Medalhista de bronze nos 50m livre nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Bruno Fratus teve uma ajuda especial para se reerguer nos momentos de dificuldade. Sua esposa e treinadora Michelle Lenhardt já acompanhou de perto a pior fase do atleta, que não via chance de dar a volta por cima, e conseguiu fazar o astro entender que ele ainda tinha muito pela frente. Fratus havia entrado em depressão logo depois de bater na trave ao chegar em sexto lugar na final dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016:
- Foram cinco anos desde o Rio lidando com essa inquietude, com essa ansiedade. Dois meses depois do Rio, eu estava na pior depressão da minha vida, considerando sumir completamente da face da terra, se é que vocês entendem, de vez. Fui salvo pelo amor dos meus pais, fui salvo pelo amor da Michelle, fui salvo pela amizade e pelo amor do Brett (Hawke). Menos de seis meses depois do Rio, estava decidido que eu iria arregaçar em toda e qualquer competição que aparecesse até Tóquio. - falou Fratus ao "Uol".
Sua esposa relembrou a época e sabe que fez a diferença na vida do marido e companheiro no esporte:
- A medalha foi construída desde novembro de 2016, quando estavam os dois no tapete da sala, chorando, sem saber o que seria do futuro e comendo sem parar. Isso demorou algumas semanas, até a gente falar: ‘não pode ser o fim, vamos em frente’. O Brett [Hawke, treinador australiano] não podia mais dar treino a ele e precisava que alguém o treinasse. Eu disse que assumiria - contou Michelle, à "Folha de São Paulo".
Grato, Fratus não conteve a emoção e beijou a esposa ao comemorar a medalha de bronze, em foto icônica das Olimpíadas, já que era quebra de uma regra imposta pelo comitê olímpico, por conta da pandemia. Michelle contou que a relação nem sempre foi fácil, mas equilíbrio foi o mais importante no casamento dos dois:
- Muitas vezes saíram faíscas, na borda da piscina, inclusive em competição...
Mas, quando tudo passa, a gente percebe o quanto se fortalece com esses
pequenos acontecimentos - revelou . Aprendemos a nos divertir, brigar e dar
risada depois. Fomos avaliando, impondo limites. Em vez de estourar,
espera, porque no final do dia a gente está junto - afirmou Michelle.
Depois de encarar uma depressão, Bruno Fratus percebeu que precisava ir com pouco mais de calma para se manter firme nas disputas:
- Vocês sabem que eu tenho uma cobrança muito grande em cima de mim. Então, às vezes o meu trabalho de psicologia é colocar o pé no freio. Tem gente que precisa acelerar. Motivar, mas eu sou um pouco o contrário, de ir com calma. E hoje, finalmente, consegui não me cobrar tanto. Foi incrível. Isso mostra o quanto você não faz a parada sozinho. Eu sou só o cara que sobe no bloco e dá o tiro - contou o brasileiro ao "Uol".
Ele ainda revelou quem era o atleta que ele tanto admirava e reconheceu que sem a esposa nunca teria chegado ao bronze em Tóquio:
- Disse uma vez que eu não tenho ídolo, mas vou usar a palavra aqui: o ídolo supremo, o cara que eu mais admiro, que eu cresci vendo, é o Fernando Scherer. Esse mostrou que era possível décadas atrás. Michelle, minha esposa, com certeza, o que ela falou antes de eu entrar na prova fez toda a diferença. E Brett Hawke, meu melhor amigo e meu técnico, que estava mais ansioso que eu.
Bruno Fratus sabe da pressão que sofre no esporte, mas se sentiu mais leve ao ganhar o bronze. Quando só ficou atrás do Caeleb Dressel, que chegou com 21s07, novo recorde olímpico, e do francês Florent Manaudou, que anotou 21s55 e contou ao "Uol" como a sensação foi boa:
- Vocês sabem que eu tenho uma cobrança muito grande em cima de mim. Então, às vezes o meu trabalho de psicologia é colocar o pé no freio. Tem gente que precisa acelerar. Motivar, mas eu sou um pouco o contrário, de ir com calma. E hoje, finalmente, consegui não me cobrar tanto. Foi incrível. Isso mostra o quanto você não faz a parada sozinho. Eu sou só o cara que sobe no bloco e dá o tiro.
Veja abaixo o quadro de medalhas e o calendário dos Jogos Olímpicos de Tóquio: