Aos 37 anos, Fernando Prass quer atuar por, no mínimo, mais quatro temporadas - e no Palmeiras. Para os que trabalham com ele no dia a dia, não há por que questionar os planos. Convocado para a Seleção olímpica, o goleiro tem entre os motivos para seu auge com a idade mais avançada o "desempenho de menino" e os treinos mais intensos com os preparadores de goleiros do clube, Oscar Rodríguez e Danilo Minutti, seu auxiliar.
Ter dois preparadores é algo raro em clubes, mas virou um trunfo no condicionamento dos goleiros do Verdão. Oscar, destro, e Danilo, canhoto, treinam os atletas para situações mais semelhantes às de jogo e com o ritmo elevado de trabalho. Consequentemente, deixam os arqueiros mais concentrados. Esta metodologia foi iniciada no fim de 2014, com a chegada de Oscar, e não é coincidência que desde então Prass começou a despontar.
- O Prass sempre foi um goleiro muito regular, a carreira inteira. Mas com o segundo preparador de goleiro aumenta a intensidade de treino, a dinâmica de trabalho. Você condiciona a estar sempre focado. Sai de uma situação de um determinado lugar no gol e vai para outra muito rápido, é como no jogo. A concentração aumenta, consequentemente - explicou Minutti, ao LANCE!.
- A gente costuma falar que trabalhamos com três bolas: uma comigo, uma com o Oscar e outra com o Prass, voltando. Então esta dinâmica de treino condiciona muito ao goleiro ficar inteiro quando ele tiver só uma bola. Isto com certeza foi uma evolução grande, quando o Oscar introduziu isto no fim de 2014 até hoje. Com certeza ajudou muito. Além do que os índices de força e velocidade do Prass são de garoto, de 21, 22 anos - acrescentou.
Este trabalho com Oscar e Danilo é feito em conjunto com o departamento de análise de desempenho, que passa vídeos dos adversários do Palmeiras. Na decisão da Copa do Brasil contra o Santos, por exemplo, Minutti teve um papel importante para deixar Prass pronto contra um time com muitos canhotos.
- O Oscar teve esta visão, de me trazer por eu ser um canhoto nato. A realidade do jogo fica muito mais próxima com o segundo preparador. O pessoal da análise de desempenho, que faz um excelente trabalho, nos passa as características dos times que vamos enfrentar e onde é o maior índice de finalização do adversário. Montamos nossos treinos a partir disto. Na final da Copa do Brasil no ano passado, por exemplo, o Santos tinha basicamente um time de canhoto. Da onde eram as finalizações? Focávamos nesta situação. Graças a Deus estamos tendo êxito neste trabalho - acrescentou.
'Como eu tive que fazer uma incisão no tendão (do cotovelo) para botar os pinos e depois outra para tirar, ficou a fibrose do tamanho de um caroço de azeitona. Eu gosto de treinar, nunca saí de um treino por dor, mas uma vez pedi para sair porque não estava aguentando. E eu tomava analgésico e anti-inflamatório antes do treino. Agora está zerado', Prass
Danilo era preparador de goleiros do sub-20 e desde a chegada de Oscar faz treinos com o profissional. Se hoje ele comemora o ótimo momento de Prass, o membro da comissão já se preocupou muito com o camisa 1. Na recuperação da cirurgia no cotovelo direito, Prass chegou a pediu para sair de um treino por não aguentar de dor - surpreendente para um atleta que faz atividades até em dia de jogo.
- O Prass pedir para parar é algo raro. Foi no fim de 2014, o Oscar teve uma lesão e eu acabei ficando com o Prass e outros goleiros. Eu lembro bem do dia. Graças a Deus não caímos, foi um momento difícil para todos no clube e precisávamos dele. Naquele momento ele voltando de lesão, pedir para sair, ficamos preocupados. Mas nada que ele não desse a volta por cima, com nosso DM, com o trabalho de reforço muscular para voltar em alto nível e agora vem os elogios - completou.
Prass fará mais quatro jogos (Figueirense, Sport, Santos e Inter) até se apresentar à Seleção para a busca do inédito ouro olímpico. Se o Brasil for até a final, o goleiro, assim como Gabriel Jesus, ficará fora de seis partidas no Campeonato Brasileiro. Vagner e Jailson disputam sua vaga no período.