Por trás das linhas táticas desenhadas nos gramados e das estratégias estudadas ao detalhe, há algo invisível que move o Palmeiras sob o comando de Abel Ferreira: o controle das emoções. Após as eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores, muitos esperavam que o time desabasse. Mas o técnico português tinha outros planos.
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Abel soube canalizar o que poderia ser um colapso emocional e usou a psicologia, entretenimento e preparação física para reverter a situação e recolocar o Palmeiras na luta pelo tricampeonato brasileiro, tem 56 pontos, contra 57 do líder Botafogo.
Para enfrentar a ressaca das eliminações, a saída foi dar mais descanso aos jogadores. Com o Palmeiras jogando no máximo uma vez por semana desde as eliminações, o treinador percebeu que precisava equilibrar a carga física e mental dos jogadores. A solução? Mais folgas, mas com treinos mais intensos.
Nas semanas de jogos isolados, Abel aumentou o número de dias de descanso, oferecendo ao elenco uma pausa necessária para se recuperar emocionalmente e fisicamente.
Entre a partida contra o Athletico e a seguinte, contra o Vasco, foram dois dias de folga. Durante a pausa para a data FIFA, houve mais quatro dias de folga. O resultado se refletiu em campo: um time mais leve, mas sem perder a intensidade. São seis vitórias seguidas, fazendo a diferença para o Botafogo cair para um ponto.
Nesta semana, por exemplo, depois de vencer o Atlético-MG no último sábado, por 2 a 1, o Palmeiras só volta aos treinos nesta terça-feira (1º).
Mas o trauma das eliminações não poderiam ser ignorados. Perder para o Flamengo nas quartas da Copa do Brasil e para o Botafogo nas oitavas de final da Libertadores deixou marcas. E Abel sabia que a chave para continuar lutando estava na maneira como o time processava essas derrotas.
– Posso dizer o que fiz? Convidei-os a ver “Divertidamente 1 e 2”. Eles conseguem ver as emoções que temos em nós e quais nos interessa ativar. Podemos jogar com nossas emoções, aqui posso chamar a atenção para deixar os jogadores em paz, ou os saudá-los, como faço hoje. Todos temos um capeta e um anjinho. Qual quer dar ouvidos? Falo aos jogadores, no jogo é igual – brincou, entre metáforas e filosofia.
O intuito de Abel era mostrar que era preciso seguir em frente e não focar nas eliminações.
– Foram eliminações pesadas, mas não teve esforço? O baque só tem que ser emocional quando não nos esforçamos. É preciso saber perder e a forma como se perde. Só cobro isso dos meus jogadores. Eles são incríveis nisso. Tenho um orgulho tremendo, porque eles não desistem – declarou Abel, transparecendo seu respeito pela entrega do elenco, mesmo nos momentos mais difíceis.