Abel tem culpa na má fase do Palmeiras? Veja os pontos contrários e a favoráveis à fala do técnico

Treinador do Verdão disse ser o máximo responsável pelo momento ruim do time na temporada, mas será que ele tem razão?

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O Palmeiras está em uma sequência de oito jogos dos quais venceu apenas um. Ou seja, o time está em uma má fase clara e óbvia. Após o empate em 0 a 0 com o Internacional, no domingo (16), o técnico Abel Ferreira voltou a falar com a imprensa depois de 20 dias de ausência. Em um dos assuntos da coletiva, o treinador se disse o máximo culpado pelo momento ruim da equipe. Mas será que ele tem razão?

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Pensando nisso, elencamos motivos favoráveis e contrários à declaração do comandante alviverde, levando em conta o aspecto mental, as decisões à beira do campo, os elementos que fogem da responsabilidade de um técnico e até a necessidade por reforços. Confira os pontos destacados:

Motivos que podem fazer de Abel Ferreira o culpado pela má fase do Palmeiras

TEMPERAMENTO 

Dos oito jogos dessa fase ruim, Abel ficou fora de dois deles por estar suspenso. Primeiro contra o Athletico-PR, quando cumpriu punição do STJD por ter tomado o celular da mão de um jornalista. Naquele dia, João Martins foi para a coletiva e acabou proferindo as polêmicas frases sobre o "sistema". O fato tomou uma proporção tão grande, que o Palmeiras se posicionou contra os críticos, especialmente a CBF, e ainda instaurou a Lei do Silêncio. A equipe, que já vinha em uma oscilação, acabou vendo o foco mudar de lugar. 

Já o segundo jogo suspenso de Abel foi a partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil, contra o São Paulo. Sem o comandante no banco, o time se mostrou apático, sem intensidade e sem poder de reação. Acabou derrotado por 1 a 0 e não conseguiu reverter o placar no segundo duelo, quando perdeu por 2 a 1, de virada. 

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ESCOLHAS TÁTICAS 

O Palmeiras é conhecido e venerado por ser um time com padrão bem definido, que dificilmente se desarruma e que consegue dentro de campo ajustar os pontos que estão com problema. Por isso o estranhamento quando Abel Ferreira usou um esquema com três zagueiros e uma formação bem diferente do habitual no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil contra o São Paulo. A opção não deu certo e a equipe pareceu desorganizada. A derrota foi inevitável também por esse motivo. 

Diante do Flamengo, com 1 a 0 de vantagem e controlando bem o ímpeto do adversário no Allianz Parque, Abel novamente optou por um esquema de três zagueiros quando tirou Artur e colocou Murilo ao lado de Gómez e Luan. Não demorou muito, o time teve uma desorganização, chamou o Fla para cima e acabou levando o empate. Não foi possível marcar o segundo gol para sair vitorioso. 

Abel Ferreira ficou fora de dois dos oitos jogos desse período de má fase do Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

ELENCO CURTO E PEÇAS CONTESTÁVEIS 

Uma das principais críticas da torcida do Palmeiras é o elenco curto, no qual cada vez que alguém se machuca ou fica suspenso faz muita falta. Mesmo com os talentosos jovens no apoio, acaba sendo um leque muito restrito para jogadores "prontos" que possam decidir. Isso é uma opção da diretoria, mas principalmente de Abel Ferreira, que já chegou a falar publicamente que prefere trabalhar com um número menor de atletas. Tal decisão parece estar sendo cobrada agora, precisando levar suas peças ao limite em três competições diferentes. 

Aliás, é preciso lembrar que a comissão técnica dá aval para os reforços contratados nos últimos tempos e de todos que chegaram ultimamente, pelo menos de 2022 para cá, os únicos que já se provaram foram Murilo e Artur. Outros como Bruno Tabata e Merentiel acabaram decepcionando e já deixaram o clube. Se o clube tem dificuldade para contratar, talvez as escolhas não tenham sido tão certeiras como deveriam ser para não ter tanta margem de erro. 

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Motivos que não fazem de Abel Ferreira o culpado pela má fase do Palmeiras

ELE É BOM, MAS NÃO É MILAGREIRO 

Abel Ferreira talvez seja o grande responsável por esses anos de sucesso do Palmeiras em campo. São títulos, jogadores revelados, jogadores melhorados e muita identificação com o clube. No entanto, apesar de ser um profissional bastante acima da média, ele não faz milagres. Se um ou mais atletas estão em má fase, não tem como levá-los para a boa fase imediatamente. Vai depender do esforço e da capacidade de cada um, como ele mesmo disse em coletiva após o empate com o Internacional. Ele está lá para ajudar as peças, não fazer mágica com elas. 

FALTA DE REFORÇOS 

Embora tenha sido um defensor do elenco curto, Abel Ferreira nunca escondeu que precisava de um substituto para Danilo nesta temporada. Praticamente um semestre depois da saída do jovem para o Nottingham Forest-ING, o clube ainda não foi capaz de contratar uma reposição. Dessa forma, ele teve que adaptar uma forma de jogar com Zé Rafael de "camisa 5" e acabou deixando o meio-campo mais vulnerável. A adaptação quebra o galho, mas não é a ideal sonhada pelo treinador, que precisa ter paciência para os movimentos da diretoria. 

Abel Ferreira não pôde contar com Artur nos jogos diante do São Paulo, na Copa do Brasil (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

ARTUR 

Contratado neste ano, Artur já se provou como uma grande contratação, seja com gols, com assistências ou com seu papel tático. No entanto, ele já veio sem poder atuar pela Copa do Brasil, pois já havia defendido o Bragantino na competição. É importante destacar que a temporada começou em janeiro e o atacante chegou praticamente em abril. Resultado: Artur ficou fora dos confrontos com o São Paulo, nos quais ele fez muita falta. Isso, aliado ao elenco curto já afetado por outros desfalques, fez com que Abel precisasse "inventar" uma formação nova para cada partida e elas não deram certo, tanto é que o Palmeiras foi eliminado com duas derrotas. 

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DATA FIFA E CALENDÁRIO 

A queda de rendimento do Palmeiras teve início após a Data Fifa, em meados de junho. Foi de lá para cá que o time fez oito jogos e ganhou apenas um. Na primeira partida após esse período, o Verdão não pode contar com quatro de seus cinco convocados: Piquerez, Weverton, Veiga e Rony. Quatro peças fundamentais da espinha dorsal que foram desfalques contra o Bahia na derrota por 1 a 0 na Fonte Nova.

 O calendário também não ajuda, acaba contribuindo para um maior desgaste dos jogadores e para uma chance maior de lesões. Abel chegou a falar que a culpa é dele por levar os atletas ao limite. No entanto, com um jogo atrás do outro, com decisões a cada dois ou três dias e a falta de reforços adequados, fica complicado não optar por levar força máxima a campo. Rony, por exemplo, jogou com dores no tornozelo contra Flamengo e contra São Paulo, mas acabou ficando fora contra o Internacional para se tratar. 

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