No sábado, ao concluir a vitória por 3 a 2 sobre o Santos, cobrando falta que balançou as redes com falha do goleiro Vanderlei, Victor Luis encerrou um jejum de seis anos no Palmeiras. O clube não tinha três gols de falta na mesma temporada desde 2012, exatamente na passagem anterior do técnico Luiz Felipe Scolari.
Naquele ano, no qual o Verdão foi campeão da Copa do Brasil e acabou também rebaixado no Campeonato Brasileiro, a equipe balançou as redes em cobranças diretas de falta seis vezes, todas com Marcos Assunção. O ex-volante fez gol dessa forma em três oportunidades no Paulista (duas vezes no 2 a 0 sobre o Mogi Mirim, uma no 3 a 2 contra o XV de Piracicaba e outra no 2 a 1 diante da Ponte Preta) e duas na Copa do Brasil (3 a 0 sobre o Coruripe e 2 a 1 contra o Paraná).
Têm sido raros os gols de falta do Palmeiras. Para se ter ideia, depois da última temporada de Marcos Assunção no clube, com seis cobranças certeiras em 2012, o time só fez cinco gols dessa forma. Antes de 2018, Ayrton balançou as redes assim na derrota por 3 a 2 para Penapolense, no Campeonato Paulista de 2013, e Robinho fez o mesmo na vitória por 2 a 0 sobre o Capivariano, no Estadual de 2015.
Já em 2018, antes de Victor Luis, no último sábado, Bruno Henrique cobrou falta nas redes do Atlético-MG, na vitória por 3 a 2 de 22 de julho, e Lucas Lima converteu sua chance no 2 a 0 sobre o Botafogo, em 22 de agosto. Todos em partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro. Mas nenhum, na visão de Marcos Assunção, provando que o elenco tem hoje um especialista na função.
- O Bruno Henrique pega bem na bola, faz alguns gols de falta, mas ainda não é o ideal. Na minha época, eu, Marcelinho Carioca, Ronaldinho Gaúcho e Juninho Pernambucano fazíamos um gol de falta a cada dois ou três jogos. Especialista é quem faz um gol a cada três cobranças. Não pode passar cinco, seis, sete, oito jogos para fazer. Aí, não se é um especialista, mas um batedor de falta normal que, de repente, pegou bem na bola e entrou - analisou Assunção ao LANCE!
- A questão é treinar durante a semana. Dois dias antes do jogo, eu batia de 60 a 80 faltas depois do treino. A um dia, de 30 a 40. A confiança que eu pegava do treino colocava no jogo sempre como se fosse a única chance que eu teria. Esses treinos me davam confiança para chegar tranquilo e no jogo, como se fosse no treino, dar três passos para trás, se concentrar e fazer o gol. Confiança, concentração e os treinos me fizeram ter tantos gols de falta - disse o ex-jogador, revelando, sorrindo, que precisava convencer Felipão para aprimorar sua especialidade no intervalo entre as partidas.
- Quando eu estava cansado, falava para o Felipão e ele me deixava descansar. Mas, muitas vezes, eu estava descansado, querendo treinar cobranças de falta e ele me deixava bater umas 10, 15 faltas no máximo e me mandava embora, brigava comigo. Eu discutia porque ele achava que eu ia me machucar, mas o jogador precisa entender e conhecer o seu corpo - contou Assunção.