O GP de São Paulo deste domingo (3) tinha tudo para ser um ponto de virada no campeonato a favor de Lando Norris. Pole, já vencera a corrida sprint e via o único rival largar na 17ª posição, fruto de azar na classificação e uma punição. O que se viu, porém, foi totalmente diferente. Max Verstappen engoliu de maneira implacável, contou com golpe de sorte enorme e fez o que era preciso para vencer. O tricampeão coloca, assim, uma mão e quatro dedos no tetracampeonato mundial de Fórmula 1.
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Verstappen passou cinco pilotos na largada, com uma sequência de movimentos habilidosos nas primeiras curvas. Daí em diante, impôs ritmo forte e dureza implacável na hora de disputar na pista. Foi o suficiente para chegar ao sexto lugar, contando também com o fato de ter pneus intermediários novos, poupados pela eliminação no Q2 da classificação, enquanto sobretudo os dez primeiros colocados usavam intermediários já gastos.
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Em seguida, um golpe de sorte: o safety-car causado por Franco Colapinto que causou bandeira vermelha quando os ponteiros já tinham parado. Verstappen pôde trocar pneus durante a interrupção e tomou as posições Charles Leclerc, Lando Norris e George Russell sem precisar fazer nada. Estava somente atrás de Esteban Ocon, posição que ganhou numa relargada posterior, causada por erro de Carlos Sainz, para assumir a dianteira na volta 40 de 69 e sumir na frente. E sumir de vez no campeonato, onde voltou a abrir mais de 60 pontos.
Atrás de Verstappen, o pódio ficou com uma apoteótica corrida da Alpine. Com atuações de extrema categoria, Esteban Ocon e Pierre Gasly foram, respectivamente, segundo e terceiro colocados. Mais que isso, colocam a Alpine na frente de Williams, RB e Haas na classificação do Mundial de Construtores.
George Russell ficou na quarta colocação, seguido por Charles Leclerc e Lando Norris. Praticamente derrotado no Mundial de Pilotos, Norris perdeu a liderança na largada, depois perdeu três posições na sequência da bandeira vermelha causada por Colapinto. Mas, no fim da história, errou em relargada posterior e terminou de jogar fora qualquer possibilidade. Yuki Tsunoda, Oscar Piastri, Liam Lawson e Lewis Hamilton fecharam o top-10.
A corrida contou com uma miríade de problemas. Lance Stroll bateu antes mesmo da largada e atrasou os procedimentos, fazendo a corrida começar com 18 – Alexander Albon sequer largou. Colapinto, Sainz e Nico Hülkenberg também abandonaram por acidentes solitários. As escapadas da pista vieram aos montes, bem como os toques, mas 15 carros chegaram ao fim.
A Fórmula 1 agora tem duas semanas de descanso e volta apenas no fim de semana dos dias 22 a 24 de novembro, na segunda edição do GP de Las Vegas.
Confira como foi o GP de São Paulo de F1:
Apesar de toda a incerteza do sábado, a Fórmula 1 classificou na manhã do domingo e se aprontou para a largada na hora certa. A previsão indicava quase 90% de chances de chuva ao longo da prova e a pista ainda estava molhada. A temperatura ambiente era de 23°C e o asfalto, bem frio, em 28°C.
Todo o grid que partia para a pista tinha pneus intermediários. Carlos Sainz era o único a largar dos boxes, enquanto Alexander Albon, após quebrar o carro no acidente da classificação.
Logo na volta de apresentação, Lance Stroll rodou sozinho e bateu a asa dianteira no muro. Quando engatou o carro, virou deliberadamente para a brita, num movimento inimaginável. Ali, claro, ficou preso. Um começo desastroso para um dos pilotos que se acidentou horas mais cedo. Bem como no ano passado, um abandono na hora de alinhar para a largada, que agora teria somente 18 carros.
A largada, então, foi cancelada. Lando Norris seguia na frente, com George Russell, Yuki Tsunoda, Esteban Ocon, Liam Lawson, Charles Leclerc, Oscar Piastri, Fernando Alonso, Valtteri Bottas, Sergio Pérez, Pierre Gasly, Lewis Hamilton, Oliver Bearman, Franco Colapinto, Max Verstappen, Nico Hülkenberg e Guanyu Zhou na sequência.
