GIFs para a história: Palmeiras revê Boca, carrasco e vítima de 6 a 1
Verdão volta e encontrar o clube argentino por uma competição após 17 anos. Último embate, na semi da Libertadores de 2001, foi marcado por erros de arbitragem
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O Palmeiras, enfim, vai reencontrar o Boca Juniors (ARG) por uma Copa Libertadores, nesta quarta-feira, às 21h45, pela terceira rodada da fase de grupos, no Allianz Parque. Há torcedores que já estão prestes a tirar a carteira de habilitação e nunca viram o confronto pela competição. Um confronto que marcou a última virada do século. Quase 17 anos se passaram desde o último duelo, na semifinal de 2001, quando o personagem principal da disputa foi o árbitro paraguaio Ubaldo Aquino, responsável por cometer erros crassos contra o Verdão na partida de ida, empatada em 2 a 2, em La Bombonera - o Boca se classificou na volta, nos pênaltis, após empate pelo mesmo placar. Uma noite em que Juan Román Riquelme brilhou no velho Palestra Itália. O LANCE! conta um pouco da história do confronto, jogo único deste meio de semana pela Copa Libertadores... Os olhos da América estarão no Allianz!
A maior goleada sofrida pelo Boca
Antes de chegar ao fim do século passado, vamos parar a máquina do tempo na noite de 9 de março de 1994, também no antigo Palestra. Foi ali que o Boca Juniors (ARG) sofreu, para o Palmeiras, a maior goleada de sua história na Libertadores. Um baile do esquadrão palmeirense da Era Parmalat, que seria bicampeão brasileiro e bicampeão paulista naquele ano. A conta foi fechada em 6 a 1: Cléber, Roberto Carlos, Edílson, Evair (dois) e Jean Carlo marcaram para o Verdão. Martinez, de pênalti, descontou para os argentinos. O segundo gol foi um golaço, com assistência de calcanhar para a bomba de Roberto Carlos, para delírio dos 19 mil pagantes presentes no estádio. O volante argentino Mancuso jogava pelo Boca e, no ano seguinte, reforçou o Verdão.
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Imagine um grupo com Palmeiras, Cruzeiro, Boca Juniors (ARG) e Vélez Sarsfield (ARG). Pois naquela época era possível. Dois clubes representavam cada país e eles sempre caíam na mesma chave com outra dupla. Deu Brasil e Argentina no sorteio para aquele Grupo 2. O Verdão campeão brasileiro de 1993 encarou os argentinos ao lado da Raposa, campeã da Copa do Brasil. O Palmeiras venceu todos jogos em casa e perdeu todos fora. Três se classificavam e o Verdão foi o terceiro - o Boca acabou ficando na lanterna e foi eliminado da Copa. Na Argentina, o time de Vanderlei Luxemburgo perdeu por 2 a 1. Nas oitavas, o Alviverde acabou eliminado para o São Paulo, então atual campeão do torneio.
Deu Verdão na Mercosul
O reencontro com o Boca aconteceu quatro anos depois, pela Copa Mercosul, conquistada pelo Palmeiras. O torneio cumpria no calendário o papel da atual Copa Sul-Americana e teve quatro edições, de 1998 a 2001 (o Verdão chegou em três finais e conquistou uma taça, justamente a primeira). Nas quartas de final, Almir, Arílson e Magrão marcaram na ida, no Palestra, em vitória por 3 a 1. A classificação veio em La Bombonera com empate (1 a 1): gol de Alex. O Palmeiras conquistou o título na final contra o Cruzeiro naquela competição, que foi considerada como ensaio para a conquista da Libertadores de 1999.
Final de gigantes
De um lado, o atual campeão da América em busca do bi. Do outro, um bicampeão que não conquistava a Libertadores há 22 anos. Neste cenário, Palmeiras e Boca Juniors chegaram à final de 2000. Ambos eliminaram seus grandes rivais na campanha: o Verdão bateu o Corinthians na semifinal ("correu Marcelinho, bateu, defendeeeeu Marcos") e o Boca tirou o River Plate nas quartas, com um 3 a 0 histórico em La Bombonera no jogo de volta, quando Palermo voltou de uma grave lesão, fez o seu, chorou e fez o estádio chorar de emoção. Córdoba; Ibarra, Samuel, Bermúdez e Arruabarrena; Battaglia, Traverso, Basualdo e Riquelme; Guillermo Schelloto (atual treinador da equipe argentina) e Palermo era a formação de um Boca que hoje é considerado um dos maiores da história do clube. Comandados pelo ídolo Carlos Bianchi.
A história do confronto é marcante para os xeneizes, que dedicam espaço especial em seu memorial para a final contra o Palmeiras - imagens da decisão abrem um documentário sobre o clube ("Boca juniors 3D") que está no Netflix. Pois o jogo de ida, na entupida Bombonera, fez os argentinos viajarem ao Brasil com gosto de derrota. O Palmeiras arrancou um 2 a 2 na casa do adversário, buscando duas vezes o empate após ficar em desvantagem. Arruabarrena marcou dois para o Boca, Pena e Euller empataram para o Verdão.
