A transferência do zagueiro Yerry Mina para o Barcelona concluirá um projeto extremamente bem-sucedido do Palmeiras. Ele deve viajar à Espanha ainda nesta semana, concluindo uma transação que vai movimentar 12,3 milhões de euros (R$ 47,6 milhões). É a maior venda de um atleta da posição na história do futebol brasileiro.
Em cerca de um ano e meio, Mina fez 49 jogos e nove gols pelo Palmeiras.
Abril de 2016 - a parceria com o Barcelona
A preferência de compra dada ao clube catalão foi uma estratégia de Alexandre Mattos, diretor de futebol do Palmeiras, para convencer o jogador colombiano a recusar uma proposta da Alemanha e jogar no Brasil.
- A prioridade para o Barcelona foi uma estratégia minha, pessoal, para conseguir o Mina. O Mina ia para a Alemanha, eu não conseguia competir. Sabia que o Barcelona vinha monitorando e depois de um ou dois anos poderia querer o Mina. Simplesmente fiz o diretor do Barcelona ligar para ele e falar: "Se você quer jogar um dia no Barcelona, você tem que ir para o nosso parceiro, tem que ir para o clube que a gente confia, que é o Palmeiras". O Mina topou e veio ganhando menos do que ganharia na Alemanha - explicou Mattos, em entrevista concedida ainda em 2016.
Maio de 2016 - clube não gasta nenhum centavo
O Palmeiras não precisou abrir os cofres para comprar 80% dos direitos econômicos de Yerry Mina, que vinha se destacando no Santa Fe (COL). Quem pagou os R$ 11,7 milhões foi Paulo Nobre, então presidente do clube, com recursos próprios.
Ficou combinado que o Verdão só precisaria ressarcir o dirigente quando vendesse o jogador, devolvendo os R$ 11,7 milhões com uma pequena correção. Ou seja: durante toda a passagem de Mina pelo Palestra Itália, o clube precisou abrir o bolso apenas para pagar os salários dele.
Se o contrato chegasse ao fim, no meio de 2021, e Mina saísse de graça, não seria necessário devolver nada a Nobre. Ele já havia feito essa manobra para trazer Leandro, Mendieta, Cristaldo, Tobio, Mouche, Allione e Róger Guedes.
Dezembro de 2016 - campeão e rei dos clássicos
Mina foi peça-chave na conquista do título brasileiro de 2016 pelo Palmeiras, mesmo disputando apenas 13 partidas na campanha. O colombiano marcou quatro gols nesse período, contra Santos, Corinthians, São Paulo e Coritiba, e ganhou o prêmio de melhor zagueiro da competição na eleição da CBF.
Fevereiro de 2017 - diretoria consegue adiar o adeus
O contrato original de Mina previa que o Barcelona poderia ativar a opção de compra em julho de 2017. No início do ano passado, Alexandre Mattos e o presidente Maurício Galiotte foram até a Espanha e alteraram esta cláusula. Ficou definido, então, que ela passaria a valer apenas após a Copa de 2018.
Janeiro de 2018 - Mina pede para ir, e Palmeiras lucra mais
O Barcelona não quis esperar até julho para levar Mina. O zagueiro, sabendo da possibilidade de se transferir já em janeiro, pediu ao clube para negociá-lo. O Palmeiras, então, passou a buscar maneiras de lucrar mais.
Para levá-lo em julho, o Barcelona precisaria pagar 9 milhões de euros. O Palmeiras ficaria com 6,8 milhões de euros, porque precisaria repassar 1,8 milhão de euros para o Santa Fe (dono de 20% dos direitos) e pagar mais 450 mil euros de taxa do mecanismo de solidariedade da Fifa - equivalentes a 5% do valor da venda. Parte dessa taxa, depois, voltaria aos cofres do clube, que é considerado um dos formadores de Mina.
Para liberá-lo agora, o Palmeiras cobrou 11,8 milhões do Barcelona por 100% dos direitos econômicos. Ficará com 10 milhões de euros (R$ 38,7 milhões) e repassará 1,8 milhão ao Santa Fe (os colombianos aceitaram receber 20% de 9 milhões de euros, e não de 11,8 milhões). Além disso, o Verdão exigiu que o Barcelona aceitasse arcar com os 5% da taxa de solidariedade, no valor de 590 mil euros (valor será rateado com o Santa Fe - Mina jogou pelo Palmeiras com menos de 23 anos, o que dá direito a um valor extra ao clube brasileiro).
Ainda sem contar o tal dinheiro que receberá como clube formador de Mina, o Palmeiras já receberá 3,16 milhões de euros (R$ 12,2 milhões) mais do que se fosse liberar o jogador na data estipulada.
Dos seus R$ 38,7 milhões, o clube repassará pouco mais de R$ 12 milhões a Paulo Nobre. Ou seja, lucrará cerca de R$ 26 milhões sem ter pago nada pelo atleta, apenas salários.