Largada cancelada quer dizer ficar parado no grid, mas não foi o que aconteceu. A maioria dos pilotos partiu para mais uma volta de apresentação, liderados pelo pole Norris, que logo foi colocado sob investigação. Um grupo de pilotos ficou, entre eles Verstappen. No meio da confusão, com um buraco na frente dele no grid, Colapinto ainda parou no lugar errado.
A direção de prova, no meio da confusão, adiou a largada em dez minutos. No tempo marcado, hora de partir de verdade. Ainda na reta, Russell já estava na frente de Norris e assumia a primeira posição. Tsunoda e Ocon sustentaram as posições, seguidos por Leclerc, Lawson e um agressivo Piastri. Gasly fazia grande largada e saltava de 12º para nono. Verstappen quase que de imediato era o 12º. Mas passaria Bottas e Hamilton nas duas voltas seguintes, enquanto Pérez abria a porta para todo mundo ao rodar sozinho.
O aviso de Sainz era que a chuva já caía forte no terceiro setor, algo que a Red Bull confirmava em seguida: aumentaria bastante nos minutos seguintes, mas duraria pouco tempo.
Russell abria 1s5 para Norris ao fim da quarta volta e ouvia da Mercedes o aviso para achar água na pista com o intuito de esfriar os pneus. Fora dos pontos, os novatos Bearman e Colapinto tocavam na Curva do S, com o piloto da Haas levando a pior e ficando para trás. Oliver recebeu punição de 10s na sequência por ter causado a colisão.
Além de Norris, Russell, Tsunoda e Lawson também estavam sob investigação pelo erro na largada cancelada. Verstappen, após engolir a galera na primeira volta, continuava ultrapassando e passava por Alonso. Já era o oitavo colocado. Hamilton, ainda fora dos pontos reclamava novamente. “Está muito ruim e quicando sem parar”, falou.
E Verstappen? Voando na pista com pneus intermediários novos, que poupou na classificação, ultrapassava Piastri para mostrar que não estava melhor apenas que as equipes mais lentas. Em seguida, tomaria o sexto posto de Lawson, que sequer jogou duro – Piastri também não tinha.
Hamilton, cheio de dificuldades, passeou pelo gramado, perdeu posição para Hülkenberg e ainda foi ultrapassado por Colapinto ao voltar para a pista. Na captura de Leclerc, Verstappen virava a volta mais rápida da corrida. A diferença entre ele e Russell, líder, após 17 das 69 voltas, era de 12s. Norris, por sua parte, reclamava de lentidão nas retas.
Logo após fazer um passeio no gramado da Curva do Café, Alonso recebeu aviso de que viria chuva forte de verdade em 15 minutos. A previsão do tempo durante o fim de semana sempre apontou maior chance de chuva forte para o domingo por voltas das 14h.
Apesar da reclamação, Norris pela primeira vez na corrida baixava a distância de Russell para 1s. Hamilton continuava brigando com o carro e abria porta para Sainz e Bearman no eu só podia ser classificada como uma corrida melancólica do heptacampeão. Mas Sainz também errou pouco depois e deixou Bearman e Hamilton passarem por ele.
A luta que esquentava era pela quinta colocação. Leclerc escapou e deixou Verstappen chegar, mas fechou a porta em grande estilo para negar os ataques de Max.
No quesito limites da pista, Colapinto não parava de ter voltas deletadas. Continuasse daquela forma, será certamente punido.
Leclerc foi o primeiro a parar nos boxes, já na volta 26, e abrir caminho para Verstappen. A Ferrari decidiu colocar pneus intermediários novamente. Norris conversava com a equipe sobre uma possível tentativa de parar para forçar undercut contra Russell, mas a McLaren não se animava muito. O motivo era a melhora da pista. Se a chuva caísse nos minutos seguintes, seria uma parada jogada fora.
E foi exatamente o que aconteceu. Instantes depois, a chuva apertou violentamente. Hülkenberg rodou na abertura da volta e, com o spray d’água bem maior, o VSC ingressou no traçado. Serviu de partida para a janela de pit-stop disparar, mas só quem estava do nono posto para trás é que teve a chance de parar na primeira volta sem bandeira verde. Ainda importante: Hülkenberg foi colocado sob investigação por voltar à pista com ajuda externa, algo passível de desclassificação.
