O vício em apostas, também conhecido como transtorno do jogo, é uma condição complexa que afeta não apenas o indivíduo, mas também sua família e a sociedade como um todo. Este distúrbio é caracterizado por um padrão de apostas repetidas e contínuas, mesmo quando isso gera problemas significativos na vida do apostador. A dependência em apostas compartilha raízes com outros vícios, como aqueles relacionados a substâncias e comportamentos compulsivos.
Especialistas destacam que o transtorno do jogo envolve uma série de alterações no cérebro, especialmente no sistema límbico, que é responsável pela sensação de recompensa. Este sistema é ativado pela liberação de dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer. No entanto, em pessoas com dependência em apostas, a quantidade de dopamina liberada é muito maior, criando um ciclo vicioso de busca por mais estímulos.
Como o transtorno do jogo afeta o cérebro?
O sistema límbico não é a única área cerebral afetada pelo transtorno do jogo. Regiões como o córtex pré-frontal, que é crucial para a tomada de decisões e resolução de problemas, também são impactadas. Estudos indicam que há uma redução na conectividade entre áreas como o córtex medial orbitofrontal e o striatum, o que dificulta a capacidade de tomar decisões racionais.
Essas alterações cerebrais resultam em um comportamento impulsivo, onde o indivíduo continua a apostar mesmo diante de perdas financeiras significativas. A disponibilidade de aplicativos de apostas em smartphones intensifica essa exposição, aumentando o risco de desenvolvimento do transtorno.

Por que algumas pessoas desenvolvem dependência em apostas?
A prevalência do transtorno do jogo varia globalmente, afetando entre 0,4% e 0,6% da população. Fatores genéticos, ambientais e psicológicos contribuem para o desenvolvimento do vício. A idade, a presença de outras doenças psiquiátricas e o tipo de jogo são elementos que influenciam a vulnerabilidade ao transtorno.
Adolescentes e jovens adultos são particularmente suscetíveis, pois seus cérebros ainda estão em desenvolvimento, o que pode aumentar a propensão a comportamentos de risco. Além disso, pessoas com transtornos como depressão ou ansiedade têm maior probabilidade de desenvolver dependência em apostas.
Quais são os sintomas do transtorno do jogo?
O diagnóstico do transtorno do jogo é feito quando o indivíduo apresenta pelo menos quatro dos seguintes sintomas:
- Pensamentos frequentes sobre apostas.
- Necessidade de aumentar a quantia apostada para obter excitação.
- Esforços frustrados para controlar ou parar de apostar.
- Inquietação ao tentar reduzir ou parar de jogar.
- Uso do jogo como forma de escapar de problemas.
- Mentir para esconder o envolvimento com jogos de azar.
- Perda de oportunidades pessoais e profissionais devido ao jogo.
Como tratar o transtorno do jogo?
O tratamento do transtorno do jogo envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir terapia cognitivo-comportamental, medicação e grupos de apoio. A terapia ajuda a modificar pensamentos e comportamentos relacionados ao jogo, enquanto medicamentos podem auxiliar no controle dos impulsos.
Grupos de apoio, como os Jogadores Anônimos, oferecem um espaço seguro para compartilhar experiências e obter suporte emocional. O envolvimento da família e amigos é crucial para o sucesso do tratamento, pois o apoio social pode motivar o indivíduo a buscar ajuda profissional.