Gabriel Jesus vira ‘gente grande’ em um ano e busca marca histórica
Em novembro de 2014, jovem também estava se preparando para enfrentar o Santos, mas pelo Paulista sub-17. Agora, pode ser o mais jovem titular em títulos nacionais do Verdão
Gabriel Jesus virou gente grande em 2015. Não só por ter completado 18 anos em abril, mas também por ter deixado de ser o maior destaque da base do Palmeiras para se tornar titular do time profissional, com chance de atingir um feito histórico na final da Copa do Brasil, contra o Santos - o jogo de ida será às 22h desta quarta-feira, na Vila Belmiro.
Em caso de título, o atacante passará a ser o atleta mais jovem a faturar uma taça nacional pelo Verdão como titular. Nas dez conquistas do clube, os mais jovens tinham 20 anos, casos de Leão (Roberto Gomes Pedrosa de 1969), Roberto Carlos (Brasileirão de 1993), Wágner e Flávio Conceição (Brasileirão de 1994). Jesus terá 18 anos e oito meses.
– Se Deus nos honrar com o título, vai fechar um ano consagrado para mim e para todos do Palmeiras. Ano que vem, vamos trabalhar bem mais tranquilos e almejando mais títulos – disse o garoto, ao LANCE!.
"Se Deus nos honrar com o título, vai fechar um ano consagrado para mim e para todos do Palmeiras", disse Gabriel, ao LANCE!
Há um ano, Gabriel também estava se preparando para uma final contra o Santos, mas muito menos relevante: a do Paulistão sub-17.
– De lá para cá, mudou tudo. No profissional é outro ritmo, completamente diferente do sub-17. A gente vai dar o máximo, vai lutar, vai guerrear para conquistar esse título.
À época conhecido como Gabriel Fernando, a promessa palmeirense abriu o placar da decisão estadual, mas o Peixe virou e conquistou o título. Mesmo assim, ele foi o grande destaque do torneio, com o recorde de 37 gols em 22 partidas. Antes de ser promovido de forma definitiva, ainda teve uma rápida passagem pelo time sub-20, com cinco gols em seis jogos na Copa São Paulo deste ano.
Com 35 jogos e sete gols pelo profissional, o jovem já disputou – e perdeu – uma final contra o Santos, no Paulistão. Quem o conhece faz tempo já imagina o quanto o clube praiano está engasgado.
– O Gabriel aparenta ser uma pessoa calma, mas na realidade ele é bem nervoso e não gosta de perder nem no par ou ímpar. Quando o time estava perdendo, o sangue subia e ele ficava reclamando com o juiz, tanto que foi expulso algumas vezes – lembra José Francisco Mamede, técnico de Jesus dos 8 aos 14 anos, no Pequeninos do Meio Ambiente, clube de futebol amador da zona norte paulistana que manda seus jogos no campo do Presídio Militar Romão Gomes.
O primeiro apelido
Os companheiros de Gabriel Jesus no Palmeiras, principalmente os mais jovens, costumam chamá-lo de Borel, em referência à semelhança física com o cantor Nego do Borel. Mas este apelido, dado ao jovem na base do Verdão, não é o primeiro dele em sua trajetória no futebol.
– O Gabriel costumava dizer que o jogo seria uma tetinha. “Ah, já está 2 a 0 para a gente, então é teta”. Então a gente chamava ele de Tetinha – conta Mamede.
Gabriel Jesus chegou ao Pequeninos ainda criança, ao lado do amigo Fabinho. Ficou até os 14 anos e partiu para o Anhanguera, clube de várzea, até passar em um teste no Palmeiras em 2012. Os profissionais da base do clube gostaram tanto dele que o contrataram mesmo com o período de inscrições nos campeonatos do ano já encerrado. A estreia foi só em 2013.
- Ele chamou a atenção pela disposição. Hoje a garotada da base está complicada, chega se achando até para a avaliação, porque o pai mimou, porque já tem empresário. O Gabriel sempre foi diferente - relata Bruno Petri, técnico do prodígio no sub-17 do Palmeiras.
– Eu falava: “Gabriel, se você continuar assim, tenho certeza que você vai ser profissional”. Acho que ele vai longe, viu? Aqui, sempre foi o melhor em tudo e nunca perdeu treino – emenda Mamede, antes de compará-lo a outro candidato a craque:
- Quando ele começou a aparecer na TV, o pessoal do Pequeninos ficou doido. Ele é tudo aquilo que mostram mesmo, tudo aquilo que ele fez na base. Eu até falo que ele lembra muito o Dener, da Portuguesa (revelação que morreu em 1994). Dribla para a frente, sempre em velocidade.
Se vier, título será para a mãe: confira um bate-bola com Jesus:
LANCE!: Um ano depois da decisão do Paulistão sub-17, você já se vê com um status muito maior?
Gabriel Jesus: Não sei se é status, mas estou bem mais tranquilo e um pouco mais experiente também. Os companheiros conversam comigo, me deixam bem tranquilo para jogar. Isso também ajuda muito.
Hoje, os jovens da base do Palmeiras se inspiram em você. O que tem a dizer para eles?
Como eu sempre falo, eu trabalhei bastante e até hoje eu trabalho para sempre melhorar e atingir minhas metas. Tem muitos garotos de qualidade na base do Palmeiras. Se trabalhar, vai chegar.
Quais são suas metas?
Tenho muitas metas, principalmente ganhar títulos. Jogador tem que traçar metas para cumprir. Sempre a gente tem metas para realizar nosso trabalho da melhor forma.
Se for campeão, você vai dedicar para alguém em especial?
Com certeza, minha mãe (Vera). Ela é guerreira. Se vier, vai ser para ela.