Pouco antes das paradas, bom grifar, um toque entre Piastri e Lawson fez com que os dois saíssem do caminho de Gasly – Oscar foi punido com 10s. Ocon deu outro momento contente para a Alpine e limpou Tsunoda pelo terceiro posto.
Na segunda volta possível, Norris e Russell entraram juntos e saíram juntos. Mas Norris resolveu a parada uma volta depois e tomou a posição, finalmente. Ocon, Verstappen e Gasly continuavam na pista e ocupavam as três primeiras colocações.
Aí, na volta 29, safety-car acionado. A chuva já era bem forte, mas começaria a diminuir em 2min, segundo a Alpine. Lawson ainda teve tempo para dar um verdadeiro chega para lá em Hamilton.
Ainda era safety-car quando, na volta 32, Colapinto perdeu completamente o controle do carro na subida do Café e foi direto para o muro de maneira retumbante. Bandeira vermelha e decepção olímpica da torcida argentina em Interlagos. A corrida voltaria com menos dois pilotos: além do argentino, também Hülkenberg, com desclassificação confirmada.
Após interrupção de 20 minutos, a relargada viria na 33ª volta com uma relargada lançada e a Mercedes sob investigação pela maneira como a equipe mexeu nos pneus de ambos os carros. Ocon comandava a situação, seguido por Verstappen, Gasly, Norris, Russell, Tsunoda, Leclerc, Piastri, Alonso e Lawson no top-10.
Norris recebia o aviso de que a chuva apertaria um pouco mais na largada, mas pararia em cerca de 10min. Na preparação para abrir a volta com bandeira verde, Bearman e Zhou já passavam por fora da pista em passeio no gramado. Enfim, a relargada foi adiante e Ocon defendeu a liderança, mas Norris, na tentativa de pegar Gasly, escapou e abriu caminho para Russell encostar e recuperar o quarto lugar.
“Esses não são os intermediários novos. Que pneus são esses?”, questionou Sainz para ouvir a Ferrari preferir o silêncio. E era perseguido por Bearman, que novamente escapava da pista. E faria uma vez mais duas voltas depois. Mas Sainz devolveria o erro com vigor. Na verdade, cometeria o mesmo equívoco da classificação, ao passar vários metros em cima da linha branca ao redor do S do Senna. Bateu e fim de papo num fim de semana terrível.
A entrada do safety-car precedia nova interrupção na prova. Hamilton, que recuperara posições e aparecia na nona colocação e dentro dos pontos, recebia o aviso da expectativa de nova pancada de chuva perto do fim.
E na relargada Verstappen insistiu e mergulhou por dentro para passar Ocon, enquanto Norris de novo largou mal, perdeu espaço e ainda foi fora da pista, caindo para o sétimo lugar. O campeonato começava a ver o final desenhado.
Mas teve mais coisa acontecendo. Lawson ultrapassou Alonso e Hamilton de uma vez só, enquanto Bearman atacou Lewis e fez o veterano jogar duro. Alonso saiu da pista e caiu para último entre os 15 restantes.
Norris não perdeu tempo para pedir, a McLaren mandou Piastri ceder a sexta colocação. Na frente dos dois, Leclerc escapava da pista no Laranjinha e voltava às pressas. Embora tenha perdido a posição para Russell, ainda foi colocado sob investigação pela maneira que voltou ao traçado.
Se Verstappen sumia rumo à vitória e Ocon e Gasly mantinham o pódio, mas atrás Pérez mergulhava para cima de Lawson e voltava a protagonizar desinteligência contra o jovem neozelandês. Assim como no México, levou a pior e ainda ficou para ser ultrapassado por Hamilton.
“Vou terminar a corrida pelos mecânicos, mas estou com muita dor nas costas”, dizia Alonso no 14º lugar.
E foi isso. Verstappen conquistou uma vitória que será lembrada nas memórias do campeonato de 2024, enquanto Norris ficou somente em sexto. Campeonato praticamente resolvido. Mas festa da Alpine com pódio duplo.