Pessoas que conversaram com Alexandre Mattos entre os últimos meses de 2016 e os primeiros de 2017 notaram uma obsessão no diretor de futebol do Palmeiras: contratar Miguel Borja, centroavante do Atlético Nacional (COL), para substituir Gabriel Jesus. Depois de uma longa e desgastante novela, o colombiano já está "de malas prontas" e, se tudo ocorrer como o Verdão imagina, será anunciado nos próximos dias.
O primeiro contato não foi nada animador. Segundo o diretor palmeirense, o Nacional avisou que só liberaria o seu goleador por 15 milhões de euros (mais de R$ 50 milhões). Mattos apenas agradeceu pela informação e não abriu negociações, mas paralelamente costurou a vinda do meia Alejandro Guerra, outro destaque da equipe colombiana, por R$ 10 milhões.
Essa negociação foi fundamental para aproximar o diretor do Palmeiras da diretoria colombiana, especificamente do presidente, Juan Carlos de La Cuesta. Os dirigentes passaram a ter contato frequente e uma relação de confiança, a ponto de o colombiano ter consultado Mattos antes de confirmar a venda de Berrío. Queria saber se o Flamengo é bom pagador, porque já teve más experiências com brasileiros anteriormente.
Diante de tamanha cumplicidade, Mattos sabia que seria avisado pelo Atlético Nacional se uma outra proposta por Borja aparecesse. Isso permitiu que ele fizesse um jogo de cena enquanto a janela de transferências para a Europa estava aberta. Foi a público para pedir que esquecessem o nome do colombiano, porque os valores pedidos estavam fora da realidade. Borja no Palmeiras? Só com um preço bem menor.
Quando a janela europeia fechou, o leque de opções para o Nacional fazer dinheiro com o centroavante diminuiu consideravelmente. Pelas cifras imaginadas inicialmente, só seria possível vendê-lo para o mercado chinês. Mas Mattos já havia trabalhado para resolver este detalhe: o diretor "entrou na cabeça" de Borja, como define uma pessoa que convive com o dirigente, e convenceu o artilheiro de que o Palmeiras seria a melhor opção.
O salário oferecido ao atleta é bem maior do que o atual, o entusiasmo da torcida palmeirense nas redes sociais o encantou, as conversas com o ex-companheiro Alejandro Guerra e com o compatriota Yerry Mina o animaram, e o projeto do clube para ganhar a Libertadores o convenceu.
O cenário, então, passou a ser o seguinte: Borja está decidido a sair, mas não é possível negociá-lo com o mercado europeu neste momento e a possibilidade de ir para a China não o anima. Para não ficar sem o dinheiro e com um jogador que gostaria de ter saído, restou ao Atlético Nacional reabrir as conversas com o Palmeiras, com valores bem mais baixos, mas ainda assim robustos.
Agora que já percorreu praticamente todo o caminho, o Palmeiras age sem pressa - até porque Borja não poderia ser inscrito na primeira fase do Estadual, uma vez que as 28 vagas estão preenchidas. Victor Marulanda, gerente esportivo do Atlético Nacional, diz que os brasileiros apresentaram uma proposta insuficiente e espera uma contraproposta. Com o jogador como aliado, o Palmeiras ainda tenta fazer o clube verdolaga aceitar a oferta que está sobre a mesa.
De acordo com veículos colombianos, o que falta resolver é a porcentagem dos direitos econômicos a ser adquirida: o Verdão ofereceu 11 milhões de dólares (R$ 34 milhões) por 70% dos direitos, mas por este valor o atual campeão da Libertadores da América topa vender apenas 50%. Todas as partes envolvidas acreditam que, para o bem ou para o mal, a negociação estará finalizada até o fim da semana.