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Fôlego, entrega e ‘até’ gols: Willian é o centroavante real do Palmeiras

Enquanto o clube vive interminável busca pelo centroavante dos sonhos, Willian se fixa no time titular: foi quem mais jogou e mais fez gol no ano. Veja entrevista exclusiva

Willian comemora o gol que marcou contra o Santos no Paulistão
imagem cameraCesar Greco/Palmeiras
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 13/06/2017
22:38
Atualizado em 14/06/2017
08:00

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A procura do Palmeiras pelo centroavante dos sonhos parece nunca terminar. Barrios e Alecsandro tentaram preencher esta lacuna e não conseguiram. Borja chegou com status de estrela e até agora não se adaptou. Pelo jovem Richarlison, o clube colocou milhões e milhões de reais sobre a mesa do Fluminense. Tem torcedor sonhando até com Diego Costa... O centroavante da realidade nem centroavante é, mas isso não significa que ele não faça gols: Willian, atleta do elenco que mais jogou no ano (31 partidas, ao lado de Prass), é também o artilheiro do time em 2017 (nove bolas na rede).

O camisa 29 poderia usar os números a seu favor, mas não se gabou por ser o goleador do Verdão em nenhum momento da entrevista que deu ao LANCE! na tarde desta terça, na Academia de Futebol. Ele não é daqueles que acham que gol é detalhe, mas prefere ressaltar outras qualidades:

- Quem está fora às vezes não tem a visão que o treinador tem. Não é porque não fiz gol e não fiz aquele baita jogo que não fui fundamental para o time. Eu me doo na parte tática, marco, roubo bola... Não é sempre que os gols vão sair, que vamos dar show, até porque não sou esse jogador que sai fintando dois, três e faz um golaço. Claro que isso pode acontecer, mas eu sou um jogador que tento estar na área, que sempre tento criar alguma coisa, finalizando, ajudando na marcação, colaborando com o coletivo - disse.

Tem dado certo. Willian era frequentemente elogiado por Eduardo Baptista e parece já ter conquistado Cuca também. Mesmo antes de Borja se apresentar à seleção colombiana, o "9" titular do Verdão já vinha sendo ele. E será assim mais uma vez às 21h45 desta quarta-feira, contra o Santos, na Vila Belmiro. Um palco, aliás, que remete a boas lembranças.

- Realmente é um lugar em que já fui muito feliz. Recentemente aqui pelo Palmeiras fizemos um grande jogo, conseguimos virar com um gol meu (2 a 1 pelo Paulistão). Pelo Cruzeiro eu marquei pela semifinal da Copa do Brasil de 2014. A gente empatou 3 a 3 e fui feliz de estar fazendo dois gols (a Raposa se classificou). É um campo bom, o que favorece para jogar um bom futebol - lembrou o atacante.

Mas não está tudo perfeito. Willian não esconde que jogar de costas para o gol, como centroavante, não é sua preferência. E ele sabe que o fato de estar se desdobrando para "quebrar um galho" nesta posição não o deixa imune às críticas. São cinco jogos sem marcar gols.

- Eu me cobro, tenho autocrítica. Os gols não têm acontecido, mas estou feliz pela minha doação, pela entrega dentro de campo. Se você pegar as estatísticas, eu participo bastante, eu roubo bola. Eu entendo quem está de fora, porque eles querem que o Willian faça gol e por isso tem essa cobrança. Claro que se eu fizesse gol todo jogo seria maravilhoso, mas não é assim. Tenho o reconhecimento do Cuca e dos meus companheiros, e isso que é válido. E tenho certeza que o torcedor também está feliz pela disposição e pela entrega.

Confira um bate-bola exclusivo com Willian:


Se te perguntassem qual é a sua posição preferida, você diria que é como segundo atacante? Nem na ponta, marcando lateral, e nem como 9?

Sim, pela minha forma de jogar, minhas características. Eu não sou um cara que tem um individual tão forte como um Dudu, um Keno, um Róger. Minha característica é mais de toque de bola, de fazer um-dois, fazer uma diagonal, estar perto do gol finalizando. Quando tem um jogador de referência, eu gosto de estar buscando esse jogador para ele fazer o pivô. Joguei super bem com o Borja nos jogos que fizemos. Às vezes ele sai para o lado, eu fico por dentro e a gente confunde a marcação. Se você perguntar qual é a função que eu mais gosto é essa, como segundo atacante, mas nem todos os treinadores jogam com segundo atacante, hoje dificilmente se joga assim. Mas a gente sabe que o Cuca é estrategista, é inteligente, tem variações na forma de jogar. É bom, e a gente até conversou sobre isso. Tenho certeza que com o Borja ou com alguém que daqui a pouco possa chegar para fazer essa referência eu vou render mais. Não que eu esteja sendo sacrificado por jogar de costas, estou jogando assim porque já mostrei isso e tenho lutado. Tem jogo que a gente não consegue chegar tanto, quem chega mais são os jogadores de beirada ou o Guerra. Às vezes a gente não cria tanto perigo, mas abre espaço com a movimentação para quem vem de trás. Essa é a ideia do Cuca. 

