Antes de sacramentar a venda de Gabriel Jesus, o Palmeiras tenta corrigir aquilo que alguns torcedores e pessoas no clube consideram um "erro" na renovação com o atacante, no fim de 2014. À época sem a mesma força econômica e com uma postura cautelosa com os jogadores revelados na base, o Verdão preferiu diminuir seu percentual nos direitos econômicos do garoto e assim prolongou o vínculo por cinco anos sem ter de pagar luvas.
A primeira oferta do clube foi nos moldes dos contratos de João Pedro e Nathan, também formados no Palmeiras e na ocasião já titulares - Jesus estava ainda no sub-17. Nos dois casos, as renovações aconteceram sem o pagamento de luvas. Para repetir a estratégia com Jesus, o clube passou a ter apenas 30% dos direitos do atacante - antes era dono de 80%. Jogador e Cristiano Simões, seu empresário, têm, juntos, 47,5% pela empresa CR Sports, e Fábio Caran, ex-agente do de 19 anos, tem 22,5%.
Quando negociava com Jesus, a política do Verdão era ter, pelo menos, 50% dos direitos econômicos dos seus atletas na base, mas abriu uma exceção por Gabriel. Na época, a conselheiros próximos, Paulo Nobre mostrava-se reticente em gastar uma quantia considerada elevada e o jogador não corresponder à expectativa. Além disso, não queria dar a um atleta de 17 anos vantagens que então titulares não tiveram em suas negociações.
- O Gabriel é bom jogador, está se destacando muito, mas não é realidade para o profissional ainda. Tem potencial para ser até titular no Palmeiras, e o clube não vai medir esforços para segurar, mas loucura eu não faço, porque você acaba arrebentando a base toda - disse Nobre, em entrevista ao LANCE!, em novembro de 2014.
- Já surgiram vários jogadores na base do Palmeiras que seriam o novo Ademir da Guia, o novo Edmundo, o novo Evair... E estão completamente sumidos. Isso não é só na base do Palmeiras, em outros lugares também. Você não pode trabalhar sob pressão da torcida, da opinião pública. Quando você deixa torcida e opinião pública influenciarem nas decisões internas, vira um "samba do crioulo doido" - acrescentou à época o dirigente.
Agora com interesses de grandes clubes da Europa e negociando principalmente com o Manchester City a venda, o Verdão tenta levar pouco mais de 60% dos 32 milhões de euros (R$ 115 milhões) ofertados pelos ingleses. Parte disso pode vir de Fábio Caran, pois o clube considera que o ex-agente burlou o vínculo firmado entre as partes e discute na Justiça a possibilidade de assumir os seus 22,5% dos direitos econômicos.
Caso de fato feche com o City, a expectativa do Palmeiras é receber 20 milhões de euros (R$ 72 milhões). Se conseguir ficar com a fatia de Fábio Caran, o Alviverde precisaria que a CR Sports abrisse mão de mais 10% para atingir a quantia esperada. Neste caso, o atual empresário e jogador poderiam recuperar o valor em bonificações e luvas no contrato com Manchester City.