Delegado esclarece caso envolvendo morte de torcedora do Palmeiras antes de jogo contra o Flamengo

César Saad afirmou que situação que ocasionou o falecimento de Gabriela Anelli não teve relação com confusão que paralisou a partida no fim de semana

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Titular da Delegacia de Repressão aos Delitos do Esporte, o delegado César Saad esclareceu o caso envolvendo a morte de Gabriela Anelli, torcedora do Palmeiras atingida por estilhaços de uma garrafa no último sábado (8) antes do duelo entre o time paulista e o Flamengo, no Allianz Parque, pelo Campeonato Brasileiro. 

Saad disse que a situação que ocasionou a morte de Gabriela aconteceu por volta das 18h, três horas antes de o jogo começar, e não teve relação com as paralisações durante o primeiro tempo da partida por conta dos efeitos de gases lacrimogêneos e de pimenta que vinham do lado externo do estádio palmeirense devido a uma outra confusão envolvendo torcedores e Polícia Militar. Nesta, não houve registro de feridos. 

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- Ocorreram duas brigas no Allianz, uma antes do jogo e outra durante a partida. Uma ocorreu de um lado do estádio e a outra ocorreu do lado oposto ao estádio. A briga onde a Gabriela foi vítima fatal ocorreu antes do jogo, na Padre Antônio Thomaz, onde é a entrada do visitante. Por volta das 18h, 18h30, havia já os alambrados colocados pelo policiamento, pelo Allianz, para a divisão das torcidas. Havia um grupo de palmeirenses, que não eram de torcida organizada, que estavam ali comendo, bebendo, onde iniciou o arremesso de garrafas, de pedras, por parte da torcida do Flamengo. Isso foi até filmado. E aí, justamente quando começou essa primeira briga, esse tumulto, a Gabriela foi vítima de uma garrafada, de um estilhaço da garrafa, que atingiu o pescoço dela. Tem inclusive um vídeo onde ela está sendo socorrida. Ela fica caída no chão, é socorrida. Ela dá a primeira entrada ali no posto de atendimento do Allianz, que rapidamente constatou a gravidade dos fatos, e a ambulância do estádio encaminhou ela para a Santa Casa - disse César em entrevista ao Canal do Benja. 

De acordo com o delegado, o torcedor que arremessou a garrafa foi identificado e assumiu a autoria do crime logo após o ocorrido, quando a Polícia fazia a contenção. Ele foi preso em flagrante e, posteriormente, após um juiz analisar o caso, foi detido preventivamente, sendo encaminhado a um centro de detenção. 

Leonardo Felipe Xavier Santiago, 26, foi o autor do homicídio. Ele disse que não teve a intenção de arremessar a garrafa em Gabriela, mas admitiu que lançou o objeto em direção a torcedores palmeirenses que se encontravam próximo ao portão D do Allianz Parque, na Rua Padre Antônio Thomaz. Por conta disso, ele assumiu o risco de atingir alguém de forma fatal e responderá por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Ainda há o agravante de ser um crime considerável fútil, que possivelmente aumentará a pena do indivíduo, que reside no Rio de Janeiro e foi por conta própria para São Paulo para acompanhar o jogo. Ele não fazia parte de caravanas ligadas à alguma torcida organizada do Flamengo. 

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- A gente tem o nome dele. Ele é torcedor do Flamengo. Ele é do Rio de Janeiro. Ele veio do Rio para assistir o jogo. Ele não veio nas caravanas de torcida organizada. Uma coisa que eu quero deixar bem claro aqui é que a atuação da polícia é imparcial, seja torcedor organizado ou não. O que ele cometeu foi crime e é dessa forma que ele será tratado e autuado, independente de torcida organizada ou não. É assim que estamos tratando o caso, tanto esse quanto outros, com total imparcialidade. Até então, até hoje de manhã, ele responderia por homicídio tentado, e, infelizmente, com a morte dela, ele vai passar a responder por homicídio consumado. Ele responderá pelo tribunal do júri e, com certeza, pegará uma pena bastante alta. O crime de homicídio é um crime que prevê uma pena bastante alta por motivo fútil, que ele vai responder, um crime com uma qualificadora. É um motivo muito fútil por uma briga de torcida você matar alguém com uma garrafada. Então, isso é uma qualificadora que vai aumentar a pena dele. Nós vamos utilizar também o reconhecimento facial para identificar outros torcedores envolvidos nessa briga - pontuou Saad, que esclarece o caso envolvendo a morte da torcedora do Palmeiras.

César Saad é o delegado titular do Drade em São Paulo (Foto: Stefani Paraiso/SSP-SP)

Gabriela foi resgatada com vida, atendida no ambulatório do Allianz Parque que, ao ver a gravidade da situação, a encaminhou imediatamente para a Santa Casa de Misericórdia localizada no Centro de São Paulo, onde ela passou por cirurgia. Estilhaços da garrafa arremessada atingiram a região da jugular da garota, fazendo com que ela perdesse bastante sangue. No domingo (9), a torcedora palmeirense teve duas paradas cardíacas e veio a óbito na manhã desta segunda-feira (10). 

Os pais de Anelli estavam no Allianz Parque, tentaram contato com a filha durante a partida, mas não conseguiram por conta da ausência de sinal telefônico. Quando eles descobriram o que aconteceu, Gabriela já estava em cirurgia. 

- Eu conversei com a médica no sábado de madrugada. A Gabriela passou por uma cirurgia, mas, infelizmente, o estilhaço da garrafa de vidro pegou na jugular dela, um lugar com muito volume de sangue, e, infelizmente, ela não aguentou. Ontem ela teve duas paradas cardíacas, foi reanimada e hoje ela veio a óbito - disse César Saad.

- O sinal de celular estava ruim lá no Allianz, eles (pais de Gabriela) assistiram o jogo inteiro tentando falar com ela no telefone e não conseguiam. Os pais só foram saber que a filha tinha passado por cirurgia após o término da partida, quando ligaram do hospital e eles foram pra lá - completou o delegado.

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