Com Maradona, torcedor do Boca, como comentarista de uma TV argentina no Morumbi, o Palmeiras de Felipão confiava no bicampeonato na volta. Mas a festa foi dos torcedores argentinos, que ocuparam um espaço considerável da arquibancada e fizeram muito barulho. O jogo terminou 0 a 0, com um gol mal anulado de Palermo, e um pênalti reclamado no palmeirense Asprilla.
Não havia critério do gol qualificado, o que daria vantagem ao Palmeiras. O jeito foi decidir o título nas cobranças de pênaltis. A sorte (e competência) que acompanhava o Palmeiras em penalidades desde a conquista de 1999 acabou. Após quatro vitórias seguidas em penalidades pela competição, Córdoba estudou os palmeirenses e pegou as cobranças de Asprilla e Roque Júnior. Bermúdez fechou a conta para a vitória dos argentinos por 4 a 2.
A festa no Morumbi ficou com os xeneizes. O zagueiro Argel deixou o campo chorando, mesma reação de muitos palmeirenses na arquibancada. Véspera de feriado de Corpus Christi, restou à torcida aguentar a piada de "Porcos Triste".
'Robaldo' Aquino
Este é o apelido que a torcida do Palmeiras deu ao árbitro Ubaldo Aquino no reencontro entre Boca e Verdão, no ano seguinte, desta vez pela semifinal da Libertadores. O placar da ida, também na Bombonera, foi igual ao do ano anterior. Mas poderia ter sido muito diferente, não fosse a influência da arbitragem. "Em futebolês claro, foi um dos maiores assaltados da história. O Palmeiras, apesar do apito inimigo, foi sempre melhor e perdeu chances para detonar o Boca", diz o texto narrado por Fernando Vanucci em matéria do jogo na TV Band. O Palmeiras, de Celso Roth, ficou duas vezes na frente. O primeiro empate, após gol de Alex, veio de pênalti inexiste convertido por Schelloto.
Fábio Júnior voltou a colocar o Palmeiras na frente e Barijho, que já poderia ter sido expulso por pisão na mão do goleiro Marcos, empatou. O Verdão reagiu de novo quando Fernando saiu na cara do goleiro Córdoba e sofreu pênalti. Aquino não só não marcou a penalidade como expulsou Fernando com o segundo amarelo, alegando simulação... O jogo ficou no 2 a 2.
Eliminação e voadora no auxiliar
Os erros de arbitragem voltaram a acontecer no jogo de volta, em 13 de junho de 2001, no último jogo por competição entre Palmeiras e Boca. É verdade que antes disso o meia Riquelme começou a dar seu show no Palestra Itália, conduzindo o time argentino a um placar de 2 a 0 logo no início do jogo. O craque, que quase jogou no Verdão em 2013, colocou Argel para dançar.
Um impedimento mal marcado em gol de Fabio Júnior fez com que um torcedor palmeirense invadisse o campo com uma voadora no auxiliar. O mesmo Fabio já tinha descontado (2 a 1), antes, mas ninguém segurou o palmeirense, conhecido como Zeca Urubu, que ficou famoso na arquibancada do Palestra. O Palmeiras empatou na etapa final e, de novo, parou em Córdoba nos pênaltis. Alex, Arce e Basílio perderam as cobranças naquela noite... O Boca pegou o Cruz Azul (MEX) na final e, de novo nos pênaltis, foi campeão. Foi uma década de domínio xeneize, com títulos em 2000, 2001, 2003 e 2007, esta a última conquista do clube na Copa. São seis taças do Boca na Libertadores, só atrás do rival Independiente (ARG), que tem sete.
Adeus ao Velho Palestra
A última partida entre Palmeiras e Boca, no entanto, não foi na Libertadores de 2001. Os argentinos foram convidados para um amistoso que marcou o fechamento do Palestra Itália para a construção da nova arena, em 2010. Em 9 de julho daquele ano, feriado em São Paulo, o Boca venceu por 2 a 0. O time palmeirense, comandado por Murtosa, não deixa saudade como o antigo estádio: Bruno (Deola); Vítor, Maurício Ramos (Léo), Danilo e Gabriel Silva; Edinho, Márcio Araújo (Vinícius), Lincoln (Marcos Assunção) e Cleiton Xavier; Ewerthon (Tadeu) e Kléber. Viatri e Muñoz marcaram os gols do Boca.
Retrospecto
Antes de 1994, Palmeiras e Boca só tinham se enfrentado por amistosos e torneios de menor expressão. São 21 partidas, com sete vitórias do Verdão, 11 empates e três triunfos do Boca. Foram seis duelos em Libertadores: uma vitória para cada lado e quatro empates. E duas vitórias argentinas em penais.
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