De volta à Seleção após três anos, Felício é arma contra Argentina
Vitória para Nigéria na despedida da Olimpíada de 2016 foi a última partida oficial do pivô do Chicago Bulls com o Brasil. Estreia no Torneio Internacional de Lyon será nesta quinta<br>
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Além de sacramentar a despedida do Brasil dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a vitória sobre a Nigéria por 86 a 69, há exatos três anos, na Arena Carioca 1, também marcou um inesperado até logo de Cristiano Felício com a Seleção Brasileira masculina de basquete. Daquela triste segunda-feira até esta quinta-feira, data da estreia do time comandado por Aleksandar Petrovic no Torneio Internacional de Lyon, contra a Argentina, às 13h (de Brasília), com transmissão do SporTV, foram três anos sem vestir a camisa verde e amarela.
Felício até flertou com um retorno em junho do ano passado, quando a Seleção enfrentou a Venezuela, em Caracas, e a Colômbia, em Medellín, pela terceira janela da classificatória para a Copa do Mundo da China. Mas um seguro extra exigido pelo Chicago Bulls impediu que o jogador se apresentasse ao técnico Petrovic e acabou adiando seu retorno.
- Eu já estava no aeroporto para vir para o Brasil, mas por questões com o meu seguro não consegui embarcar. É sempre muito frustrante para um atleta não poder servir à seleção. Desde a primeira vez que fui convocado tem sido uma honra vestir a camisa do Brasil e poder representar o meu país. São poucas as pessoas que têm esse privilégio - disse Cristiano Felício.
Mas isso é coisa do passado e desta vez sua convocação foi méritos próprios. Ao contrário do que ocorreu nos Jogos do Rio, quando foi chamado há pouco mais de uma semana antes da estreia contra a Lituânia para substituir Anderson Varejão, cortado com um problema nas costas, Felício foi um dos 15 convocados por Petrovic para a primeira fase da preparação para a Copa do Mundo da China, realizada em Anápolis de 25 de julho a 8 de agosto.
Os dois amistosos vencidos contra o Uruguai, o primeiro na cidade goiana e o segundo em Belém, até serviram para o jogador matar a saudade da torcida brasileira, mas o confronto desta quinta-feira, diante dos Argentinos, finalmente marcará o retorno oficial do pivô de 2,10m à Seleção Brasileira.
- Estava com muita saudade. Nesses três anos que fiquei longe estava sempre acompanhando meus companheiros pela televisão e a vontade de estar ali junto com todo mundo, ainda mais nos jogos em casa, sempre me deixou com ainda mais vontade de retornar. Felizmente esse ano deu tudo certo e estou feliz e muito ansioso para entrar em quadra contra a Argentina. Com certeza será um jogo difícil, mas ao mesmo tempo muito importante para sabermos em que nível estamos da nossa preparação - afirmou o camisa 6 do Chicago Bulls.
De 2016 para cá muita coisa mudou na vida de Felício. Não só fisicamente falando, mas principalmente em termos profissionais. De promessa no basquete brasileiro à realidade na NBA, o campeão do NBB e da Copa Intercontinental com o Flamengo em 2014 ganhou experiência e maturidade encarando os principais gigantes da liga americana noite após noite.
- Em 2016 eu era muito moleque, ainda não tinha experiência de ter jogado torneios importantes, não tinha esse conhecimento do que é uma Olimpíada e da grandiosidade que é esse torneio. Essa falta de experiência me deixou muito ansioso e até com receio de fazer certas coisas que acabaram afetando meu desempenho dentro de quadra. Mas acredito que esses três anos em Chicago dividindo a quadra com caras experientes e renomados me deixou bem mais à vontade para poder mostrar meu jogo e deixar toda aquela ansiedade de lado. Acho que tudo isso pode me ajudar na Copa do Mundo - afirmou Felício.
No entanto, a mudança mais perceptível nesse período longe do Brasil atingiu em cheio a personalidade do pivô da seleção. Se nos tempos de Flamengo era raro ouvir sua voz durante os treinos e jogos do clube carioca, atualmente Felício é um jogador muito mais participativo.
Se quando chegou à Seleção o jogador contou com a ajuda e os conselhos de caras consagrados como Anderson Varejão, Alex e Marcelinho Huertas, após quatro temporadas atuando no melhor basquete do mundo ele acredita que chegou a hora de retribuir e auxiliar os mais jovens.
- Lembro que há seis, sete anos o pessoal sempre me cobrava que eu tinha que falar mais, me soltar, e acredito que na medida que fui ficando mais velho isso foi acontecendo naturalmente. Hoje eu acho que sou um cara que tento falar com todo mundo, dar dicas e passar para aqueles que estão chegando agora o que os mais velhos me passaram quando cheguei à seleção. É importante também estar se comunicando com o pessoal mais experiente, como o Varejão e o Huertas, até porque nesses três anos o basquete Fiba mudou muito de ano para ano e estou tentando pegar o mais rápido possível essas regras. Tem sido bem bacana ver que eu estou tendo um pouco de voz nesse grupo - destacou.
Aos 27 anos, Felício faz parte ao lado de Rafa Luz, Augusto Lima e Vitor Benite de uma geração intermediária que se encaixa entre a dos experientes Anderson Varejão, Huertas, Marquinhos, Hettesheimeir, Alex e Leandrinho e a dos jovens Yago, Bruno Caboclo e Didi. Com essa mescla, o pivô do Chicago Bulls acredita que a seleção tem tudo para ir longe na China.
Principalmente pelas mãos do técnico Aleksandar Petrovic, com quem Felício jamais havia trabalhado. Se o tempo de convívio talvez ainda seja muito curto para uma avaliação mais detalhada, os métodos de trabalho adotados pelo croata já foram aprovados pelo pivô do Chicago.
- Ele é um técnico bem mais solto dos que eu já tinha trabalhado, mas é um cara muito sério e que sabe o que está fazendo dentro de quadra. Implantou um sistema na seleção que ao meu modo de ver está dando muito certo, ele gosta de jogar em transição e com muitas jogadas que podem funcionar. É um cara que fala com todo mundo, que deixa o ambiente muito leve e acredito que isso possa nos ajudar a produzir ainda mais nos jogos. Ele sempre está falando com algum jogador. Quer saber como estamos e o que achamos dos treinos. Isso está sendo muito bom - elogiou o jogador, que aponta Grécia, Espanha, EUa e Sérvia como candidatas ao título.
- O Antetokounmpo acabou de ser eleito o MVP da NBA, é um jogador que vem crescendo muito desde que foi draftado pelo Milwaukee e todo mundo sabe da força que ele tem e o jogador que ele é. Tenho a chance de jogar contra ele cinco ou seis vezes todo ano e já sei seu estilo de jogo, como ele gosta de jogar e aonde ele se sente desconfortável, até já conversei com o treinador sobre isso. Por tudo isso acredito que a Grécia seja uma seleção que pode brigar por coisas grandes nesse Mundial. A Espanha é sempre forte, os Estados Unidos também, mas desta vez não como em anos anteriores, e a Sérvia, que foi vice-campeã olímpica e também vem muito forte. Acho que muitas seleções têm chances, por isso temos que ir para China com o objetivo de cometer o mínimo de erros possíveis para poder vencer cada jogo, pensar em cada fase e deixar tudo em quadra para conseguir a melhor classificação possível - finalizou.
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