Em guerra com Mustafá, Leila quer mudança no estatuto para dar paz à presidência e pôr clube ‘no século 21’

Conselheira e patrocinadora trabalha para que na segunda o Conselho Deliberativo aprove a alteração no mandato de presidente, de dois para três anos. Ao L! ela diz o porquê

imagem cameraLeila Pereira defende a mudança no período de governo no Palmeiras (Foto: Agência Palmeiras)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 16/05/2018
17:05
Atualizado em 17/05/2018
08:00
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O Conselho Deliberativo (CD) do Palmeiras votará na próxima segunda-feira uma mudança no estatuto que está mexendo com a política do clube: o aumento do mandato do presidente de dois para três anos. Leila Pereira, patrocinadora e conselheira do Verdão, é a principal defensora da alteração.

Está é mais um tema em que ela se opõe a Mustafá Contursi, atual desafeto e um dos que tentam fazer a mudança não passar no CD. A campanha é forte dos dois lados e espera-se uma votação apertada. Para Leila, os que estão ao lado do ex-presidente não querem romper com o passado no clube. Nesta noite, haverá um jantar a conselheiros para o encerramento da campanha pela mudança, que será votada pelo CD e precisa ser confirmada posteriormente na assembleia de sócios.

- Eu estou de um lado, e o Mustafá está em outro completamente diferente. O presidente no primeiro ano (de mandato) está se adaptando, fazendo as concessões que precisam ser feitas e no segundo ano tem de negociar novamente (para a próxima eleição). O Mustafá acha isto saudável para o clube, porque é melhor para ele. Porque ele está sempre no centro da atenções. Eu luto pelo oposto, para que o presidente não tenha de negociar com ele ano a ano. Quero que o presidente possa administrar o clube para que o Palmeiras continue sendo sempre protagonista. Em algum momento do mandato você precisa ter paz. E no Palmeiras sempre se cria algum problema. Este agora o dos três anos, mas a comissão que estuda a alteração já tem cinco anos. Não podemos perder o bonde da história. É a chance de enterrar o passado e olhar para frente - justifica Leila, ao LANCE!.

Os opositores citam que a presidente da Crefisa defende a mudança para encurtar seu caminho à presidência do clube - argumento rebatido por ela. 

No atual regime, Maurício Galiotte pode se candidatar a uma reeleição, no fim deste ano, para um mandato até 2020. Leila só é elegível ao cargo após completar o seu mandato de conselheira, que se encerra no início de 2021. Assim, haveria outro presidente entre 2021 e 2022, para que apenas a partir daí ela tenha autorização para disputar a cadeira.

A aprovação da mudança agora pode fazer com que o próximo presidente, eleito no fim deste ano, já tenha um mandato de três anos. Caso Maurício seja reeleito desta forma, ele ficará de 2019 até o fim de 2021 no cargo, tornando Leila uma possível candidata para sucessão já no pleito seguinte. Este cenário, hoje, é tratado por ela como uma grande "elucubração".

- As pessoas falam que a alteração é um casuísmo para beneficiar a Leila, o que é mentira, porque luto pelo conceito dos três anos. Com relação ao casuísmo, as pessoas acham que facilitaria minha candidatura à presidência em 2021, porque meu mandato (como conselheira) acaba em fevereiro de 2021. E se aprovada esta votação eu poderia ser candidata em 2021, mas é muita elucubração. São três anos e meio, eu não sei o que vai ser da minha vida até lá. Posso dizer se serei candidata ou não em seis meses, um ano antes (da eleição). Não agora. Mas se é casuísmo para mim, seria para todos os conselheiros que entraram comigo em primeiro mandato. Por que a discriminação com a Leila e não com outros? - questionou Leila, ao LANCE!.

