Palmeiras ‘faz o simples’ e chega a 6 jogos sem sofrer gols após dez anos
Time não conseguia uma sequência tão grande com a meta invicta desde 2008, quando Vanderlei Luxemburgo era o treinador. Atuação não foi vistosa, mas Verdão ganha corpo
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O Palmeiras chegou nessa quinta-feira ao sexto jogo seguido sem sofrer gols. A marca já é relevante ao se comparar com o fim da passagem de Roger Machado, quando a equipe levou sete gols nas últimas cinco partidas do técnico no Brasileiro. Mas o feito ganha ainda mais força, pois não era atingido no Verdão há dez anos, desde 2008. Fruto de um trabalho que Luiz Felipe Scolari considera ser simples até aqui.
- Estamos trabalhando principalmente o setor de cobertura, porque uma defesa com boa cobertura pode ter uma falha e o companheiro estar ali para ajudar. 'Ah, o Dracena não tem velocidade!'. Ele não precisa ter velocidade, tem posicionamento. Tem que saber que o Felipe (Melo) está jogando de uma forma de proteção que a defesa não se expõe. É só uma questão de posicionamento e entendimento dos jogadores. Futebol é muito simples, não tem nada de novidade, a não ser aquilo que os jogadores desejam fazer em campo - justificou o treinador.
A avaliação do treinador é pertinente. O Palmeiras não faz jogos de encher os olhos plasticamente, mas não se complica mais. Com Roger, especialmente dentro de casa, ao mesmo tempo em que se criava muitas chances, o risco era grande, até por isso veio aquela sequência de empates no Brasileiro. Contra o Bahia, por exemplo, após fazer 1 a 0, o técnico preocupou-se em segurar o adversário, que no primeiro tempo deu sustos.
Felipão tratou de corrigir a defesa, um ponto muito cuidado por ele e Paulo Turra nos treinos durante a semana. Turra, que à beira do campo é quase um segundo treinador, teve inclusive uma oferta para voltar à China, mas seu chefe não o deixou sair. Nas atividades desta semana, o auxiliar repetidamente trabalhou o posicionamento da linha de defesa. Tem dado resultado.
Depois da sequência com Roger sem conseguir segurar resultados e com a impaciência grande da torcida, estes jogos sofrendo, mas vencendo, criam a casca copeira que a comissão técnica de Scolari quer, e também uma relação maior com a torcida. Pode soar estranho, mas nestas últimas partidas mais apertadas, há uma união maior entre o time e arquibancada, ainda que seja no sofrimento para depois explodir ao comemorar a vitória. Aos poucos, os jogadores vão também recuperando a confiança.
Esta é a vantagem de se ter um ídolo à beira do campo. Com certeza o estilo de jogo praticado no primeiro tempo ou as trocas de Felipão (Thiago Santos por Borja, por exemplo) seriam motivos de cornetas bem intensas com Roger Machado. Mas o clima, agora, é outro.
Realmente, não há nada de inovador o que tem feito Felipão. Um técnico com currículo vencedor, que investe muito tempo na criação de um bom ambiente no vestiário e com ideias de jogo definidas há décadas, ainda que não agradem a muitos. Está dando resultado: são três vitórias e um empate desde a sua volta, com a classificação na Copa do Brasil garantida, e a da Libertadores encaminhada. O simples também pode funcionar.
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