“Libertadores é um caso a parte”. Essa frase é conhecida e entoada por grande parte dos torcedores de futebol da América do Sul e, sobretudo, do Brasil. A fama que ela carrega não é à toa, afinal a Copa Libertadores é, de fato, uma competição que exige muitos requisitos pra chegar à glória máxima e o maior deles é a competitividade.
Essa análise do torneio ajuda um pouco a entender como o Verdão levou sufoco do Libertad, no Defensores Del Chaco e o empate, no fim, saiu como um ótimo resultado. A resposta pra esse cenário é que o time alviverde foi superado pelo rival em diversos aspectos: intensidade, técnico e tático.
Em uma das piores partidas, senão a pior, do time dentro da era Abel Ferreira, viu-se um Palmeiras que se precipitou, cedeu à pressão do Libertad e sofreu bastante.
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O time paraguaio entrou em campo com intensidade muito alta, pressionando a saída do Palmeiras sempre que possível e complicando demais a dinâmica do meio-campo palestrino. Prova disso é que as principais peças deste setor tiveram atuações ruins.
Devido à pressão e a negação de espaços exercida pelo Libertad, o setor central sofreu muito com ineficiência nas ações. Acima, por exemplo, temos estatísticas do Veiga que corroboram com isso. Foram apenas 33 toques, 18 passes certos com um aproveitamento de somente 62,1% e um erro de 100% nas bolas longas (6), tendo a pior nota entre os 11 iniciais, segundo o SofaScore. O meia tem seu melhor rendimento chegando pra finalizar no último terço, por vezes até como elemento vindo de trás, fato é que não foi sequer acionado nessa situação no último jogo pela falta de construção de jogadas.
Outro jogador que não foi bem e apresentou muitos erros técnicos foi o Danilo. A joia da base errou muito e, assim como outros companheiros, se precipitou em diversas situações. Segundo o SofaScore, a nossa “Cria da Academia” acertou apenas 3 de 7 bolas longas, ganhou 2 de 5 duelos pelo chão e errou os 3 dribles que tentou.
Uma partida ruim em um contexto também desfavorável, o que, aliás, é totalmente comum para a idade e circunstância do meio-campista. Fato é que o meia soteropolitano é uma peça fundamental na engrenagem do meio-campo e, assim como todo o setor, não teve um desempenho esperado pela ida das quartas de final.
Além disso, um fator que permeou a partida foi o contexto de como o Palmeiras foi superado tecnicamente (como já havia dito no início do texto) pelo Libertad, mesmo estando em melhores condições. E existe um porquê para isso. Em diversas ocasiões, mesmo em superioridade numérica, o rival conseguiu vencer os duelos técnicos.
Acima temos um claro exemplo: bola longa do Libertad faz com que o Gomez saia pra disputar com Cardozo a bola aérea. O Palmeiras, neste momento, está em situação favorável de 4x3. O zagueiro alviverde é superado no alto e, na sequência, mesmo em desvantagem numérica, o adversário vence tecnicamente e cria uma oportunidade clara de gol.
A vantagem numérica é essencial no aspecto tático, é sempre importante tê-la. Mas ela sozinha não resolve nada. Necessita vir acompanhada de organização e bom aproveitamento nos duelos individuais. Nas imagens acima, mesmo em maior número, a marcação não é correta e o adversário consegue criar as oportunidades. O lance do gol exemplifica tudo isso. Temos mais jogadores dentro da área, mas a marcação deixa espaço pro cabeceio de Espinoza. Para completar, Weverton falha no duelo individual aéreo. Um conjunto de erros.
O jogo de terça feira foi marcado por erros técnicos e desvantagens táticas. O plano de jogo do Palmeiras sucumbiu diante do adversário e as alterações pouco mudaram este cenário. Com direito a bola na trave no último segundo, o resultado de 1x1 teve um gosto menos amargo do que poderia. A possível pior partida do Palmeiras de Abel poderia facilmente ter terminado de uma maneira terrível, o que gera fôlego e esperança aos comandados e comissão para vencer a batalha final no Alianz Parque.