Leila, Nobre, Mustafá… Saiba como estão os bastidores do Palmeiras à espera da eleição

Cenário atual indica para disputa entre Maurício Galiotte e Genaro Marino, seu atual vice. Nobre e Mustafá podem ficar do mesmo lado do ringue contra Leila Pereira

imagem cameraCesar Greco/Palmeiras
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 18/04/2018
19:01
Atualizado em 19/04/2018
17:44
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Leila Pereira, Mustafá Contursi e Paulo Nobre não serão candidatos nas eleições de novembro deste ano, que elegerão o presidente do Palmeiras para o biênio 2019/2020, mas são personagens decisivos na política do clube, que fica mais efervescente com o passar dos meses.

Ninguém fala como candidato ainda, mas o cenário atual aponta para uma disputa entre Maurício Galiotte (apoiado por Leila) e Genaro Marino (apoiado por Nobre e, possivelmente, Mustafá).

Eleito na mesma chapa de Galiotte, no fim de 2016, Genaro ocupa neste momento o cargo de primeiro vice-presidente, mas ficou ao lado de Paulo Nobre quando os dois romperam por causa da eleição de Leila ao Conselho Deliberativo. José Carlos Tomaselli e Victor Fruges seguiram o mesmo caminho. O único dos quatro vices que se mantém alinhado com a  gestão é Antonino Jesse Ribeiro.

Apesar de ouvir apelos de seus correligionários para se candidatar, Nobre não está disposto a voltar a mergulhar de forma tão intensa na política alviverde. Hoje afastado do dia a dia do clube e de volta ao rali, ele ainda não deu sinais de como vai se comportar na corrida eleitoral, mas é certo que apoiaria Genaro.

Ironicamente, é possível que Mustafá Contursi apoie esta mesma chapa. Vê-lo do mesmo lado do ringue que Paulo Nobre era inimaginável até pouco tempo atrás, já que foi Mustafá quem ajudou Leila Pereira a comprovar no Conselho Deliberativo que seu título de sócia é datado de 1996, contrariando Nobre, que tentou impugnar a candidatura dela ao cargo de conselheira alegando que o título era de 2015.

Galiotte se mantém ao lado da empresária desde então, mas Mustafá debandou após estourar um escândalo sobre suposta venda irregular de ingressos que ele recebia de Leila. A dona da Crefisa tem feito críticas duras ao antigo aliado e, no mínimo, ameaça a longa hegemonia dele no Conselho Deliberativo. Para muitos, ela já tem mais força política.

Leila não esconde a pretensão de assumir a presidência, mas só terá um mandato completo como conselheira - requisito básico para se candidatar - em 2021. Portanto, ela não poderá concorrer nem em 2018 e nem em 2020, apenas a partir das eleições de 2022. Enquanto isso, faz campanha por Galiotte e oposição ferrenha a Mustafá e Nobre.

Imbróglio financeiro (e político)

Os novos termos do contrato entre Palmeiras e Crefisa, em vigência desde o início de 2018, têm impulsionado a disputa nos bastidores. O Conselho de Orientação e Fiscalização (COF), órgão sob o qual Mustafá exerce grande influência, nomeou uma comissão de cinco conselheiros para analisar as mudanças na relação entre clube e patrocinadora.

Este grupo elaborou um documento sugerindo a Maurício Galiotte que não volte a solicitar a ajuda da Crefisa para contratação de reforços e que renegocie os novos termos do contrato. Leila protocolou uma carta se oferecendo para ir à próxima reunião do órgão dar explicações sobre o novo formato da parceria, mas ainda não obteve retorno. A expectativa é de que ela seja chamada para a próxima reunião ordinária do COF. Galiotte, por sua vez, até agora não deu sinais de que atenderá às sugestões.

Ao alterar os contratos, o Palmeiras assumiu uma dívida de R$ 120 milhões com a sua patrocinadora. Esse valor foi aportado pela Crefisa na contratação de diversos reforços para o clube, à parte do patrocínio master, e passou a ser registado como "empréstimo" após a multa que a empresa recebeu da Receita Federal. Portanto, tem de ser devolvido. O ressarcimento será feito conforme os atletas forem negociados, com correção. No caso dos atletas que saírem por valor menor do que o investido ou que não forem vendidos até o fim de seus vínculos, haverá um prazo de dois anos para o pagamento.

O estatuto do Palmeiras não permite que o presidente tome empréstimos de valor superior a 10% da receita do clube sem submetê-los a aprovação do COF. Para empréstimos de valor superior a 30% da receita, a aprovação tem de ser do Conselho Deliberativo. Os R$ 120 milhões emprestados da Crefisa representam cerca de 22,5% do faturamento de 2017, de R$ 531 milhões. Por isso, o tema está sendo tratado no COF.

O Conselho de Orientação e Fiscalização se posicionou contra os dois aditivos do contrato com a Crefisa que criou esta dívida de R$ 120 milhões. A intenção do COF é negociar um terceiro aditivo, que não considere tão ruim financeiramente para o clube quanto os atuais.

Os conselheiros que são contra Leila Pereira - incluindo Mustafá, é claro - dizem que esta regra foi infringida. Galiotte se defende dizendo que não pegou R$ 120 milhões emprestados de uma só vez, já que cada contratação representa um aporte, todos abaixo do limite de 10% da receita total do clube.

Os aliados do presidente dizem ainda que a dívida assumida com a Crefisa é muito semelhante à que o clube tinha com Paulo Nobre. O débito com o ex-presidente chegou a ser de R$ 146 milhões e hoje está abaixo dos R$ 20 milhões - Galiotte optou por acelerar o pagamento após romper com o antecessor.

Há conselheiros dizendo que este imbróglio é mais político do que financeiro. Diante da ótima relação dos donos da Crefisa com Maurício Galiotte, eles imaginam que essa dívida possa ser facilmente contornada - com o aumento do valor total do patrocínio, por exemplo -, mas acreditam que a turma de Mustafá tem aproveitado para transmitir uma imagem ruim do patrocínio e diminuir a força política de Leila.

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