Alison dos Santos tem a fibra de quem sabe onde quer chegar e a consciência dos obstáculos que teve que superar desde a infância. Da sua altura de 1,98m e com apenas 21 anos, o brasileiro participou da final dos 400m com barreira e fincou seu nome na história dos Jogos Olímpicos. Com sorriso fácil e estilo brincalhão, o "Piu", como é conhecido, ficou com a terceira colocação, com 46s72, nesta terça-feira, no Estádio Olímpico. A medalha de bronze para o Brasil, a primeira do atletismo conquistada pelo país no Japão.
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O Brasil não conquistava uma medalha em prova individual de pista do atletismo desde a prata de Joaquim Cruz, nos 800m, e o bronze de Robson Caetano, nos 200m na Olimpíada de Seoul, em 1988.
Principal destaque do atletismo brasileiro em 2021, o "Piu" chegou na Olimpíada com muita moral após bater quatro vezes o recorde sul-americano. Em 2019, Alison dos Santos foi campeão Pan-Americano e sétimo colocado no Mundial de Doha, no Catar. Após não participar de competições em 2020 por conta da pandemia, voltou às pistas neste ano e tem melhorado suas marcas.
A prova dos 400m com barreira, em Tóquio, foi marcada por números surpreendentes. Um dos favoritos ao ouro, o norueguês Karsten Warholm ganhou a prova, além de bater o recorde mundial, com 45s94. A prata foi para o americano Ray Benjamin com 46s17. Alison também quebrou um recorde nas semifinais, com o tempo de 47s31, ele se tornou o corredor sul-americano mais rápido.
- Foi uma prova louca, uma prova muito forte, uma prova histórica onde fizeram o que achavam que era impossível, quebrar a barreira dos 46s. Três atletas correram abaixo de 47s, a prova mais rápida da história, e fico muito feliz por fazer parte disso - declarou Alison dos Santos ao Comitê Olímpico do Brasil.
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CARREIRA NO ESPORTE
O campeão de 400m com barreiras dos Jogos Pan-americanos de Lima, em 2019, o velocista quebrou o próprio recorde várias vezes. Em Lima, ele conseguiu finalizar a prova com o tempo de 48s45, mas foi ainda mais rápido no Campeonato Mundial de Atletismo de 2019, em Doha, Qatar, com o tempo de 48s35.
E não para por aí: ainda esse ano, bateu novamente o recorde sul-americano com o tempo de 47s57, em Doha, no Qatar, na etapa da Diamond League, ficando na terceira posição do ranking mundial. Ele também se tornou o 22º melhor corredor da prova desde que foi criada.
Alison ainda conseguiu diminuir o tempo por 47s38, quando levou a prata na etapa de Oslo da Diamond League e mais uma vez em na etapa de Estocolmo, com o tempo de 47s34. O que o fez levar o ouro e a melhor marca sul-americana. Este acabou sendo o terceiro melhor tempo do ano.
INFÂNCIA DIFÍCIL
Nascido em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, Alison teve que superar a dor logo no início da vida. Com 10 meses, o corredor sofreu um ferimento na cabeça, em consequência do óleo quente que estava em uma frigideira que atingiu a sua cabeça. Foram cinco meses internados. O primeiro grande desafio da vida, e com cicatrizes que o corredor carrega até hoje.
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Apesar de extrovertido e risonho atualmente, Alison costumava ser uma criança retraída por vergonha de suas cicatrizes. Com tempo passou a se aceitar e, finalmente, começou no atletismo e nunca mais parou. Hoje, ele escreveu o capítulo mais importante da sua vida.
Veja abaixo o quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos de Tóquio: