Da América ao Mundo: 70 anos depois, Maracanã é verde novamente
Após sete décadas, o Palmeiras voltou a conquistar um título internacional no principal estádio do Brasil, desta vez a Libertadores<br>
Em 2021, será comemorado o aniversário de 70 anos da conquista do Torneio Intercontinental de Clubes Campeões, também conhecido como Copa Rio, de 1951, pelo Palmeiras. À época, o Verdão venceu a Juventus, de Turim, e deixou as mais de 100 mil pessoas presentes no Maracanã extasiadas. Sete décadas depois, o Maior Campeão Nacional pinta, novamente, o principal estádio do futebol brasileiro de verde, desta vez conquistando a América.
O Mundial de 1951
Em 1950, foi disputada a primeira Copa do Mundo após o hiato causado pela eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O Brasil foi o escolhido para sediar a competição e o povo viu a Seleção montar uma poderosa equipe e pôde sonhar em conquistar o planeta.
Os desejos brasileiros, porém, foram interrompidos na final, contra o Uruguai. Com a vantagem do empate, o Brasil enfrentou a Celeste na última partida da competição e saiu na frente, mas, na metade do segundo tempo, o adversário empatou. O resultado ainda garantia o título ao time da casa, mas, aos 34′, Ghiggia marcou aquele que seria o gol mais sofrido da história da equipe nacional.
O episódio, conhecido como Maracanazzo, destruiu as, possivelmente, mais de 200 mil pessoas presentes no estádio. A tragédia minou o orgulho nacional, que precisou de um brasileiro de sangue italiano para se restituir.
Organizado com base no sucesso da Copa, a competição contou com oito importantes e vencedores times da América do Sul e da Europa, sendo estes: o Nacional, do Uruguai; o Vasco; o Estrela Vermelha, representante da Iugoslávia; o Áustria Viena, da Áustria; o Sporting, de Portugal; o Nice, da França; a Juventus, da Itália e, por fim, o Palmeiras.
O Verdão disputou a primeira fase em São Paulo, atuando no Pacaembu, e, apesar do forte apoio da torcida, ficou em segundo lugar no grupo, após perder de 4 a 0 para a Juve. Na fase eliminatória, o Alviverde enfrentou a melhor equipe da competição, o Vasco, que era a base da Seleção Brasileira vice-campeã. Mesmo contra um adversário extremamente qualificado, o Maior Campeão Nacional conseguiu vencer o primeiro jogo, com gols de Richard e Liminha, e, na volta, foi capaz de segurar o empate em 0 a 0, garantindo uma vaga na finalíssima.
Nos dois jogos da decisão, o Palmeiras enfrentou a Vecchia Signora, responsável pela única derrota palestrina na competição, que resultou na troca de goleiros no time, saindo Oberdan Cattani e entrado, até o fim do torneio, Fábio Crippa.
Com isso, a escalação palmeirense para as finais foi a seguinte: Fábio Crippa; Salvador e Juvenal; Túlio, Luiz Villa e Dema; Lima, Ponce de León (Canhotinho, que entrou no decorrer do segundo jogo), Liminha, Jair Rosa Pinto e Rodrigues.
No primeiro jogo, o Verdão foi capaz de segurar o poderoso ataque italiano e, com gol de Rodrigues, encaminhou a conquista mundial. Na segunda partida, o Palmeiras não era mais um clube, era um país. O Brasil torceu pelo Alviverde, que, mesmo saindo atrás e tomando o dois a um na metade do segundo tempo, conseguiu o empate com Liminha, aos 31′, e, com isso, devolveu o orgulho à toda nação brasileira.
A Libertadores de 2021
Cerca de 70 anos depois da conquista mundial, o Palmeiras retornou ao Maracanã, desta vez em busca de pintar a América do Sul de verde e branco. Com uma campanha consistente, o Verdão foi capaz de chegar à final e derrotar o Santos.
A campanha palmeirense começou no dia 4 de março de 2020. A partida foi a primeira da fase de grupos, contra o Tigre, e o Verdão contava com Vanderlei Luxemburgo no banco e uma escalação diferente das mais recentes. Deste modo, o Verdão que iniciou a competição era composto por: Weverton; Gabriel Menino, Felipe Melo, Gómez e Viña; Bruno Henrique, Ramires (Luan); Dudu, Rony e Willian (Zé Rafael); Luiz Adriano (Gabriel Veron).
O Alviverde, mesmo vivendo momentos ruins e não conseguindo bons resultados nas demais competições, fez uma primeira fase quase perfeita. Com a melhor campanha do campeonato e o segundo melhor ataque, o Verdão passou tranquilamente para as oitavas de final, que seriam disputadas sob o comando de um novo treinador, o português Abel Ferreira.
No sorteio, o Delfín, do Equador, se tornou o adversário do Palmeiras. Mesmo jogando com uma equipe mais fraca, Abel não deixou o time ‘entrar de salto alto’ e o Verdão fez duas partidas exemplares, derrotando o adversário por 3 a 1 e 5 a 0. Com isso, as quartas de final se tornaram realidade.
Ao avançar, a competição se tornaria mais difícil, e o Alviverde enfrentou o Libertad, tradicional equipe paraguaia e primeiro time profissional do zagueiro palestrino Gustavo Gómez. No primeiro embate, o Palmeiras, com grandes dificuldades, conseguiu empatar em 1 a 1 e deixar a decisão para o Allianz Parque. Em casa, onde o time é mais forte, conseguiu golear o Libertad por 3 a 0 e avançar para a semifinal.
O grande teste de fogo do time brasileiro: a semifinal seria disputada contra o River Plate, para muitos a melhor equipe do continente nos últimos anos. O Palmeiras, porém, não se intimidou e, na Argentina, venceu por 3 a 0 e encaminhou a vaga para a final.
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A partida de volta porém, foi a hora de o professor virar aluno. O River Plate, no Allianz Parque, dominou e quase transformou a euforia palmeirense em tristeza e melancolia. Com bolas na trave, gols e pênaltis anulados, os Millonarios tentaram de tudo, mas não conseguiram marcar três vezes e, com isso, voltaram para Buenos Aires com uma vitória por 2 a 0, mas sem a classificação.
Chegou a primeira final desde 2000, quando o Verdão foi vice-campeão. O adversário é conhecido e tradicional. Depois de vencer o Boca Juniors, o Santos passou para o embate decisivo da competição, buscando uma revanche da Copa do Brasil e 2015. O desfecho, porém, foi o mesmo de anos atrás, com o título para o time de verde.
Com uma vitória por 1 a 0, gol de Breno Lopes aos 54 minutos do segundo tempo, o Palmeiras sagrou-se bicampeão da Libertadores. Uma campanha dominante, de muitos méritos. No mesmo Maracanã que ficou verde em 1951, o Verdão colocou suas cores, mais uma vez, por todo o continente, sendo o melhor time da América do Sul.