Quando você não joga improvisado como centroavante, joga pela ponta. Não são suas funções favoritas, mas isso tem sido bom por te deixar sempre no time?

Meu objetivo é estar sempre dentro do campo, com saúde, fazendo o que eu mais gosto e ajudando. Eu não fiquei fora de nenhum jogo, fui para todos, para todas as viagens. Quando não joguei, fiquei no banco, mas à disposição. A tendência é cair um pouco de produção, até pelo cansaço, mas a gente faz de tudo para recuperar, com o auxílio do pessoal. Estou feliz. Os gols não têm saído nesses últimos jogos, mas tenho participado. O importante é o coletivo, o gol é natural. Onde me colocar vou estar brigando, me doando para ajudar a equipe.

Na sua última coletiva, você fez questão de afastar o rótulo de talismã, de jogador que costuma sair do banco e jogar bem. Aqui no Palmeiras você quer construir a fama de titular?

Eu entendo, mas jamais quero esse rótulo de talismã. Até porque fiquei três anos e meio no Cruzeiro e na maioria dos jogos fui titular. Claro que em alguns momentos você fica no banco, às vezes você não está passando por uma fase tão boa, mas tenho trabalhado bastante para estar ajudando. É por isso que estou tendo a oportunidade de iniciar as partidas.

O que te motivou a sair do Cruzeiro para encarar esse desafio aqui?

Primeiro que se trata de um grande clube. Hoje todos os atletas gostariam de estar no Palmeiras, pelo que vem conquistando, pela seriedade, pela estrutura. E também pela confiança que eu tinha no Alexandre e ele em mim. Nem teve muito o que discutir. No momento em que ele falou que tinha interesse eu fiquei muito feliz, muito motivado, sabendo da responsabilidade e da pressão que teria aqui. Tenho muita gratidão a Deus, ao Alexandre, à diretoria, ao próprio Eduardo. Fiz a escolha certa.

A Libertadores pesou?

Era meu objetivo disputar novamente uma Libertadores. Não é que eu já estava completamente realizado no Cruzeiro e queria sair, tenho uma história bonita no clube, mas acredito que todo ciclo chega ao fim. O clube entendeu isso também, foi uma negociação respeitosa. Eu sabia que estava vindo para um grupo forte, campeão brasileiro, com uma expectativa muito grande. Eu sabia que teria muita dificuldade para jogar, pela qualidade que o grupo tinha, mas a gente é movido a isso, isso me estimula bastante. Eu cheguei respeitando a todos, mas para brigar pelo meu espaço.

Foi no Cruzeiro que você passou a jogar também como centroavante, certo?

Quando o Mano chegou, ele foi assistir a um jogo contra a Ponte Preta no camarote. Quem dirigiu o time foi o Deivid, e ele via em mim muito potencial para jogar mais perto do gol, não tanto marcando o lateral. Claro que ele sabia do meu comprometimento, que sou um cara que gosta de ajudar na marcação, mas ele me queria mais perto do gol e me colocou para marcar um volante nesse jogo. Não deixava de marcar, mas estava sempre mais próximo do centroavante, que naquele dia era o Damião. Eu fui muito bem nesse jogo. O Mano assumiu no jogo seguinte, contra o Figueirense, no Mineirão, e quem fez a função do centroavante foi o Vinicius Araújo, comigo flutuando. Fiz quatro gols nessa partida, uma coisa inédita, que nunca tinha acontecido comigo. Consegui render super bem, estando sempre próximo do gol, criando jogadas. Depois o Mano optou por mim como falso 9 e me senti bem também, estava em um momento de muita confiança. De lá para cá eu venho atuando nessa função, mas também sempre disposto a ajudar, jogando pelos lados também. Até já tive essa conversa com o Cuca. Onde ele me colocar vou tentar fazer meu melhor. Claro que nem sempre a gente vai conseguir jogar aquele grande futebol, principalmente quando você joga aberto, que precisa se comprometer bastante com a marcação. Quando eu jogo pela beirada, com certeza eu vou chegar menos na frente do que quando jogo como referência ou segundo atacante. Mas o importante é estar dentro do campo.

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