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Cuca ganha queda de braço: veja os bastidores da saída de Felipe Melo

Estopim para a saída foi a reação após a eliminação do time no Mineirão. Mesmo depois do anúncio do técnico, áudio vazado na segunda foi o que sepultou qualquer chance de volta

Felipe Melo e Cuca
imagem camera(Foto: Cesar Greco)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 01/08/2017
16:15
Atualizado em 02/08/2017
09:14

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Alexandre Mattos disse na terça que a decisão de afastar Felipe Melo foi sua e já estava tomada desde a semana passada, depois de o jogador desrespeitar Cuca no vestiário do Mineirão. Mas, no clube e entre os pares do atleta, o caso só foi dado como totalmente encerrado após o vazamento do áudio em que o camisa 30 chama Cuca de covarde, mau caráter e mentiroso. Foram seis dias de divergências internas e algumas dúvidas. Veja abaixo os bastidores do caso em ordem cronológica.

Quarta-feira (26/7): Felipe Melo ficou fora dos jogos contra Flamengo e Sport, preparando-se em São Paulo junto com Guerra para o jogo contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil. Cuca havia tido uma conversa com o meio-campista dias antes do confronto no Mineirão, dizendo que precisaria dele nesta decisão. De fato, o camisa 30 foi titular, mas saiu aos 12 minutos do segundo tempo para a entrada de Raphael Veiga.

O gol de Diogo Barbosa no fim acabou tirando o Verdão da semifinal, e no vestiário o meio-campista não escondeu o descontentamento com o resultado. Acabou fazendo duras críticas ao técnico, que não as ouviu na hora, pois estava preparando-se para a entrevista coletiva. Como a reclamação foi em voz alta, diante dos jogadores e de membros da comissão técnica, o treinador acabou sendo informado do que aconteceu.

Quinta-feira (27/7): Cuca e Alexandre Mattos tiveram uma conversa para tratar o ocorrido. Ali, o técnico já deixou claro que, além de tê-lo desrespeitado, Felipe não se encaixava no seu time ideal e não seria titular. No encontro, o diretor de futebol disse que iria multar o jogador novamente - Felipe já havia sido punido assim depois de uma discussão com Omar Feitosa. Aquele problema com o preparador físico foi o motivo para o primeiro entrevero entre o volante e o comandante no Verdão. 

Sexta-feira (28/7): De manhã, Alexandre Mattos foi à casa de Felipe Melo para dar a primeira chamada de atenção. Segundo o diretor de futebol, neste encontro veio o primeiro pedido de desculpas. Depois, na Academia de Futebol, em uma conversa com comissão técnica, elenco e diretoria, incluindo o presidente Maurício Galiotte, Felipe tomou a palavra e pediu perdão novamente. Cuca aceitou, mas afirmou que não iria mais usá-lo. Teve também como argumento o fato de preferir um volante com estilo diferente de jogo. Assim, liberou o atleta para buscar um novo time.

De acordo com Mattos, àquela altura a decisão do afastamento já estava tomada, mas Felipe diz no áudio vazado que o presidente do Palmeiras ainda queria ter uma conversa com ele - também disse que não tinha mais o que conversar porque não gostaria de voltar a trabalhar com Cuca. Internamente, pessoas na diretoria ainda tentavam contornar o caso. Achavam que ainda não era um caminho totalmente sem volta.

Sábado (29/7):  Com Felipe Melo assistindo de casa, Palmeiras vence o Avaí no Allianz Parque. A primeira manifestação oficial sobre o caso é de Cuca, em sua entrevista coletiva depois do jogo. O técnico pediu para não responder perguntas sobre o tema e fez apenas um pronunciamento: disse que liberou o camisa 30 para buscar outro clube porque ele não seria titular no Palmeiras. Tratou o atleta como um "profissional preservado" e que não era uma "laranja podre".

No fim de seu pronunciamento, o técnico destacou que a decisão de afastar Felipe Melo havia sido tomada em consenso com o diretor (Mattos) e o presidente (Maurício Galiotte), que até aquele momento não haviam se manifestado publicamente. Depois da partida, Cuca e Alexandre tiveram uma discussão forte que acabou contornada nos dias seguintes. O motivo foi a condução do caso com o camisa 30.

