A final dos Jogos Olímpicos de Tóquio escreverá mais um capítulo da rivalidade que Brasil e Espanha têm também no futebol profissional. A partida que acontecerá neste sábado, em Yokohama, às 8h30 (de Brasília), se juntará a um clássico que já decidiu torneio e proporcionou histórias curiosíssimas em outros torneios.
> Veja o resumo olímpico do dia!
COPA DO MUNDO DE 1934 - BRASIL SAI DE PRIMEIRA
A segunda edição da Copa do Mundo deixou Brasil e Espanha frente a frente logo na primeira fase. Sem qualquer planejamento e com desgaste devido à viagem de navio para a Itália, a ponto dos treinamentos serem realizados no convés do navio, a equipe de Luis Augusto Vinhaes pouco ofereceu resistência aos espanhóis.
Em 25 minutos, a Fúria marcou com Iraragori, de pênalti, e ampliou Lángara. Os brasileiros chegaram a diminuir o placar na etapa final com Leônidas e estiveram bem próximos do empate.
Contudo, Valdemar de Britto partiu para a cobrança e Zamora fez a defesa. O atacante, que entraria para a história posteriormente como "o responsável por descobrir Pelé", foi o primeiro jogador do Brasil a perder um pênalti em uma Copa. No fim, Lángara definiu a vitória por 3 a 1 da Espanha e sacramentou a eliminação precoce dos brasileiros.
COPA DO MUNDO DE 1950 - 'TOURADAS EM MADRI'
A Seleção Brasileira havia iniciado o quadrangular final da Copa do Mundo de 1950 confiante em virtude da goleada por 7 a 1 sobre a Suécia. Porém, teria pelo caminho a Espanha, que havia obtido 100% na fase de grupos e contava com astros como Antoni Ramallets e Estanislau Basora.
Assim que a bola rolou no Maracanã, a equipe brasileira não deu qualquer espaço para o adversário. Ademir de Menezes (em bola que desviou em Parra), Jair Rosa Pinto e Chico abriram a vantagem da Seleção no primeiro tempo. Na volta do intervalo, Chico e Ademir, que chegou ao seu oitavo gol no torneio, ampliaram. Zizinho aproveitou jogada do "Queixada" e encheu o pé para fazer o sexto. A Espanha ainda diminuiu com Silvestre Igoa, de voleio.
Desde o quarto gol, os 152 mil pagantes do Maracanã tremulavam lenços brancos e entoavam a marchinha de carnaval "Touradas em Madri". Apenas um não conseguiu cantar. Em entrevista à "Placar" em 1977, Braguinha, autor da música ao lado de Alberto Ribeiro, contou:
- Quando o povo se levantou no estádio em festa, a única coisa que eu consegui fazer foi deixar que as lágrimas corressem. Nunca esperei que Touradas em Madri, a marchinha que fiz com meu saudoso amigo Alberto Ribeiro, pudesse ser cantada por 200 mil pessoas de uma vez. Por isso eu não cantei: apenas chorei. Lágrimas doces, suaves - declarou.
COPA DO MUNDO DE 1962 - VIRADA COM 'MALANDRAGEM'
Passados 12 anos (e um título mundial brasileiro), Brasil e Espanha se reencontraram na fase de grupos da Copa de 1962. Em sua busca pelo bicampeonato, a equipe brasileira contou com a categoria de Amarildo, mas também passou por maus bocados no confronto direto pela classificação à fase seguinte.
A Fúria abriu o placar graças a uma finalização de Abelardo que caiu no canto de Gylmar. Empolgados, os espanhóis continuaram com ímpeto e viram Nilton Santos derrubar Enrique Collar dentro da área. Só que o lateral deu um passo à frente e enganou o árbitro chileno Sergio Bustamante, que marcou falta. Na cobrança, Peiró ainda marcou um golaço de bicicleta... anulado.
> Anota aí: olha o que vem pela frente nos Jogos Olímpicos!
Aos poucos, o Brasil se reencontrou no jogo e contou com o poderio de Amarildo. Zagallo serviu e o "Possesso" completou para a rede. Nos últimos minutos, Garrincha passou como quis pela zaga adversária e serviu o camisa 20, que decretou a virada por 2 a 1.
COPA DO MUNDO DE 1978 - NADA DE MUDAR O PLACAR
A Seleção Brasileira vinha de um decepcionante empate em 1 a 1 com a Suécia em sua estreia na Copa do Mundo de 1978 quando reencontrou a Espanha. E na competição realizada na Argentina, a igualdade prevaleceu outra vez.
Com dificuldades de criação e suas expectativas resumidas a tentativas com Zico e Nelinho, pouco a pouco a equipe que ainda tinha nomes como Leão e Reinaldo foi perdendo seu ímpeto e não passou de um empate em 0 a 0.
COPA DO MUNDO DE 1986 - VITÓRIA E A BOLA QUE ENTROU E NINGUÉM VIU
O Brasil continuava a perseguir o seu tetracampeonato mundial quando, na edição de 1986, teve como seu adversário de estreia justamente a Espanha. E a vitória foi suada, mas recheada por polêmica.
Comandada por Telê Santana, a Seleção contava com remanescentes da Copa de 1982, como Sócrates, Júnior e Zico, mas trazia novos talentos como Careca, Casagrande e Müller. Por mais que os brasileiros tomassem a iniciativa, o confronto demorou a deslanchar.
> Aplicativo LANCE! está disponível na versão iOS. Confira!
Aos 7 minutos, a polêmica entrou em campo no Estádio Jalisco. Na sobra de uma cobrança de escanteio, Michel arriscou da entrada da área, a bola bateu no travessão da meta de Carlos e quicou dentro do gol. O árbitro Christopher Bambridge ignorou a jogada.
Minutos depois, Júnior cruzou e Careca encheu o pé. No rebote de Zubizarreta, Sócrates mandou para a rede e decretou a vitória por 1 a 0.
COPA DAS CONFEDERAÇÕES - DE NOVO, BAILE NO MARACANÃ
A Copa das Confederações apresentou uma grandiosa final entre as duas seleções. País-sede da competição, o Brasil encarou a então campeã mundial Espanha para um tira-teima no Maracanã.
E a equipe de Luiz Felipe Scolari não deu qualquer chance para a Fúria. Logo aos dois minutos, Hulk cruzou e Fred, mesmo caído, mandou para o fundo da rede. David Luiz salvou uma chance claríssima de Pedro logo em seguida.
Ainda no primeiro tempo, Neymar ampliou em um chute no ângulo. E, no segundo tempo, Fred aproveitou corta-luz feito pelo camisa 10 para dar números finais à partida. O Brasil vencia por 3 a 0 e conquistava a Copa das Confederações com direito a delírio no Maraca.