Abel Ferreira ficou sem falar com a imprensa por cerca de duas semanas, período em que ele ficou suspenso e o Palmeiras instaurou a Lei do Silêncio, encerrada no domingo (16). Assim, a entrevista coletiva após o empate em 0 a 0 com o Internacional, em Porto Alegre (RS), foi um "combo" de assuntos reprimidos. O que mais chamou a atenção, porém, foi sua reflexão sobre seu lugar no futebol brasileiro diante dos acontecimentos recentes, especialmente as ações da CBF, as quais ele estranha por serem direcionadas apenas aos palmeirenses.
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Há quem diga que entre as reflexões feitas por Abel, seria possível inclusive cogitar que ele estaria questionando sua permanência no Brasil e consequentemente no Palmeiras. Há quem diga, porém, que foi mais um desabafo sobre os tipos de briga que ele vai entrar daqui para frente, uma vez que entende que a entidade máxima do futebol nacional pode não estar agindo de uma forma equilibrada em comparação com os treinadores brasileiros. O português usou o comunicado da CBF após João Martins, auxiliar técnico. questionar o "sistema".
- Eu conheço o futebol brasileiro melhor do que nunca e já dei aqui declarações muito fortes sobre o que me faz ficar aqui. Não vou tirar uma vírgula daquilo que eu disse. Quando você vê a CBF dar um comunicado somente para a equipe técnica do Palmeiras, para algo que outros treinadores brasileiros fizeram, e só houve um comunicado direcionado para a equipe técnica do Palmeiras, isso me faz pensar profundamente sobre o que eu quero, porque quando eu tiro o celular da mão de um jornalista, é um ato mal feito, pedi desculpas. Um outro jogador, dentro de um recinto, fez a mesma coisa, jogou no chão, e não é igual. Eu reflito sozinho, me faz pensar o que vale a pena e o que não vale. Se não, tenho que dizer "Abel, sempre foi assim, se gosta, gosta, se não gosta…". Portanto, o que eu tenho que fazer é ajudar os meus jogadores.
- Fico triste quando vejo entidades apontarem setas somente para um lado, quando vários treinadores tiveram desabafos, que foi o que aconteceu (na coletiva de João Martins depois do jogo contra o Athletico-PR). O diretor do Santos fez isso, o Renato Gaúcho, de forma delicada, apontou o dedo também. O Felipão também… Mas a carta veio endereçada somente com um nome, com um destino. Me faz refletir, talvez eu seja pequeno demais para estar no futebol brasileiro - completou Abel Ferreira.
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Com a sequência dos acontecimentos das últimas semanas, Abel Ferreira parece ter repensado suas atitudes em relação aos árbitros. Ele, inclusive, disse ao advogado do Palmeiras para ficar despreocupado, que as expulsões e julgamentos não irão mais acontecer. A única coisa que ele prometeu ficar atento é no que vai acontecer em relação ao seu auxiliar João Martins, que foi denunciado ao STJD e deve ser julgado em breve pelo desabafo que fez depois do duelo com o Athletico-PR. O português chegou até a falar em xenofobia entre os seus receios.
- Embora não pareça, não adianta mais falar com os árbitros, vou deixá-los em paz. Já disse para o meu advogado ficar tranquilo, o Palmeiras pode mandá-lo embora, que comigo não vai ter mais problema nenhum, nem comigo, nem com a minha comissão técnica. Mas infelizmente querem caçar o João pelo que ele falou. O que eu vou ficar atento é o que vão fazer com o João e o que vão fazer com os outros que falaram a mesma coisa que ele. Aí eu vou entender o que quer dizer xenofobia. Eu nunca estive em um país que ouvisse tanto esse termos, nem sabia o que era isso. Xenofobia, racismo, preconceito, violência, nunca ouvi tanto quanto aqui. Não é isso que eu defendo, os valores que eu defendo.
O Palmeiras volta a campo no sábado (22), pela 16ª rodada do Brasileirão, para enfrentar o Fortaleza, no Allianz Parque. O elenco terá uma semana livre de treinos para buscar seu retorno para as vitória. No momento, o Verdão é o sexto colocado na tabela com 25 pontos.