- Ele tem tomado Maracugina para ficar calminho - disse Luiz Felipe Scolari, na semana passada, ao explicar o que tem feito para conter Deyverson, citando com bom humor o remédio usado para tratar ansiedade e nervosismo. E o remédio utilizado mais diretamente com o atacante é muita conversa, tanto da comissão técnica quanto dos companheiros. Inclusive durante as partidas.
Felipão tem como estilo conversar intensamente com seus comandados, até para reforçar os conceitos de identidade e família, que trata como fundamentais para ter sucesso. Esse processo tem como estratégia diálogos individuais com os jogadores, como ocorreu seguidas vezes com Deyverson. E os companheiros também estão envolvidos no trato com o camisa 16.
Publicamente, o discurso é de pedido para que os árbitros prestem atenção nas faltas e provocações das quais o atacante é alvo, dizendo que o jogador acaba revidando naturalmente. Mas há uma preocupação para controlar os nervos de Deyverson dentro de campo, com os colegas correndo para acalmá-lo ou apartá-lo de confusões. Mesmo Felipão já lhe deu broncas durante as partidas por atitudes que podem lhe trazer problema.
- Alguns jogadores acabam tendo algum deslize durante os jogos. Ele é ciente disso. Acaba o jogo e pede desculpas. Na hora que vê, ele já fez. Temos controlado o Deyverson durante os jogos, pedido para ele manter o nível de concentração, porque é um garoto sensacional, brincalhão. Muito ingênuo. Ele não vê maldade nas coisas - definiu Moisés, que precisou controlar Deyverson na vitória por 2 a 0 de sábado, no Morumbi, contra o São Paulo.
- Mas a gente vê que os árbitros já não estão dando alguma faltas nele, pois já vem marcado de outros jogos. Precisa ter esse cuidado, para que, quando for falta, e ele realmente for agredido, os árbitros têm de ver para que ele não revide. O cara também precisa ser protegido. Senão apanha, sofre falta, sofre falta, uma hora pode acabar revidando ou fazendo uma gracinha - continuou.
Deyverson, ao menos, já conseguiu passar dois jogos sem levar cartão: ao entrar no segundo tempo da vitória pro 2 a 0 sobre o chileno Colo-Colo e sendo titular no triunfo no Choque-Rei do fim de semana, quando fez o gol que fechou o placar no Morumbi. Seu último amarelo foi contra o Cruzeiro, no último dia 30, quando chegou a fazer embaixadinhas e levou pontapés de jogadores do time mineiro.
A expectativa é que o camisa 16 amplie o período sem ser advertido, pois chegou a ficar suspenso simultaneamente no Brasileiro, na Copa do Brasil e na Libertadores. O atacante que sofria com seguidas críticas da torcida é, atualmente, o artilheiro da equipe desde a chegada de Felipão, com cinco gols em 14 jogos, e será titular no domingo, contra o Grêmio, pelo Brasileiro, já que Borja está com a seleção colombiana.
- O Deyverson é um jogador que tem a nossa confiança. Um cara que se doa bastante e é muito profissional. Nos treinos, tem procurado melhorar a cada dia que passa e tem colhido os frutos. Tanto ele como o Borja são goleadores. É óbvio que, taticamente falando, são dois jogadores que atuam de formas diferentes. Mas são dois jogadores que, quando estão em campo, estão nos ajudando. Isso é muito importante - elogiou Felipe Melo.