Naquele mesmo dia, Felipe gravou o áudio que vazaria depois, chamando o treinador de "mau caráter, mentiroso e covarde". Na entrevista à ESPN Brasil, ele pediu que o conteúdo da mensagem não fosse levado em conta porque estava sob efeito de "um pouco de champanhe" após o aniversário de Roberta, sua mulher.

Domingo (30/7): O time folgou depois da vitória no dia anterior, e o caso ainda não estava totalmente encerrado. Pessoas ligadas a Felipe Melo se dividiam: enquanto uma parte ainda considerava ser possível contornar o caso, outra já imaginava seu futuro fora do clube. A previsão até então era de que ele se reapresentasse na segunda à tarde, no mesmo horário do grupo. A torcida mostrava-se mais favorável ao jogador do que a Cuca no choque.

Segunda (31/7): Felipe é dispensado do treino e tem sua reapresentação marcada para terça de manhã, no mesmo horário em que os outros jogadores treinariam. O caso ainda se arrastava, tanto que ninguém da diretoria havia se pronunciado. À noite, quando o áudio veio à tona, qualquer chance de reviravolta na situação foi sepultada. Aí, sim, todos concordaram que não havia mais volta.

Terça (1/8): Alexandre Mattos concedeu entrevista coletiva, chamando para si a responsabilidade de afastar Felipe e defendendo Cuca. Durante os 30 minutos em que falou com jornalistas, bancou que a decisão havia sido tomada na sexta, mas o que sepultou de vez as chances de permanência do jogador no clube foi o áudio vazado. Até a reapresentação de Felipe teve a data alterada após a mensagem de voz vir a público: em vez de treinar de manhã no mesmo horário do elenco, foi à Academia de Futebol durante a tarde, quando os jogadores já tinham viajado para o Rio de Janeiro.

Com contrato até dezembro de 2019, Felipe vai esperar a oferta de clubes interessados. Sua intenção, por enquanto, é ficar no Brasil. 

Cuca, assim, venceu a queda braço e ganhou força mais uma vez. A torcida, que o criticou inicialmente pelo afastamento de Felipe, diminuiu o tom com a divulgação do áudio e a entrevista do jogador. Internamente, embora inicialmente a decisão não fosse unânime, prevaleceu a vontade do treinador, que em 2016 também liderou mudanças importantes no elenco, como as saídas de Lucas e Robinho.

O que cada um falou sobre o caso:

Alexandre Mattos: "Algumas coisinhas já tinham acontecido. A decisão foi da diretoria executiva de futebol. Obviamente tudo que eu faço eu falo com o presidente. A partir do momento em que teve o áudio, em que o próprio Felipe já disse que não estava na sua normalidade, a gente entende que foi desrespeitoso com nosso treinador. Todos vocês conhecem o Cuca, o caráter dele, e eu o considero o melhor do Brasil. A gente não pode aceitar uma situação tão forte como essa, à pessoa, ao ser humano. Não tenho o menor arrependimento de ter trazido o Felipe para o Palmeiras. A gente respeita ele, não é por acaso que jogou Copa do Mundo, que ficou mais de uma década na Europa. Ele vai ser respeitado aqui, ele se desculpou com o grupo, com o treinador, mas vai seguir outro caminho".

Felipe Melo: "Nesses sete meses nunca tive nenhum atrito com nenhum companheiro, inclusive me senti muito querido depois do acontecido. Confesso que cobro, que cobrei, que fui cobrado, mas tudo dentro de uma lógica. Errei naquele dia, porque naquele dia eu falei alguma coisa contra o Cuca. Assumi meu erro perante o grupo, pedi desculpa ao grupo, à diretoria, olhando nos olhos do Cuca. Ele me desculpou, apertou minha mão e disse que não trabalharia mais comigo. Pode ser também uma questão tática e técnica, não sei. A verdade é que joguei toda minha vida de uma forma e com o Cuca tinha que mudar, mas não vejo problema".

Cuca: "Em uma conversa aberta, eu antecipei os problemas e o deixei à vontade para seguir a carreira, a vida dele que vai ser brilhante. Não foi afastado, apenas no que penso de equipe e composição de meio e ataque, como jogo, não encaixa a titularidade dele, a princípio. No futuro iria dar problema, não tenho dúvida, ele também não tem. Não é laranja podre, outras coisas que falaram. É um profissional preservado, não tenho nada a falar, mas na filosofia que trabalho hoje, não entendo a titularidade".

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