de Fórmula 1, como Brabham, Johnny Herbert, Heinz-Harald Frentzen e Karl Wendlingler. Presidente da FIA à época, Mosley não esteve em São Paulo, mas foi a Salzburgo: “Roland foi esquecido. Então, fui ao funeral porque todos tinham ido no de Senna. Pensei que era importante alguém ir neste”, declarou anos depois.

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