- Ficam utilizando este tipo de argumento completamente infundado para prejudicar o conceito dos três anos, que é muito bom. Tenho de suportar, isto às vezes me deixa indignada. A rejeição à minha pessoa não é grande, mas é muito forte para um grupo pequeno de pessoas, que me ataca violentamente, ataques infundados. Acho que só colaborei com o clube. Nosso patrocínio é uma parceria, porque pago três vezes mais o valor de mercado de um clube da grandeza do Palmeiras. Então não sei por que o receio com a minha pessoa. Se eu, em algum momento, for candidata e os sócios entenderem que serei a melhor pessoa para comandar o clube, vou fazer meu melhor. Se eu já faço hoje, imagina se eu um dia alcançar o cargo máximo. Mas quem me critica infundadamente eu passo como um trator por cima, pelo bem do Palmeiras - acrescentou.

Veja abaixo as explicações de Leila sobre a votação de segunda:

Por que a defesa para a mudança no estatuto?
Eu defendo arduamente a mudança de dois para três anos porque o Palmeiras está em um momento histórico, em um patamar que nunca esteve. Eu estou falando no aspecto financeiro, no aspecto de protagonismo. Claro que na Parmalat foi uma época de ouro, mas hoje, financeiramente, o Palmeiras está em um momento histórico, de profissionalização e não podemos deixar que isto retroaja. Acho que para a modernidade, para a continuidade do processo de engrandecimento ainda maior do clube é preciso aprovar este mandato de três anos. Para o presidente do clube ter paz. Com dois anos é impossível um presidente governar decentemente. Ele está sempre tendo de sentar para negociar com alguém, ele não foca na administração do clube, não foca principalmente no futebol, que é nossa grande vitrine. É um momento de ruptura com o Palmeiras antigo para o Palmeiras moderno. Temos de entrar no século 21.

Qual o atraso que o mandato de dois anos traz, na sua opinião?
O presidente não tem de ficar mais sentado com ex-presidente que não se intitula, mas se posiciona como proprietário do clube e nunca trabalhou para um Palmeiras moderno como nós trabalhamos hoje. Nós que eu digo é a patrocinadora, o presidente (Maurício Galiotte) e conselheiros que pensam em um Palmeiras moderno. Quem quer manter os dois anos quer o continuísmo, quer o presidente sempre tendo de sentar para negociar, sempre na mão do ex-presidente que se intitula o todo poderoso do clube e não é mais. Eu torço e luto por esta ruptura do passado para a modernidade. Três anos é o tempo ideal para o presidente conseguir governar com paz um clube da grandeza do Palmeiras. Haja visto que só quatro clubes no Brasil possuem mandatos de dois anos: Palmeiras, Internacional, Chapecoense e Sport. Os outros são todos três ou quatro anos. Conceitualmente não tem como qualquer pessoa refutar que três anos é o melhor para o clube. Acredito que a gente consiga que se passe o mandato de três anos no próximo dia 21.

Neste processo questionam as viagens em que você leva conselheiros em seu avião para assistir aos jogos fora de casa do Palmeiras, chamam até de AeroLeila...
É AeroLeila e já falaram também de AeroEstatuto, né? Mas as pessoas são maldosas, porque eu tenho um avião e já viajo com conselheiros há muito tempo. Já fiz voos internacionais, contra o Barcelona (ECU) estava lá... em 2016 eu viajei com conselheiros, também. Nunca se falou nada, mas agora tem a campanha dos três anos. E coloco no avião conselheiros amigos, parceiros. Não vejo problema nenhum e passando os três anos ou não, vou seguir viajando. Tenho um avião com 14 lugares, vou viajar só eu e meu marido? Não, coloco palmeirenses e detalhe: com o hino do Palmeiras tocando no avião (risos).

Ainda restam pelo menos três anos para uma possível candidatura sua. Mas se tivesse de assinar um documento hoje, você assinaria dizendo que concorrerá à presidência?
Não dá para assinar um documento hoje do que vou fazer no fim do ano. Imagina em 2021? Mas é óbvio que eu, como qualquer conselheira apaixonada pelo clube, com energia incrível e disposição para ajudar o clube, é óbvio que se em 2021 meus negócios estiverem bem, minha vida estiver como hoje, estabilizada, e eu puder concorrer ao cargo de presidente, claro que concorrerei. Hoje não assinaria isso, mas que tenho pretensões de chegar ao cargo de presidência, eu tenho sim. Não sei se 2021, sou nova ainda, tenho muita energia. Se não for em 2021, em uma próxima oportunidade.

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